ARTIGO TÉCNICO
Figura 9 – (a) Representação das compressões, (b) Tração provocada pela compressão na diagonal e (c) Escorregamento da junta
No caso da alvenaria participante, a compressão ocorre na diagonal, na falta de um parâmetro específico para essa situação, será considerado a situação mais crítica, ou seja, a compressão paralela às juntas de assentamento.
Assim sendo, utiliza-se a expressão simplificada da proposta de norma (Equação 11).
Para a verificação da resistência à compressão da diagonal, a altura efetiva para fins de verificação da esbeltez da diagonal comprimida pode ser admitida igual a
A esbeltez é calculada a partir da altura efetiva dividida pela espessura efetiva, hef/tef = 520,5/19 = 26,8 cm < 30, portanto a alvenaria pode ser não armada, desde que γm = 3,0.
largura diagonal, temos:
Para resultar nesse valor de componente diagonal, a força lateral, Fk, pode ser calculada por semelhança de triângulos:
3.4 Verificação do cisalhamento na alvenaria
a. Cisalhamento por tração diagonal
A força de compressão diagonal gera uma força de tração na diagonal oposta (Figura 9b). Entretanto, ao se desprezar a pré-compressão gerada pela força horizontal, o limitante no dimensionamento será o escorregamento da junta horizontal.
b. Escorregamento da junta horizontal
Para verificação do escorregamento da junta (Figura 9c), de acordo com a norma, fvk = 350 + 0,5σ≤ 1700 kN/m2. Mesmo existindo uma pré-compressão vertical (σ, gerada pela força horizontal, tal força será desprezada, conforme explicado no item anterior.
Logo, fVK = 350 + 0,5.0 = 350. Assim:
Considerando o menor dos limites: Fk = 83,16kN
4. CONSIDERAÇÃO DA ALVENARIA PARTICIPANTE EM UM EDIFÍCIO REAL EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO
Estudo comparando edifício real é descrito em Medeiros et al. (2018) e é aqui reproduzido. Realizou-se um estudo de caso de um prédio real, construído com sistema pré-fabricado, porém será analisado a consideração da alvenaria participante para estabilidade global do edifício utilizando os valores do parâmetro gama Z como referência para análise.
Trata-se da análise em edifício real que não foi estrutural e arquitetonicamente planejado para a consideração da alvenaria participante. Dessa forma, os modelos foram realizados de acordo com o projeto existente, porém utilizando as ligações articuladas (a solução final do projeto contempla ligações semi-rígidas). São comparados os valores de gama Z para a estrutura completamente articulada com e sem o preenchimento da alvenaria participante de blocos de concreto de 8MPa, além dos deslocamentos e esforços.
Modelou-se a estrutura em três dimensões visando dar maior representatividade para os resultados obtidos. Essas modelagens foram feitas utilizando o programa de elementos finitos SAP2000. É recomendado uma distribuição simétrica das paredes de alvenaria participante, pois elas contribuem para a rigidez lateral e sua distribuição assimétrica pode gerar torção na estrutura pela alteração da distribuição de esforços. Tentando minimizar os problemas de torção e maximizar a eficiência das paredes, considerou-se as paredes da caixa de escada e elevadores, que se encontram no centro da edificação, não possuírem aberturas e que comumente não sofrem alterações no layout.
Em destaque na Figura 10, os painéis que foram considerados como alvenaria participante. Apesar de se tratar da direção de menor influência do vento, optou-se por esses painéis devido a arquitetura do prédio.