PONTO DE VISTA

Poderia diferenciar os conceitos de construção modular e coordenação modular? A construção modular não é somente em 3D, sendo comum em 2D, principalmente, com painéis. Nesse contexto, ambas se aplicam aos conceitos de coordenação modular?  
O termo coordenação modular (que vem da arquitetura) é definido como uma abordagem de projeto com elementos construtivos dimensionados a  partir de uma medida comum ou módulo dimensional. Em qualquer projeto, a coordenação modular visa facilitar a compatibilização de medidas. Com ela, a combinação dos diversos componentes construtivos resulta automática e flexível.
Ela pode ser definida como a construção com a utilização de módulos individuais produzidos em fábrica, fora do canteiro de obras (offsite). Os módulos, fabricados no chão de fábrica e não no canteiro de obras, são transferidos para o canteiro, onde são montados de modo a formar uma edificação, seja uma casa ou um edifício modular. Esse tipo de solução industrializada, em que pese anteriormente existente, vem sendo mais impulsionada pela impressão 3D e pelo BIM.
Entendo que podemos pensar que a construção modular de fato incorpora atavicamente e estende a noção de coordenação modular dimensional e permite vislumbrar uma coordenação modular mais sistêmica, de elementos, componentes e sistemas construtivos. 

Poderia comentar a importância da participação da Abcic nesse GTC?
É sabido que a ABCIC tem atuação destacada na disseminação da industrialização da construção e a modulação é um dos princípios básicos da fabricação industrializada. Uma definição de construção industrializada como o emprego racional e mecanizado de materiais, meios de transporte e técnicas construtivas de modo a obter maior produtividade, leva ao potencial da modularização. Ora, projetos de obras pré-fabricadas devem preferencialmente ser coordenados modularmente. Isto é, as medidas de todos os componentes utilizados devem estar coordenadas, de modo a permitir uma montagem por acoplamento, sem complicações desnecessárias. O tema de coordenação modular é ligada ao escopo geral de industrialização e, de fato, inerente à atuação da ABCIC.

Ainda sobre esse tema, poderia avaliar a importância dessa iniciativa do Ministério da Economia, coordenado pela Recepeti, para disseminar a industrialização da construção no país?
A temática de industrialização da construção por si só é muitíssimo relevante. É preciso buscar mecanismos que promovam melhores  processos e normas de licitação, de regulamentação e financiamento. Qualquer iniciativa que a coloque em destaque e busque subsidiar a mitigação de suas barreiras é digna de nota.

Sobre a Antac, quais os objetivos e missão da entidade e o que já foi feito e será feito neste ano?
A Antac é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 1987 por pesquisadores de universidades brasileiras. É uma associação técnico-científica de caráter multidisciplinar que visa a transferência de conhecimentos na área de tecnologias do ambiente construído. Hoje, atua com dez grupos de trabalho em diversos aspectos dessas tecnologias e promove eventos nacionais de caráter científico e tecnológico. Ela integra profissionais de diversas especialidades da construção civil e da tecnologia de arquitetura e habitação, e tem ocupado espaços de representação importantes, como no Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH) da Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), além de atuar em comissões junto aos sistemas do PBQP-H.
No âmbito do edital de chamamento do Ministério da Economia (ME), tem a participação de diversos pesquisadores associados à ANTAC, convidada a participar desta importante iniciativa. 
Nestes momentos de pandemia, os tradicionais eventos estão todos sendo ofertados na modalidade online, virtual. Neste segundo semestre de 2021 estão programados dez eventos (um para cada GT). E, pelo que já temos percebido, a frequência aos eventos não foi reduzida, pelo contrário, temos as tradicionais palestras de convidados em sessões plenárias dos eventos, bem como as sessões técnicas de apresentação de artigos avaliados e aceitos para publicação nos anais dos eventos. Tem sido um verdadeiro desafio sua preparação e sua realização. Mas, os resultados têm demonstrado a pujança da academia brasileira comprometida com a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico que servem de insumos para a inovação em prol da sociedade.