ARTIGO TÉCNICO
A evolução da Pré-Fabricação no Brasil
Remontando a história da pré-fabricação no Brasil, segundo Vasconcelos (2002), a primeira grande obra que utilizou elementos pré-fabricados foi o Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro em 1926, nas fundações e no muro que contorna o perímetro da área reservada do hipódromo. As obras pré-moldadas começaram a aparecer com maior frequência, segundo esse autor, no final da década de 50, destacando-se a obra industrial do Curtume Franco Brasileiro, em Barueri, que utilizou concreto pré-moldado em canteiro na execução dos pavilhões da fábrica. Outro importante marco foi em 1962, em que foram utilizadas placas pré-moldadas e vigas pré-moldadas protendidas nos prédios de escritórios e almoxarifados, do Setor Norte do Campus da Universidade de Brasília, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O processo de fabricação dos elementos pré-moldados em canteiro foi filmado nessa obra, o que se constitui num importante documentário sobre o tema. Nos anos 70, com o início do chamado "Milagre Brasileiro”, o Brasil era considerado como o país do futuro, e o investimento em tecnologia promoveu a ampliação das possibilidades de aplicações do concreto pré-moldado.
Assim, efetivamente no início dos anos 1980, a pré-fabricação começa a ter maior visibilidade na execução de obras industriais e especialmente em obras de empresas multinacionais, as quais já vinham adotando esse sistema construtivo para suas obras fora do Brasil, pois já traziam no conceito dessas obras a industrialização e a alta produtividade com exigências rigorosas no controle de qualidade. Essas características também motivaram a continuidade do emprego do pré-fabricado na construção civil, em obras das grandes redes de hipermercados no Brasil, no início da década de 1990, devido também à rapidez construtiva requerida nessas obras, contribuindo sobremaneira para consolidação desse conceito. Se por um lado a execução de obras industriais e comerciais difundiu a pré-fabricação, por outro, o sistema construtivo com pré-fabricado passou naquele momento a ser associado a obras com pouca liberdade arquitetônica. Esse paradigma foi quebrado no final da década de 1990 com a introdução de novas concepções arquitetônicas e de inovações tecnológicas, em que o projeto arquitetônico pode ser voltado às demandas específicas e às particulares da estrutura pré-fabricada, aproveitando-se de maior eficiência estrutural que pode ser alcançada, ampliando ainda mais o emprego dos sistemas estruturais pré-fabricados. A busca por estruturas que sejam sustentáveis e adaptáveis (como para mudanças de utilização ou renovação arquitetônica) vem aumentando o emprego das estruturas pré-fabricadas.
Atualmente evidencia-se a grande aplicabilidade da pré-fabricação em concreto em obras industriais, comerciais, habitacionais e de infraestrutura (pontes, viadutos, passarelas, portos, aeroportos e na área de energia), além da vasta aplicação em complexos esportivos como estádios e arenas. A indústria brasileira está apta ao atendimento desde a fundação à fachada com desenvolvimento tecnológico compatível a empresas internacionais desse segmento.
Agradecimento:
Agradeço a engenheira Íria Doniak, integrante da Comissão 6 fib, que aportou a este artigo informações sobre o histórico e desenvolvimento do sistema construtivo no Brasil, país no qual está sendo publicado e no qual já tive a oportunidade através da Abcic de participar das ações de difusão do uso da pré-fabricação em concreto bem como de conhecer a indústria local.
Fig. 20 Uso do pré-fabricado em obras destinadas aos Jogos Olímpicos Rio 2016