INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
A construção de escolas em todo o país com o sistema construtivo evidencia seu papel para alavancar projetos de interesse social. Na construção habitacional, o sucesso é idêntico, com várias obras em andamento
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A análise de que, tecnicamente, os pré-fabricados de concreto se adaptam muito bem à construção de escolas é reforçada pelo diretor da Ibré/Alveolare Brasil, André Pagliaro. “Temos participado de diversos projetos há muitos anos, tanto para o Governo de São Paulo, quanto para a Prefeitura paulistana e o resultado é muito bom. Os contratantes gostam do resultado final, pois com o uso de pré-fabricado ele tem garantia de uma obra entregue num tempo mais curto e com garantia de qualidade final”, diz Pagliaro.
A rapidez, segundo Pagliaro, decorre da agilidade de se ter as obras de terraplenagem e fundações acontecendo simultaneamente ao processo de fabricação das estruturas pré-fabricadas de concreto nas indústrias. Foi essa característica da agilidade proporcionada pelo uso do pré-moldado que levou inclusive a FDE a lançar um desafio a vários escritórios de arquitetura, no sentido de que eles apresentassem projetos de escolas, cujo principal sistema construtivo fosse baseado no pré-moldado de concreto.
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Entre os conceitos apresentados, destacou-se o do escritório FGMF – Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos -, que foi colocado em prática na construção de uma escola em Várzea Paulista, município localizado próximo a Jundiaí. “Nossa experiência com o uso de pré-moldado para edificação escolar foi muito boa”, diz Fernando Forte, sócio titular do escritório de arquitetura. “Acreditamos aqui na FGMF, que o uso do pré-moldado de concreto possa ser um grande facilitador na agilidade de obra, na organização de canteiros e na precisão da construção. Isso se verificou na construção da unidade da FDE de Várzea Paulista”, comenta Forte.
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Além da maior velocidade de construção das obras, o arquiteto relaciona outras características benéficas do uso de pré-moldado. “Destaco ainda a baixa manutenção dos elementos pré-fabricados, a resistência da estrutura, a racionalidade conseguida no canteiro de obras, a facilidade de se criar diversas frentes de trabalho no canteiro, o maior controle da qualidade, o não uso de formas de madeira em obra e a redução de resíduos, o que confere maior sustentabilidade à obra”, resume o Chama.
No caso da obra da escola construída em Várzea Paulista, o arquiteto chama a atenção para o uso de um enorme painel de elementos pré-fabricados na fachada, um dos elementos mais importantes da construção. “Para sustenta-lo, desenhamos vigas pré-moldadas em “L” de forma que o suporte ficasse esbelto na fachada principal”, explica. “A possibilidade do uso de algumas peças especiais, como esse “L”, desmistifica um conceito muito comum entre os arquitetos, de que ao se usar pré-moldado na construção só se obtém peças parrudas e robustas e não elementos mais esbeltos. Mostramos que é possível o uso de peças especiais dentro de um só projeto”, completa o arquiteto.
Toda essa movimentação em torno do maior uso do pré-fabricado de concreto na construção de escolas representa, na verdade, a retomada dos projetos do ex-governador carioca Leonel Brizola que criou, em meados da década de 80, os Cieps – Centros Integrados de Educação Pública, popularmente conhecidos como “Brizolões” e que também foram erguidos com estruturas pré-fabricadas de concreto.
No caso agora do projeto Escolas do Amanhã foram incluídos alguns aprimoramentos em relação aos Cieps. Agora, por exemplo, foi tomado um cuidado especial em relação à vedação termo-acústica para contornar o problema detectado nos Brizolões, de calor e também de vazamento de som de uma sala para outra. Além desses cuidados, a área externa dos edifícios terá um brise para proteção das salas de aula quanto a incidência de sol. Segundo os técnicos da RioUrbe, foi criado um prisma de ventilação entre a parede e o brise. “Com isso buscamos a sustentabilidade com economia grande de energia dos condicionadores de ar que não terão de trabalhar 100% o tempo todo para manter o ambiente refrigerado”, explica Luiz Paulo Hedi, diretor de obras escolares da RioUrbe.