PONTO DE VISTA
O que é ser uma empresa de engenharia nos dias atuais?
Há 20 anos, o que se fazia basicamente era o cliente comprar o terreno, desenvolver o projeto com detalhes. Ao receber uma concorrência, tínhamos uma quantidade de informações do que o cliente pretendia. Hoje, projetos de grande porte, de 200 mil m², por exemplo, recebemos uma planta baixa, com poucas informações, e o cliente vem discutir a implantação do projeto. Isso significa que toda estrutura pensante está na empresa de engenharia, que vai conversar com arquitetos e projetistas, aplicar a tecnologia necessária, para criar, projetar e detalhar a estrutura, criar o CAPEX.
Não existe mais projeto detalhado até por razões de tempo, que se encurtou, e por algumas empresas de engenharia terem se capacitado internamente, reduzindo o risco para os clientes. Mas, isso exige que as empresas tenha uma visão ampliada de todo o processo.
Antes o ponto principal estava exclusivamente no construir, hoje, uma empresa de engenharia desenvolve um produto, viabiliza custos. Os prazos são menores, com obras de cerca de R$ 400 milhões de CAPEX para ser entregue em 60 ou 90 dias. Apenas depois do contrato assinado, o produto entra em uma linha de produção. Esses projetos estão todos concebidos, não, mas estão todos parametrizados. A linha de produção corre em paralelo com o projeto, então, a gestão em termos de tecnologia, dados, custos é grande. Foi uma mudança radical. É preciso ter uma estrutura de conhecimento para precificação e entregar o produto.
Por isso, Matec não é mais uma construtora. Ela cria um processo de engenharia, precifica, analisa risco e realiza o processo produtivo. A visão da engenharia e da arquitetura é estética, funcionalidade, normas e precisão. Hoje, criatividade é um ponto extremamente importante, assim como o conhecimento de viabilidade. Atualmente, o projetista quando desenha o projeto sabe que precisa ter toda cadeia ao seu lado, trazendo informações para que ele possa tomar a melhor decisão.
A Matec Engenharia é reconhecida por estar na vanguarda do uso de novas tecnologias em suas obras. O que motiva a empresa a seguir por este caminho? Como a tecnologia tem ajudado a transformar os negócios da companhia?
Quanto criei a Matec, o tempo para ter a informação era maior e precisava acelerar esse processo para ter dados, a fim de tomar decisões e fazer a gestão. Por isso, fomos a primeira empresa a desenvolver uma tecnologia própria de gestão de custo. E isso foi avançando e sempre tivemos essa visão dentro da companhia.
A Matec gera muitas dados, como por exemplo, conhecemos nossos custos, o que está gerando mais resultados e onde há perdas. Quanto mais dados se gera, melhor se define a performance. Não há achismos. Por isso, seguimos treinando mais pessoas para fazer o desenvolvimento de tecnologia para que entendam que os dados contribuem para se ter uma gestão mais adequada.
Atualmente, temos trabalhado com inteligência artificial, que não vai tirar o ser humano do processo, mas vai agilizar a obtenção de indicadores. Ainda não está em nossa operação, mas em simulação em nosso bureau de tecnologia. Vamos supor que temos 22 mil linhas de dados em um projeto, um engenheiro para realizar o link das informações pode levar 1 ou 2 dias, se bem treinado e capacitado. Estamos fazendo simulações com IA, e, em seis meses mais ou menos, essa análise deve chegar a 40 minutos. Portanto, a tecnologia não é ameaça e, sim, uma maneira de gerar dados com velocidade, a fim de criar ações para corrigir ou adequar rotas, mudando ainda mais a construção.
A tecnologia é tudo o que aparece, por isso tem uma área, que é incentivada para conhecer e ver tudo isso. Nesse sentido, a tecnologia cria processos de mudança para fazer as coisa mais rápidas, com mais segurança, e rentabilidade. Tecnologia pode ser virtual, mas também ligada aos processos. As estruturas de gestão dos clientes estão mais equipadas e preparadas e usam muita tecnologia. Assim, se não tiver preparado para isso, a empresa está fora do mercado.