Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 34 - abril de 2025

ARTIGO TÉCNICO

Impactos do desenvolvimento tecnológico no projeto e aplicações do concreto estrutural

Durante uma reunião realizada em Cambridge em 1952, foi formada a Fédération Internationale de la Précontraint (FIP) e, no ano seguinte, foi estabelecido o Comité Européen du Béton (CEB) com o objetivo de cooperação técnica internacional. O primeiro CEB-FIP Model Code foi publicado em 1964 em 15 idiomas, introduzindo o método dos estados limites utilizando a teoria da plasticidade. O Brasil participa do CEB desde seu início.

Em 1978, foi publicado o primeiro volume do "Sistema Internacional de Códigos Padrão Unificados para Estruturas". O CEB-FIP Model Code serviu como documento de referência para o desenvolvimento deste sistema e de várias normas em todo o mundo. Também em 1978, o Brasil lançou uma revisão da NB1-78, agora renomeada como NBR6118, adotando toda a formulação do CEB-MC-78, mas ajustando os coeficientes parciais de segurança com base em nossos quase 40 anos de experiência na aplicação de modelos de estado limite último. Isso estabeleceu uma filosofia de normatização no país alinhada com o Código Modelo, inicialmente do CEB-FIP e agora da fib, sempre visando critérios mais avançados, menos conservadores e mais econômicos, especialmente considerando o vasto território brasileiro, as numerosas construções e os recursos limitados. Com a melhor compreensão do desempenho do concreto e os avanços nas técnicas de análise e projeto, um novo Código Modelo foi publicado em 1990 com a intenção de servir como um guia operacional para o projeto de estruturas genéricas de concreto armado.

Em 1998, o CEB e a FIP se fundiram para formar a fib (Federação Internacional do Concreto Estrutural), que em 2010 publicou o MC 2010, dando continuidade à tradição de seus antecessores que havia começado com a publicação do Código Modelo em 1964. Este Código visava servir como base para futuras normas de concreto, levando em consideração os desenvolvimentos em análise e projeto desde sua última revisão. Com esta publicação, concretos de maior resistência foram considerados, e ele se tornou um modelo para projeto que também considera todo o ciclo de vida do elemento, desde o projeto até a construção, manutenção e demolição. O Estado Limite Último de Durabilidade foi introduzido, que avalia a segurança no final da vida útil da estrutura, considerando sua deterioração e o provável aumento de cargas. O Código Modelo não apenas se concentra na introdução de novas tecnologias e materiais, mas também aborda os requisitos relacionados à neutralidade de carbono e os desafios de reduzir as emissões na construção civil o mais rápido possível, alinhando-se com as metas para 2030 e 2050. A evolução tecnológica e as novas necessidades interagem cada vez mais no processo, e pode-se assumir que existe uma interdisciplinaridade entre elas.

A frequência das revisões tem se mantido em cerca de 10 anos desde a publicação do primeiro Código Modelo. No entanto, atualmente, a produção de conhecimento e a velocidade de disseminação de informações devido à digitalização e ao desenvolvimento de ferramentas computacionais estão superando o processo de normatização. Acreditamos que a fib deveria considerar a possibilidade de acelerar esse processo realizando revisões mais localizadas e buscando apoiar os países em desenvolvimento propondo critérios mais econômicos (adaptando a segurança às necessidades regionais), mantendo sempre os padrões mínimos de segurança exigidos. Dessa forma, não apenas com os olhos no futuro, mas também no presente, é necessário que a periodicidade de revisão de documentos normativos ou considerados pré-normativos esteja atualizada com a evolução.

A normalização tem um impacto significativo no projeto e na execução de obras, servindo como ferramenta indispensável para o desenvolvimento sustentável de um setor ou segmento industrial ao alinhar parâmetros que evitam discrepâncias entre o que está sendo oferecido no mercado e estabelecem requisitos importantes, sejam intrínsecos ou não, para proteger os consumidores de não conformidades. No caso da indústria da construção, essas não conformidades podem variar desde manifestações patológicas que exigem manutenção corretiva até situações mais graves, como acidentes severos ou fatais.

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!