DE OLHO NO SETOR

ENECE 2021 

O 24º ENECE - Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, promovido entre os dias 19 e 21 de outubro, pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), reuniu centenas de participantes por dia. Em formato online, o tema proposto foi “Os desafios atuais na engenharia estrutural” e a programação contou com palestras de especialistas nacionais e internacionais da área sobre assuntos pertinentes ao setor. 

Um dos destaques da agenda foi a palestra ministrada pelo engenheiro e professor Mounir Khalil El Debs, sobre “Pontes de Concreto com Ênfase na Aplicação de Estruturas Pré-Moldados”. O nome da apresentação é também o título de seu novo livro, recentemente lançado e que contou com muitos comentários dos profissionais participantes do evento. “Fiquei muito contente e honrado em perceber que já existe uma grande procura pelo livro, pelos profissionais. Espero que ele atenda as expectativas e seja um indutor para aplicações do concreto pré-moldado, principalmente na forma de pré-fabricados, pois é como se pode apropriar de uma série de benefícios da técnica da técnica do concreto pré-moldado”, disse. 

Para Mounir, a aplicação do concreto pré-moldado em pontes de pequenos e médios vãos tem grande potencial por ainda não estar devidamente explorado no Brasil, uma vez que pode ser usado não apenas na superestrutura, mas também em outras partes.

Mounir Khalil El Debs: "As obras em pré-fabricados de concreto requerem um projeto com mais detalhes, como as ligações, a análise do comportamento da estrutura, os ajustes na introdução de coeficientes de segurança, o planejamento da sequência de montagem e das situações transitórias"

“A aplicação do concreto pré-moldado na superestrutura de pontes com pequenos e médios vão é bastante comum mediante o emprego de vigas pré-moldadas no canteiro, de seção I. Embora a aplicação de concreto pré-fabricado não seja incomum, ela está em um patamar bem inferior. No caso de pequenos vãos, merece registro o emprego das aduelas pré-fabricadas (galerias de seção celular retangular), para vão até 3,5 m, na forma isolada, até 7,0 m de vão, na forma de aduela bipartida, ou até vão total de 10 m, na forma de linhas triplas. A aplicação na infraestrutura é praticamente inexistente, bem como em galerias de grandes vão - acima de 10 m, atingido atualmente 20, mas com potencial de chegar aos 30 m) que tenho chamado de “pontes enterradas”. Portanto, existe um enorme potencial de aplicação de pré-fabricados no Brasil”, disse Mounir em entrevista à Industrializar em Concreto. 

Ele trouxe conceitos preliminares sobre racionalização, pré-fabricação e industrialização. A seu ver, quando se vai para a fábrica, ganha-se mais produtividade e controle, aproveitando melhor os insumos e materiais e ampliando os benefícios da construção. Ele comentou ainda a respeito dos novos materiais, em especial do UHPC (Ultra High Performance Concreto), que já está sendo empregado em escala industrial em outros países, como na Malásia.

Sobre os benefícios do pré-fabricado de concreto, ele citou o menor tempo de construção, maior durabilidade, atender aspectos de sustentabilidade, maior controle e redução de custos diretos, indiretos, de manutenção e até de desativação. “As seções, por exemplo, gastam menos material e a perturbação do entorno é menor”, disse o professor que relacionou também o uso de concreto de melhor qualidade pelas fábricas e maior controle de produção. 

Mounir lembrou ainda que as obras em pré-fabricados de concreto requerem um projeto com mais detalhes, como as ligações, a análise do comportamento da estrutura, os ajustes na introdução de coeficientes de segurança, o planejamento da sequência de montagem e das situações transitórias. Em sua avaliação, as ligações são parte fundamental quando se pensa em infraestrutura. E, elas podem ser feitas utilizando tecnologias diferentes.