DE OLHO NO SETOR
A programação do evento da CBIC contemplou ainda outros painéis que trataram da industrialização, reforçando que esse é um dos caminhos que levará a construção civil para novos patamares de produtividade, eficiência, durabilidade, desempenho e sustentabilidade, atendendo as demandas da sociedade
Em relação à sustentabilidade, Íria afirmou que o sistema construtivo possui menor impacto ambiental e atende requisitos dos projetos estruturais e arquitetônicos aliado ao desempenho. “Mas, quando falamos de sustentabilidade, precisamos ficar atentos também aos outros dois pilares; viabilidade econômica e responsabilidade social”, ponderou. Ela ainda acrescentou que é preciso pensar nos seguintes aspectos quando se trata de industrialização: repetibilidade, divisibilidade, padronização, continuidade, mecanização, planejamento, permutabilidade, controle e transportabilidade. “Industrializar exige uma mudança de mentalidade também”, pontuou.
Outro ponto tratado por Íria foi o foco da Abcic, que no ano passado, trabalhou fortemente a aplicação do sistema construtivo em edifícios altos, realizando um evento internacional e o lançamento de duas publicações, e este ano, a entidade está atuando mais intensamente na área de sustentabilidade ambiental.
Ela ainda apresentou o case da Praça Lindenberg, vencedor do Destaque do Júri do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto 2024, cujos edifícios contam com arquitetura marcante, concebidos para celebrar os 70 anos da Lindenberg. As fachadas foram desenvolvidas utilizando um revestimento de painéis pré-moldados, criados especialmente para o projeto, que simula a aparência dos tradicionais tijolinhos a partir de um molde texturizado de poliuretano preenchido com 100% de concreto armado.
Na sequência, o engenheiro Roberto Clara, diretor da Lúcio, compartilhou a experiência de sua empresa, que está mudando a forma de pensar para produzir prédios. Com isso, tem investido em projetos inovadores e em soluções inteligentes para atender às demandas de um mercado cada vez mais exigente. “Iniciamos com um sistema construtivo industrializado parcial, evoluindo de maneira estratégica até chegarmos a 100% industrializado”, contou.
A Lúcio iniciou com varandas pré-fabricadas, passando aos edifícios-garagem, por fachadas e escadas. Para se ter uma evolução, Clara ressaltou que sempre havia a comparação de custos totais, não apenas da estrutura em si, e dos benefícios entre os diferentes sistemas construtivos. Em termos de estrutura do edifício-garagem, o pré-fabricado de concreto era 14% mais caro, mas com o prazo mais de 30% menor, ou seja, foi viabilizado em 4 meses.
“Fomos desafiados pelo Conselho para fazer algo ainda mais inovador, então, executamos o Dynamic Faria Lima, cuja estrutura da torre foi concebida em concreto pré-fabricado”, disse Clara, que acrescentou que existem outros prédios da Lucio seguindo o modelo do Dynamic. “E, a cada edifício, estamos subindo mais a altura”.
O diretor da Lucio citou ainda os benefícios da industrialização, como menor prazo, produção independente da condição climática, uso de mão de obra especializada, melhor controle de qualidade, precisão geométrica, menor resíduo, além de ter uma relação importante com os princípios ESG: circularidade, desmaterialização e redução de pegada de carbono.
Para Clara, a industrialização permite que uma empresa, quando é enxuta, se dedique aos seus projetos. “Na Lucio, todos gostam de fazer obras industrializadas, não querem fazer de outra forma, sejam engenheiros, os mestres de obra. Isso é uma coisa legal, pois não pensam da forma convencional mas, sim, de forma industrializada, E isso é o ponto de transformação”, finalizou.
Já Caio Cesar Guilherme, consultor em tecnologia do SENAI/SP, enfatizou a necessidade de formar profissionais qualificados para lidar com as novas demandas do setor da construção e apresentou iniciativas do SENAI/SP voltadas à capacitação profissional e ao desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. “Estamos trabalhando em projetos que visam integrar inovação tecnológica com as práticas sustentáveis, preparando profissionais para os desafios do mercado atual. Sem educação, não há progresso. Precisamos investir em capacitação”, salientou.