DE OLHO NO SETOR
A programação do evento da CBIC contemplou ainda outros painéis que trataram da industrialização, reforçando que esse é um dos caminhos que levará a construção civil para novos patamares de produtividade, eficiência, durabilidade, desempenho e sustentabilidade, atendendo as demandas da sociedade
Painel do ENIC sobre pré-fabricação em concreto foi moderado por Marcos Mauro Moreira Filho (CBIC) e teve a participação de Íria Donia (Abcic), Roberto Clara (Lucio) e Caio Cesar Guilherme (Senai-SP)
O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), de 8 a 11 de abril no São Paulo Expo, contou com a participação de 14 mil pessoas, que puderam acompanhar a programação composta por mais de 120 painéis e 200 horas de conteúdo. O evento, realizado durante a Feicon, reuniu autoridades do poder Executivo, Judiciário e Legislativo federais, lideranças empresariais e especialistas nacionais e internacionais.
Na abertura do evento, Renato Correia, presidente da CBIC, destacou os avanços registrados nos últimos anos, com a expansão da oferta de moradia e infraestrutura; e a expectativa positiva do setor com a nova faixa do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). “A criação da faixa 4 completa o círculo virtuoso desse programa, melhorando as condições de aquisição da casa própria também para a classe média”, disse.
Um dos destaques foi a realização do painel “As possibilidades e viabilidade da adoção das estruturas pré-fabricadas de concreto sob a perspectiva das construtoras”, que mostrou como a industrialização em concreto pode contribuir para ampliar a produtividade, sustentabilidade, qualidade e desempenho da construção civil brasileira e, ao mesmo tempo, vencer um desafio atual importante: escassez de mão de obra qualificada.
O painel foi mediado por Marcos Mauro Moreira Filho, vice-presidente da CBIC para a região Sul, que ressaltou que a construção industrializada é uma necessidade e uma premissa para superar os desafios atuais da construção civil. “Estamos em uma fase de transição no modelo de construção. É hora de estudar os processos desses novos sistemas construtivos”, afirmou.
Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, iniciou sua apresentação contextualizando a pré-fabricação de concreto no país e como é possível combiná-la com outros sistemas construtivos. “Quando se trata de industrialização, estamos falando de um ciclo aberto, com inúmeras combinações possíveis”, explicou. Atualmente, os processos construtivos industrializados respondem por 10% do total do que é construído no setor imobiliário no país, o que, de acordo com Íria, demonstra o potencial de crescimento da industrialização.
Ela destacou um estudo do Fórum Econômico Mundial, que mostra que a pré-fabricação e construção modular são tecnologias disruptivas para melhorar a produtividade, e a Sondagem da Construção em Sistemas Industrializados, elaborada pela FGV Ibre e encomendada pelo Modern Construction Show, que aponta que os sistemas industrializados mais empregados em obras são os kits elétricos (82,1%), as estruturas pré-fabricadas de concreto (70,5%), drywall (64,4%), estruturas em aço (60,2%) e kits hidráulicos (53,5%). Ainda mencionou o relatório “The Next Normal in Construction”, publicado durante a pandemia pela consultoria McKinsey, que revelou que a produtividade do setor da construção cresceu apenas 1/3 da média da economia e o uso da digitalização e de ferramentas da indústria 4.0 é menor em relação aos outros setores.
Sobre as atividades realizadas pela Abcic, mencionou o Selo de Excelência Abcic, a Revista Industrializar em Concreto, o arcabouço normativo e o Manual de Montagem, obra de referência sobre essa etapa. “Desenvolvemos essa ferramenta, que agora possui uma versão online, preocupados com o futuro, pois precisamos assegurar uma montagem adequada, que evite o surgimento de patologias, em casos de montagem feita por um terceiro, que não seja a indústria”, contou.