Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 30 - dezembro de 2023

PONTO DE VISTA

Caminho mais direto para a sustentabilidade na construção é a industrialização

"O máximo potencial dos pré-fabricados de concreto podem ser alcançados se é a opção escolhida desde o princípio, antes mesmo da concepção do projeto, e levando-se em consideração todos os benefícios do sistema, em termos de controle e apoio técnico, que ao final têm reflexos na parte ambiental quantificadas através das DAP."

É fundamental ter a indústria envolvida, senão se torna uma construção convencional, onde quem projeta não sabe quem vai fornecer os materiais, não há correspondência. Quando se tem uma construção industrializada, o projetista precisa saber quem vai fabricar e montar os elementos, criando uma harmonia em todas as etapas. E, para alcançar essa integração, o único caminho é a industrialização. 

Em termos de sustentabilidade, é preciso sempre pensar em seu tripé – social, econômico e ambiental. Quando se trata de economia, os custos contidos em uma obra convencional acabam sendo maiores do que os definidos no projeto, devido aos imprevistos e modificações, porque o projeto não estava bem definido, porque houve ampliação do cronograma, desvio de material, ente outros. Agora, quando se fala de construção industrializada, estamos falando de custos fixos. 

No caso da parte social, ao final, os projetos precisam cumprir com as demandas de qualidade e conforto térmico e acústico para aqueles que utilizaram os empreendimentos. Por isso, o caminho mais direto para ter sustentabilidade é a industrialização, afinal, ela oferece assistência técnica, controle de recursos, custos definidos e não gera resíduos. É um conceito totalmente distinto da construção convencional. 

Qual tem sido o papel da ANDECE no desenvolvimento do setor na Espanha? 

A ANDECE trabalha para o desenvolvimento do setor na Espanha desde 1964. Neste período, podemos perceber sua evolução, fazendo um paralelo com o desenvolvimento da indústria. Estou na associação desde 2008 e, nesta última etapa, destaco dois períodos. O primeiro de retração, pois tivemos uma expansão de mais de 80 mil unidades habitacionais em meados de 2008 para 40 mil unidades habitacionais depois de cinco anos. Diminuiu pela metade a demanda e, nesse cenário, não há indústria que consiga suportar. Por isso, assim como a Abcic, oferecemos apoio para que a indústria pudesse dar um passo adiante, observando tendências, trabalhando no campo normativo, que determina as regras para o fabricante, e facilitando seu dia a dia. 

Nesse cenário, duas grandes tendências, do ponto de vista técnico, são a sustentabilidade e a digitalização. Desse modo, nosso papel é criar ferramentas que facilitem o trabalho das empresas para que sejam mais competitivas. Outro ponto é a comunicação. Hoje temos as redes sociais que são meios acessíveis de levar informação ao nosso público, por isso envolvemos nossas empresas associadas para que participem cada vez mais dessa atividade, a fim de mostrar o que tem sido feito no setor, fomentando uma indústria cada vez mais forte e reconhecida. 

Quais são as principais diretrizes da ANDECE e as ações mais destacadas na parte de digitalização?

Nessa área, há 10 anos desenvolvemos uma galeria de objetivos BIM de produtos pré-fabricados de concreto genéricos, porque era uma tendência. Criamos uma primeira galeria de 10 produtos para explicar para as empresas associadas o que era BIM e no que consistia a metodologia. Em 2020, criamos um guia de aplicação de BIM para elementos pré-fabricados de concreto, o primeiro desse tipo, pois não existe outro referencial na área de materiais para a construção, pelo menos, na Espanha. Esse guia explica o que é BIM e como as empresas podem utilizá-la, além de mostrar a importância de se realizar um processo de transformação, com a digitalização de todo o portfólio de produtos. Neste mesmo ano, ampliamos o escopo para 40 objetos, dentro de uma plataforma online BIM do setor, a fim de que os associados tenham uma referência de onde podem ter a informação e para que transformem digitalmente em BIM sua metodologia. Com isso, terão mais serviços tecnológicos a serem ofertados.

Em visita à uma indústria no Brasil, o que me surpreendeu foram as etiquetas QR CODE, que permitiam a rastreabilidade completa. Todo o DNA da peça estava no código. E isso é digitalização. A verdade é que sempre há mais para se fazer, por isso, nosso papel que as empresas conheçam e apliquem diferentes tecnologias.

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