DE OLHO NO SETOR
Seminário coordenado pela Abcic mostrou a importância do sistema construtivo para atender a neutralidade de carbono nas próximas décadas, bem como apontou caminhos para serem trilhados pelo setor para alcançar esse objetivo. Outro destaque do Congresso esteve em sua entrada: uma passarela em pré-fabricados de concreto com UHPC.
O documento destaca ainda que os projetos de estruturas de concreto precisam ser resilientes e mais leves para permitir um consumo mínimo de materiais e emissões; a aplicação de métodos de construção acelerada, industrialização na construção e pré-fabricação para maior eficiência da construção; o uso de tecnologias altamente duráveis aplicadas ao concreto, conservação e gerenciamento de vida útil de estruturas; e a importância de se ter projeto de estruturas que podem ser desmontadas e recicladas ou reutilizadas para um projeto de economia circular.
Em sua apresentação, Íria também trouxe as informações sobre o desenvolvimento de uma plataforma no âmbito da fib, que funcionará como um inventário das emissões de carbono das estruturas de concreto; e conceitos sobre sustentabilidade inseridos no Model Code 2020 da entidade. “As estratégias para a pré-fabricação contemplam o uso de concretos especiais, diferentes métodos de cura, soluções estruturais e novos equipamentos de extrusão”, disse a presidente executiva da Abcic, que também coordenou os debates com os palestrantes.
Na sequência, Rodrigo Nurnberg, secretário CT-304 - Comitê Técnico IBRACON/ABCIC de Pré-Fabricados de Concreto e diretor da TQS Informática, mostrou ao público participante o estágio atual dos trabalhos do CT-304, que conta com 45 profissionais, vindos da academia, indústria, fornecedores e engenheiros estruturais. A primeira ação foi a criação da Prática Recomendada ABNT NBR 9062:2017 – Comentários e Exemplos, com 360 páginas, lançada em 2022, que recebeu a colaboração de 20 autores, 12 revisores. Neste ano, foram realizadas seis reuniões, tendo sido propostos os seguintes temas para serem trabalhados: sustentabilidade e a cadeia do pré-moldado de concreto; análise da Avaliação Técnica de Projeto (ATP) para o setor, e a publicação de comentários sobre as normas de painéis alveolares, estacas e painéis de parede.
Congresso Brasileiro do Concreto reuniu engenheiros, profissionais, acadêmicos, pesquisadores e estudantes para estimular o conhecimento e o compartilhamento de experiências, promovendo o desenvolvimento do setor do concreto no país
No tema sustentabilidade, Nurnberg comentou que os objetivos são integrar o CT- 304 com os demais grupos de trabalho do CT-101; promover alinhamento de conceitos e a divulgação dentro da cadeia do pré-fabricado; elaborar documentos para consultas (práticas recomendadas); e apoiar a Abcic no desenvolvimento das Declarações ambientais de produto, e os desafios são: poucos estudos existentes e metodologias “simples” aplicáveis; falta de nomenclaturas padrão e dados; e comparações diretas entre diferentes tipologias de estruturas. Outro tema em pauta é a ATP (Avaliação Técnica de Projeto) prevista para a próxima revisão da ABNT NBR 9062, a ideia é fazer a avaliação com foco no sistema construtivo e sugerir itens específicos aos pré-moldados e não abordados em norma.
O engenheiro Carlos Massucato, coordenador do CT-101 - Comitê Técnico IBRACON/ABECE/ABICIC de Sustentabilidade do Concreto, trouxe dados de emissões de CO2 no mundo: 37,12 bilhões de toneladas; e no Brasil: 488,88 milhões de toneladas, e notícias que retratam a maior frequência e impactos dos eventos climáticos extremos, que mostram a necessidade de se realizarem ações em prol da sustentabilidade. Nesse sentido, o CT-101 tem buscado fazer sua parte, por meio de seis grupos de trabalho, que englobam temas como normas, projeto, materiais (formas, concreto e aço), recarbonatação, pré-fabricados (junto ao CT-304) e concepção.
Em sua apresentação “As ações do CT-101 em sustentabilidade e a interface com a pré-fabricação de concreto”, Massucato afirmou que a padronização é tendência internacional, pois contribui com a confiabilidade dos indicadores de desempenho ambiental, evitando o “greenwashing“, permite comparar fabricantes e soluções tecnológicas de forma coerente e justa e possibilita o desenvolvimento de benchmarks de desempenho ambiental de materiais e edifícios. Tratou ainda da Prática Recomendada – Avaliação do Desempenho Ambiental de Materiais Cimentícios e Estruturas de Concreto Armado, alinhado às diretrizes internacionais, com abordagem do ciclo de vida englobando desde a produção dos materiais de construção até o edifício completo; com foco nos indicadores ambientais prioritários para a construção civil: CO2, energia, materiais, água, resíduos; com indicadores quantitativos, práticos e verificáveis e exemplos práticos de aplicação e orientações.