INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Menor tempo de construção, conforto térmico e acústico, redução de desperdício, menor geração de resíduos, uso de aço fabricado com materiais reciclados e energia renovável, mais segurança na obra, maior desempenho e qualidade são os benefícios do método construtivo e-co, idealizado pela ArcelorMittal. A pré-fabricação em concreto se destacou por ter uma alta flexibilidade estrutural atendendo as demandas da arquitetura
“O crescimento da industrialização ao longo dos anos é pequeno, mas crescente e sustentável, principalmente pelo retorno do capital investido e menor custo de manutenção, ou seja, onde construir na metade do prazo assegurando o retorno rápido do capital investido e reduzindo custos totais ao longo da vida útil do empreendimento através da garantia da qualidade tornam evidente a questão da rentabilidade e onde há a análise custo-benefício e não somente a aquisição pelo menor preço é privilegiada”, afirma Íria Doniak, presidente executiva da Abcic.
Visão externa e interna da Casa E-co
A industrialização, além dos benefícios citados por Íria, poderia contribuir para agilizar a construção de moradias em programas de habitações de interesse social, reduzindo, mais rapidamente, o atual déficit no Brasil. “A industrialização permite dar escala para o projeto e principalmente o ganho de prazo. Enquanto uma construção de uma casa num modelo convencional pode levar até 1 ano desde a compra do terreno até a construção, o sistema industrializado pode reduzir esse tempo em até 50%”, destaca Alessandra Moreira, especialista técnica pelo projeto na ArcelorMittal.
A construção modular também tem ganhado espaço em obras residenciais. Ela consiste na fabricação de soluções profissionais em ambiente controlado. Os módulos individuais são produzidos em fábrica, fora do canteiro de obras (off-site), e transferidos para o canteiro, onde são montados de modo a formar uma edificação, seja uma casa ou um edifício modular. “Essa técnica construtiva vem ganhando espaço na construção civil em todo o mundo pois racionaliza a obra e acelera a entrega em até metade do tempo com economia significativa de material”, explica Caroline Arruda, especialista em novos negócios da ArcelorMittal.
De acordo com o relatório da consultoria McKinsey & Company, “Modular construction: From projects to products”, a construção modular deve crescer nos próximos anos, podendo alcançar até US$ 130 bilhões em novos empreendimentos imobiliários nos mercados europeu e americano, gerando uma economia de US$ 22 bilhões. No Brasil, a estimativa é que esse mercado movimente cerca de R$ 300 milhões.
Esse potencial de faturamento está ligado aos benefícios da construção modular que, inclusive, já foram quantificados, como acelerar os cronogramas de projetos entre 20% e 50%; e a possibilidade de reduzir em 20% os custos de construção, bem como a adoção de novos materiais mais leves e de tecnologias digitais, que aumentam a capacidade e a variabilidade do projeto, melhoram a precisão e a produtividade na fabricação e facilitam a logística.
O relatório avalia que a construção modular atende requisitos de sustentabilidade, que vêm sendo exigidos pelo mercado consumidor, por investidores e mercado financeiro, e oferece uma chance para o mercado da construção de transferir aspectos da construção dos canteiros de obras para as fábricas. Aponta ainda que existem fatores para aproveitar todos os benefícios de custo e de produtividade da construção modular, como por exemplo, a otimização criteriosa na escolha dos materiais, a combinação assertiva de painéis 2D, módulos 3D e elementos híbridos, além de superar desafios relacionados ao projeto, fabricação, tecnologia, logística e montagem.
Um case importante de painéis 2D é o Edifício Laranjeiras, situado em Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo. O empreendimento residencial multifamiliar possui 8 pavimentos mais pilotis, com a aplicação de pilares, vigas e lajes em concreto para composição do pilotis, painéis duplos Sudeste®, lajes em concreto e escadas para composição dos pavimentos tipo e cobertura, totalizando um volume de concreto de aproximadamente 1.500 m³. Os painéis foram utilizados nas fachadas, caixa de escada e elevador e divisórias dos ambientes internos e entre apartamentos, todos com função estrutural. Para a montagem dos painéis, foi utilizado um guindaste de 150 toneladas com total de 80m de lança.