Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 21 - dezembro de 2020

DE OLHO NO SETOR

Industrialização em concreto esteve em evidência em importantes eventos do setor da construção no quarto trimestre

O Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural (ENECE), o Concrete Show Xperience e o Seminário Tecnologia de Estruturas apresentaram cases e avaliações sobre a importância da aplicação do sistema construtivo para alcançar benefícios de produtividade, sustentabilidade, racionalização, qualidade e atendimento de prazos e cronograma

Francisco  Graziano, da Pasqua & Graziano: “O pré-fabricado de concreto era o mais adequado para atender a necessidade de prazo, terminalidade e volume de obra”.

O empresário e projetista de estruturas deu início a sua palestra comentando sobre o crescimento desse sistema construtivo ao longo dos anos, mas ressaltou que ainda há muito espaço a conquistar. “Nosso maior adversário, entretanto, é a construção convencional, que, atualmente, é responsável por cerca de 95% das obras que ocorrem no Brasil", disse. Por outro lado, ele lembrou que quanto mais tecnologia, mais há a busca em torno de novas técnicas, novas formas de executar, que tragam prazos menores, custos menores, passivos pós-entrega e mão de obra.
Pedreira de Freitas trouxe questionamentos relevantes que mostram a consciência de projetistas e executores em encontrar a melhor forma de projetar e construir, como por exemplo: Será que não descartei uma técnica construtiva? O que tem feito minha concorrência? Desde quando utilizo o mesmo formato? “Esses questionamentos que levam a novos sistemas construtivos, mas não basta querer, é preciso analisar e estudar, porque não existe sistema ideal para todos os projetos”, ponderou. 
Para selecionar qualquer tipo de sistema construtivo, existem uma série de fatores a serem verificados: a viabilidade da sua implantação, condições de construção, mão de obra disponível, legislação e/ou restrições locais, prazos e características do empreendimento, objetivos da construção, flexibilidade do projeto arquitetônico e a equipe de projeto. 
As vantagens obtidas ao se optar por essa solução são diversas, de acordo com Pedreira. "Ao se ter menos entulho, a montagem utiliza uma estrutura mais precisa; a alvenaria encaixa-se perfeitamente, além de ser possível reduzir a demanda por revestimentos e equipe. Por outro lado, este é um sistema que utiliza um concreto de alto desempenho, equipamentos de içamento de alta capacidade e uma mão de obra mais especializada". 
Em sua palestra, o engenheiro projetista de estrutura apresentou alguns cases de edifícios residenciais e corporativos que utilizaram a industrialização, como por exemplo, um prédio de oito andares com a aplicação de sistema pré-viga e pré-laje, bastante utilizado nos anos 90. 
Outra opção apresentada por ele foi um sistema que utiliza a estrutura totalmente pré-fabricada, com pilares, vigas e lajes, solidarizados com ligações e possível complementos nas vigas e capas na laje. “Neste modelo, os benefícios são uma estrutura com menos mão de obra no canteiro (facilitando a logística de montagem), redução da perda de concreto em obra, maior velocidade na construção e mais segurança aos profissionais. Em contrapartida, é um sistema que exige indústrias de pré-fabricados em um raio de até 300 km do empreendimento, alvenaria com vedações industrializadas, além de equipamentos de alta precisão e de mão de obra especializada". 
Pedreira de Freitas comentou ainda sobre o sistema de painel portante. "Neste caso, as principais vantagens são mais rapidez na execução e no prazo de entrega da obra, uma maior redução de custos, um aumento da produtividade e de uma maior otimização de mão de obra", completou. 
Os dois últimos exemplos trazidos por ele foram os sistemas mistos, com muitas possibilidades de usos e o sistema de pré-fabricado para embasamento, visto comumente em edifícios-garagem. Todos os cases apresentados atendem os quesitos de normalização do país. “A decisão de um sistema racionalizado deve acontecer na definição do produto”, ressaltou. Para que essa escolha não seja precipita, ele recomenda a observação de alguns quesitos, como o comprometimento da direção no uso da tecnologia, domínio do conhecimento tecnológico, visão sistêmica do processo, regionalização do sistema, mudança organizacional do sistema produtivo e definição de metas e cronologia do atendimento
“Buscar novas tecnologias deve ser norte para os engenheiros. É um exercício constante porque a evolução da construção é cada vez mais rápida. Assim, ela deve fazer parte da discussão das construtoras, primeiro de forma qualitativa e depois quantitativa. Afinal não é porque sempre foi feito da mesma forma que só existe uma forma de se fazer”, finalizou Pedreira de Freitas.
Íria iniciou os debates com a menção de que as tecnologias mencionadas na palestra visam melhorar a qualidade e produtividade da construção. “Temos insistido muito nesta questão, pois vemos que este é um sistema construtivo largamente utilizado em outros países, como a Dinamarca, Finlândia, Bélgica em que o índice das construções pré-fabricadas de concreto chega a 90% do total. A pré-fabricação é o que vai atender com a velocidade necessária as demandas de moradias, por exemplo, com mais tecnologia e arquitetura. Na Ásia, há governos que incentivam a industrialização, diferentemente do Brasil, que ainda conta com poucas iniciativas governamentais para seu estímulo e desenvolvimento. 
Uma das perguntas feitas pelos participantes do evento online foi sobre o uso do sistema carrossel pela indústria de pré-fabricado de concreto. Para Pedreira de Freitas, o sistema traz uma evolução importante porque automatiza toda a fábrica, o que significa a produção automatiza de painéis portantes. “Infelizmente, a crise sanitária atrapalhou um pouco essa implantação crescente. Mas, certamente, o sistema vai ser bastante utilizado no país”. 
O Concrete Show Xperience contou com uma programação exclusiva de mais de 23 horas de conteúdos técnicos, totalizando 24 painéis com a participação de mais de 40 profissionais do setor e dois keynotes speakers internacionais.
21º Seminário Tecnologia de Estruturas
Outro evento que destacou a pré-fabricação de concreto foi 21º Seminário Tecnologia de Estruturas, realizado pelo Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (CTQ-Sinduscon/SP), entre os dias 9 e 13 de novembro. (https://www.youtube.com/watch?v=m5kCRsCXkJg)
Odair Senra, presidente do SindusCon-SP, falou na abertura sobre a necessidade do foco na tecnologia para a elevação da produtividade e o incremento da qualidade e pontuou a questão dos aumentos de preços dos materiais de construção. 
As duas apresentações que mostraram os benefícios e a importância da industrialização de concreto foram proferidas pelo engenheiro Roberto Clara, diretor Técnico da Lucio Engenharia, e Francisco Pedro Oggi, diretor da Empório do Pré-Moldado. 

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!