Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 32 - agosto de 2024

PONTO DE VISTA

Industrialização é obrigatória, necessária e vital

Como pioneiro na aplicação do BIM no Brasil, como sua utilização contribui para o crescimento do negócio da Matec Engenaharia?
Fomos a primeira empresa a comprar o BIM. Fui para Boston, 2010, e trouxe para dentro da companhia. No começo, havia a dificuldade de não se ter biblioteca, cadeia de fornecedores com a tecnologia, e vontade de investir na implementação, pois exigia também a capacitação de pessoas. Mas, passados 13 anos, o mercado como um todo utiliza o BIM. Para nós, hoje, é bê-á-bá, virou uma commodity. Não trabalha sem olhar o BIM. Toda tecnologia voltada para mudança, seja software, hardware ou seja de processo construtivo, tem um tempo de convencimento e de investimento. Com isso, o empresário precisa estar disposto a investir, pois o resultado não é imediato. Se investe para ter uma empresa melhor capacitada, que traz melhores resultados, e com pessoas que se sentem mais capazes.

Quais têm sido as estratégias adotadas pela Matec Engenharia para alcançar a neutralidade de carbono e à diminuição dos impactos ambientais de suas atividades?
A situação é muito óbvia, pelos diversos problemas que temos passado. Por isso, a Matec tem trabalhado fortemente essa questão, inclusive, neste dia de entrevista, estamos promovendo um Workshop sobre Sustentabilidade na companhia. Se não mudarmos, podemos ter grandes problemas. A quantidade de chuvas aumentou de maneira significativa, a cota de inundação subiu, atualmente, para 50%. Quanto mais sustentável for, mais estou colaborando para diminuir essas incidências. 

Temos realizado treinamentos para conscientização sobre o tema, além do desenvolvimento de um software para criar um rating, com o objetivo de atingir pontos para atender certos critérios ESG. Na contratação de fornecedores, buscamos os mais próximos da obra, pois haverá um menor deslocamento, diminuindo as emissões. Em relação ao entulho, já reduzimos pelo processo de industrialização. 

Qual sua avaliação sobre a descarbonização e a relação com a industrialização?
O principal ponto da industrialização é estar em um ambiente controlado. Ao comparar o processo manual e o industrializado, percebe-se no segundo um maior controle, com menor perda de material, além de todo o processo de esgotamento sanitário passar por uma estação de tratamento. O processo convencional aumenta entulho e uma série de outros pontos. Por isso, é um processo em que fazemos contas diárias. Há situações em que não consigo industrializar, mas posso aprimorar o que já existe para ter mais produtividade. 

Como tem sido a aplicação de sistemas construtivos industrializados pela empresa?
Fiz uma especialização em engenharia de produção que mudou minha mente. Percebi que da forma como estava sendo feito não era linha de produção. A partir disso, veio minha obsessão da mudança para a industrialização; A Matec já nasceu com essa mentalidade. No começo, um cliente da área do varejo deu um desafio que era não apenas construir, mas fazer a loja funcionar, em um prazo de seis meses. Esse foi o primeiro desse tipo de operação, entregando para o cliente entrar com o produto. Ganhamos mercado e são mais de 300 obras do varejo. Temos essa mentalidade de que não somos construtora, que precisamos desenvolver a operação, de início e meio, para que ele possa entrar com produto e começar a faturar. Se eu realizar com mais precisão, estou ganhando mercado. 

Quais os benefícios do uso desses sistemas?
O ambiente controlado garante maior segurança e controle de qualidade são dois grandes benefícios. Temos a possibilidade de trabalhar o projeto para sempre pensar em atingir uma industrialização importante, que é obrigatória, necessária e vital. Ao olhar o universo dos clientes que nos exigem certas competências, quem não industrializar, perde mercado. É importante lembrar que a industrialização começa na mentalidade. As atitudes da empresa, a forma de pensar e outras coisas são necessárias para que a industrialização seja efetiva. Quando a cadeia produtiva percebe que é um valor agregado e alcança sucesso, não quer mais mudar. 

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