Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 32 - agosto de 2024

PONTO DE VISTA

Industrialização é obrigatória, necessária e vital


Luiz Augusto Milano, Matec Engenharia

O engenheiro Luiz Augusto Milano fundou há 33 anos a Matec Engenharia, uma das construtoras com a maior capacidade em executar projetos complexos de forma inovadora, sustentável e eficiente. Com mais de 450 obras, que resultaram em mais de 7 milhões de m2 de área construída, em diversos setores, a empresa atendeu mais de 250 clientes. 

Milano é formado em engenharia civil pela FESP e em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP), com experiência em desenvolvimentos e gestão de projetos de alta complexidade, inovação e tecnologia, além de sustentabilidade e governança corporativa. 
Em entrevista para a Industrializar em Concreto, Milano avaliou o mercado da construção e seus desafios, apontando a importância da industrialização para qualidade, segurança, produtividade e sustentabilidade. Ele também explicou que a Matec Engenharia nasceu com a industrialização e a aplicação de tecnologias, priorizando o capital humano. “Quando podemos trocar os elementos convencionais por peças pré-fabricadas, buscamos no mercado as tecnologias.”.

A seguir, apresentamos os principais pontos abordados por ele:

Poderia fazer uma avaliação do mercado de construção neste ano?
O mercado está aquecido, com vários setores em crescimento se comparado com 2023. A entrada de novas concorrências e de novos projetos em comparação ao ano passado aumentou em cerca de 80%. Podemos dizer que é um ano bom e positivo. 
Para 2025, há uma preocupação ligada ao posicionamento do governo, pois qualquer mudança que ocorra em termos de inflação ou déficit influenciam o setor. Com uma inflação mais alta, as taxas de juros sobem, aumentando o risco e dificultando o crédito para toda a cadeia. Outro ponto é que a alta do dólar também pode resultar no aumento dos preços de materiais, cujos valores tornam-se incompatíveis com os contratos fechados com os clientes. A forma para enfrentar esse desafio pode estar na busca por novos fornecedores, tecnologias, materiais e misturas. Isso significa que a engenharia é um combo de criatividade e resiliência para permanecer no mercado.  

Quais são os atuais desafios da construção civil? Como a Matec Engenharia tem enfrentado esses desafios?
A principal preocupação está na mão de obra. Com a entrada da tecnologia e novas oportunidades, a escassez é grande em funções como serventes, pedreiros, carpinteiros, encarregados, mestres de obra. Vivenciamos o crescimento de novos negócios e uma demanda maior de mão de obra, mas está difícil encontrar profissionais para os canteiros de obras. 

Os engenheiros acervados com conhecimento são importantes, mas o modelo de gestão para eles é verticalizado. Os novos engenheiros são muito criativos e questionadores, mas a relação com a companhia é de menor vínculo. É uma mudança no mercado, por isso é preciso ter liderança forte, que conduza e motive esses novos engenheiros e arquitetos. A maioria quer um novo modelo de negócio, onde eles podem se estabelecer em um lugar, e a resiliência é menor. Por outro lado, eles estão sempre motivados para fazer mudanças. Para uma parte, essa questão de criar carreiras diminuiu. Esse é um desafio, que leva a empresa a criar estrutura de capacitação e vínculo com essas pessoas, que são muito capazes. Alguns adquirem resiliência, outros o vínculo segue menor ou querem viver outras experiências e até trocar de profissão. 

"Ao olhar o universo dos clientes que nos exigem certas competências, quem não industrializar, perde mercado. É importante lembrar queua industrialização começa na mentalidade." 

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