Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 9 - dezembro de 2016

ARTIGO TÉCNICO

Estudo de caso envolvendo a aplicação de luvas para emenda mecânica de elementos pré-fabricados de concreto: Parque da Cidade – São Paulo


Ao longo deste artigo serão explorados as boas práticas de engenharia e os procedimentos empregados na execução do edifício destinado ao shopping center do Parque da Cidade, abordando em detalhes a aplicação de luvas de aço para a conexão mecânica dos elementos pré-fabricados em concreto. A Tabela 1 mostra a ficha técnica dos envolvidos nesta importante obra, a qual constam os protagonistas que trabalharam desde a concepção até a efetiva execução do projeto. Este artigo foi apresentado no 58° Congresso Brasileiro do Concreto (IBRACON) em Outubro de 2016 e encontra-se publicado na íntegra nos anais do congresso.


 

2 Conceituação sobre ligações de elementos pré-fabricados 
Do ponto de vista do comportamento estrutural, a presença de ligações é o que diferencia basicamente uma estrutura de concreto pré-moldado de uma estrutural convencional moldada no local. Dessa forma, quando se deseja conhecer o comportamento de uma estrutura pré-fabricada, inicialmente, é importante o conhecimento do comportamento de suas ligações, que são responsáveis, pela redistribuição dos esforços ao longo de sua estrutura. 
Além disso, a demanda por uma construção mais limpa e racional, com menos desperdício e melhor aproveitamento de recursos, requer preferencialmente a utilização de componentes e processos padronizados e é justamente nesse contexto que a pré-fabricação cumpre seu papel essencial. Segundo JEREMIAS JÚNIOR (2007), particularmente nas estruturas reticuladas em concreto pré-moldado, a estabilidade global é grandemente influenciada pela resistência e rigidez à flexão das ligações viga-pilar e, partindo-se do princípio que a maior parte deste tipo de ligação possua um engastamento parcial, as idealizações de projeto para articulação ou engastamento perfeito podem ser inadequadas para a determinação dos efeitos de segunda ordem na estrutura.
De acordo com FERREIRA (1999), as ligações de elementos pré-fabricados apresentam comportamento semi-rígido, termo utilizado inicialmente na década de 30 e que corresponde a um comportamento intermediário entre os nós rígidos e as articulações, podendo-se aproximar de uma destas situações. A consideração das deformabilidades das ligações nas extremidades dos elementos de viga na estrutura faz com que haja uma modificação na rigidez deste elemento, promovendo uma redistribuição dos esforços e deslocamento ao longo da estrutura. 
Existem diversos sistemas de classificação que estabelecem limites de separação entre essas classes de rigidez para ligações semirrígidas. BJORHOVDE et al. (1990) propôs um sistema baseado em diagrama M-Ø bi lineares, para os momentos e as rotações normalizados, conforme apresentado na Figura 2.


Figura 2 - Sistema de classificação para ligações semi-rígidas, segundo BJOHOVDE et al. (1990).


Em FERREIRA et al. (2002) é apresentado um sistema de classificação para ligações no qual elas são subdivididas em cinco zonas distintas, conforme indicado na Tabela 2. Esse sistema se baseia no fator de restrição à rotação (ar) que leva em conta as deformabilidades das ligações e é um número adimensional que relaciona a rigidez da ligação à rigidez da viga que nela concorre. Para as ligações consideradas semi-rígidas este fator de restrição varia de 0,15 a 0,85. Já o coeficiente de engastamento parcial (ME/MR) representa a razão entre o momento fletor na extremidade da viga (ME) e o momento fletor de engastamento perfeito (MR).

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