Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 23 - setembro de 2021

PONTO DE VISTA

Construção civil precisa se movimentar na direção da digitalização e da transformação digital

Poderia fazer uma avaliação sobre a relação da industrialização com o BIM na dimensão 9D?
Num enfoque de desenvolvimento colaborativo e multidisciplinar, projetos produzidos com BIM tendem a ser melhor resolvidos. Esses projetos podem levar a considerações de racionalidade que levam a maior produtividade e permitem uma visão de aspectos de padronização e processos mais controlados, típicos da fabricação em chão de fábrica. O BIM colabora com a ideia de processos mais controlados e entregas de qualidade, melhor resolvidas no escopo, no tempo e no prazo. 
Quando sinergicamente utilizados, os princípios da construção enxuta e os processos BIM trazem maior valor agregado para o produto e para o cliente da construção civil. A construção modular é um bom exemplo para uso do BIM e do lean thinking, sendo possível a realização de projetos mais racionalizados, com o nível de detalhamento e padronização adequados, tirando partido da modularidade e da repetição. Também o uso de simulação para estudo de opções relacionadas ao planejamento e logística na produção na fábrica e na construção são oportunidades trazidas pelos processos BIM e de modularização.

Qual a relação da produtividade e das ferramentas da indústria 4.0 com a competitividade das empresas?
No contexto da Indústria 4.0 aparecem as inovações (e tecnologias) ditas disruptivas, no conceito de Christensen. A McKinsey em 2013 elencou uma dúzia destas tecnologias que levam a disrupção de modelos de negócios, como a computação na nuvem, veículos autônomos, realidade aumentada e virtual, internet das coisas, dentre outras. 
Cada vez mais presentes, essas tecnologias estão presentes no processo chamado de digitalização. Esse processo implica em revisão de processos e de modelos de negócios com novos produtos ou produtos adaptados a novos clientes. A busca por um espaço nos mercados é incessante. Assim, a digitalização leva a mais racionalidade e eficiência nos processos. Todavia, ela deve ser considerada como uma parte de um cenário mais amplo que, no momento, leva a ideia de transformação digital onde tudo muda: tecnologias, produtos, processos, negócios. Tudo muda, mas (deveria mudar) em favor das pessoas.

Qual a importância da industrialização para o setor da construção? Quais seus benefícios? E qual sua contribuição para o incremento da produtividade?
A industrialização no setor da construção civil permite o aumento da produção com um maior controle da qualidade do que algo que é realizado diretamente em um canteiro de obras. Traz benefícios como o uso de materiais selecionados, melhoria no tempo de execução e em controle de custos, redução de mão-de-obra menos qualificada, controle de execução no que tange à precisão geométrica e redução de riscos comuns nos ambientes da construção civil. Com a industrialização, os elementos dos sistemas construtivos podem vir pré-fabricados ou pré-montados e ter incremento de velocidade na execução com grande melhoria na produtividade das equipes em campo.

Em termos da pré-fabricação de concreto, qual sua apreciação sobre o desenvolvimento desse setor?
Creio que o momento atual leva ao necessário incremento de processos mais industrializados para a construção e o setor de pré-fabricação de concreto é maduro, com bom uso de tecnologias de fabricação e de projeto em BIM, e deve prosseguir com uma real ampliação de soluções para o mercado. 

Como coordenador do Grupo de Trabalho Consultivo (GTC) da Meta 8, poderia contar sobre os objetivos, perspectivas e o andamento do trabalho?
Aderente a outra meta que trata de industrialização da construção (Meta 9) e busca criar um plano de mitigação das barreiras à industrialização no setor, a Meta 8 trata de incentivo ao uso da coordenação modular. Como publicado no termo de referência do chamamento público do Ministério da Economia, são dois os produtos a entregar para a sociedade. O primeiro é um mapa relacional de normas brasileiras relacionadas com a coordenação modular, com indicação de possíveis itens que possam ser atualizados para incorporar ou atender à um enfoque dessa área. O segundo é um conjunto de textos-base para subsidiar a redação de normas atualizadas em um contexto contemporâneo que trate a coordenação modular na forma dimensional e sistêmica. Esses trabalhos estão em andamento e acredito que possamos ter resultados divulgados ao final deste ano.

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