PONTO DE VISTA
O engenheiro Sri Sritharan é especialista na área de concreto, tendo coordenado diversos projetos com elementos pré-fabricados de concreto em Ultra High Perfomance Concreto (UHPC) nos Estados Unidos. Nascido no Sri Lanka, ao se formar em engenharia se mudou para a Nova Zelândia, com o objetivo de realizar seu mestrado focado na área do concreto e, também, nas questões ligadas aos sismos.
Nos Estados Unidos, fez doutorado em Engenharia de Estruturas pela University of California at San Diego, com o renomado engenheiro neozelandês Nigel Priestley, reconhecido por sua contribuição na área de estruturas, tendo desenvolvido o primeiro método de projeto sísmico baseado em deslocamento. Foi nessa época em que começou seus trabalhos com a pré-fabricação de concreto.
Atualmente, Sritharan é professor titular da Iowa State University, onde possui a Wilkinson Chair para Interdisciplinaridade em Engenharia, e presidente do International Interactive Symposium on UHPC in North America, evento criado para divulgar e discutir materiais, projetos e aplicações. Com vasta experiência em projeto e análise de estruturas, sistemas pré-moldados e protendidos, interação solo-estrutura, engenharia eólica e UHPC, tem contribuído para disseminar a aplicabilidade do material em diversas tipologias.
Em entrevista para a Industrializar em Concreto, Sritharan afirmou que “a industrialização da construção é louvável tanto pelo incremento da produtividade como por contribuir para uma construção mais limpa, com menos resíduos e mais sustentabilidade. É um caminho sem volta”.
A entrevista foi concedida durante sua estadia no Brasil, a fim de participar do 6º Simpósio ABECE Universidades, realizado pela ABECE e pelas universidades POLI-USP, PUC-Campinas, UNICAMP e UFSCar, com a Abcic como correalizadora (pág. 36), e do Seminário Internacional promovido pela Abcic durante o Concrete Show (pág 20).
A seguir, estão os principais pontos abordados por ele:
Como teve contato com a pré-fabricação de concreto?
Comecei o doutorado na Universidade da Califórnia com foco nos problemas ligados aos abalos sísmicos em estruturas de concreto, incluindo a pré-fabricação. Nesse período, na década de 1990, a indústria de pré-fabricados de concreto, por meio do Instituto Americano de Concreto Pré-Fabricado e Protendido (PCI) estava trabalhando em um programa denominado Precast Seismic Structural Systems (PRESSS), para desenvolver soluções pré-fabricadas de concreto aplicáveis em áreas com sismos. Já tinha atuado com sistema construtivo, mas realizar os testes em um edifício construído em pré-fabricado de concreto em área sísmica foi o meu primeiro grande trabalho. Realizamos uma parceria com a indústria e com a academia para provar que a pré-fabricação de concreto poderia fornecer soluções para regiões com sismos. Foi um momento decisivo para os projetos elaborados com o sistema construtivo porque a partir disso mudou-se a visão de como as estruturas poderiam ser aplicadas nessas áreas, não apenas do ponto de vista do projeto estrutural, mas também da indústria, alcançando uma melhor performance diante do aço e do moldado “in-loco”. Tenho o conhecimento de que o Brasil não é um país com abalos sísmicos, mas é sempre importante conhecer novas ideias que têm sido apresentadas pelo mundo nessa tema, pois podem abrir novos conceitos, como o sistema de pós-tensão não aderente, que pode ser aplicada em ligações de elementos pré-fabricados, por exemplo. Obviamente que a deformação de um edifício em uma área de sismos é maior, mas é possível simplificar o conceito para que seja mais atrativo para o uso em projetos com pré-fabricados de concreto.
Como avalia o desenvolvimento do pré-fabricado de concreto em regiões com sismos?