Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 34 - abril de 2025

DE OLHO NO SETOR

Engenheiras são destaque em outras áreas da construção


Íria Doniak (Abcic) e Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP, com Maria Angelica Covelo Silva

A área técnica é bastante vasta no setor da construção. Além do trabalho com o projeto estrutural, as engenheiras também têm sido destaque em áreas como qualidade, desempenho, tecnologia de edificações, normalização, conformidade de produtos, criação de programas habitacionais, desenvolvimento de materiais técnicos, entre outros.

A Revista Industrializar em Concreto conversou com três engenheiras que são referências na área técnica e que têm contribuído sobremaneira para o desenvolvimento técnico, normativo e tecnológico da construção civil brasileiras nas últimas décadas.  

A engenheira civil paranaense Maria Angelica Covelo Silva começou sua carreira quando havia mulheres trabalhando, principalmente nas áreas de projeto, planejamento e orçamento, mas poucas estavam no canteiro de obras. Sua atuação como consultora de empresas com foco na produção de edificações, fez perceber que, a partir dos últimos quinze anos, houve um aumento significativo do número de mulheres na construção civil. 

Pela grandeza do setor da construção, Maria Angelica sempre se orientou pela disseminação do conhecimento adquirido, através das oportunidade de convívio e aprendizado com diversos profissionais, como professores, pesquisadores e aqueles que atuam em incorporadoras, construtoras, de projeto e fabricantes. “Sempre procurei fortalecer o conhecimento de Engenharia, dentro dos temas que trabalho, articular os diversos agentes desse setor em torno de ações em prol da qualidade, desempenho, sustentabilidade e tecnologia. É uma tarefa desafiadora porque são vários mundos, que funcionam individualmente e a necessidade de integração exige um esforço muito grande, não só de conhecimento técnico, mas de construção de relacionamentos e de entendimento das realidades de cada cadeia produtiva”, explica. 

Em sua avaliação, o esforço e investimento em conhecimento foram desafios marcantes por exigir muito tempo, dedicação e recursos próprios. Ela se recorda de outro desafio que é a resistência à mudança. “Quando iniciamos na década de 1990 o desenvolvimento e implantação de sistemas de gestão da qualidade, percebi que não bastavam meus conhecimentos técnicos, era preciso ter habilidade para lidar com muitos fatores. Outro exemplo foi o começo da implantação de requisitos de desempenho nas edificações”, comenta.  

Sua trajetória bem-sucedida passou por períodos de crescimento da construção, seguidos de ciclos de retração, como em 2016 e 2017. Ela elenca alguns desafios atuais no setor, como capacitação desde a Engenharia até a mão-de-obra operacional, em viabilizar a adoção de tecnologia disponível, de gerar novos conhecimentos. “Isso requer visão e investimento de várias naturezas para colher os frutos necessários. Embora hoje a disseminação de informação, de tecnologia seja mais fácil, somos um País muito grande e a construção civil é muito heterogênea e as transformações podem ser mais rápidas em algumas regiões e segmentos e mais lentas em outros”, pondera.

Maria Angélica reforça que a pré-fabricação em concreto no Brasil tem uma história longa, mas que ela teve maior consciência da importância do sistema construtivo, nos anos 1990, quando começou a trabalhar na implantação de sistemas de gestão da qualidade em obras que tinham prazos contratuais muito curtos e era natural a adoção do sistema. “Era uma época que se estendeu aos anos 2000, na qual grandes obras do setor de varejo demandavam grandes áreas construídas em prazos reduzidos. E aqueles empreendimentos simplesmente não seriam viáveis sem a tecnologia que empregaram com um tripé de colaboração entre projetistas, fabricantes que ampliaram sua capacidade produtiva e construtoras que aprenderam a trabalhar com o sistema pré-fabricado”, recorda.

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