INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Os investimentos realizados pelo setor de estruturas pré-fabricados de concreto têm resultado em uma indústria alinhada com as tendências internacionais em termos de inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável, que beneficia o mercado da const
Indústrias em Santa Catarina (Guaramirim e Ibirama respectivamente) ampliaram recentemente a capacidade instalada e investiram significativamente em novas tecnologias
A indústria de pré-fabricados de concreto no Brasil começou a surgir no país no final da década de 50 e evoluiu rapidamente a partir dos anos 70, com os investimentos em tecnologia decorrentes do "Milagre Brasileiro". Na década de 80, ganhou maior visibilidade na execução de obras industriais, em especial de empresas multinacionais, que já adotavam a solução em seus países de origem, por contar com conceitos de industrialização e benefícios que incluíam alta produtividade e rigorosos padrões de qualidade. Essas características, somadas à agilidade na execução, era também um conceito presente em grandes redes de hipermercados multinacionais como Carrefour, Walmart e Big, que logo impulsionou a adoção do sistema também por empresas similares no Brasil, como, por exemplo, o grupo Pão de Açúcar, passando a se evidenciar o seu uso em obras destinadas ao varejo e concessionárias, no início dos anos 90.
No final desta década, a introdução de novas concepções arquitetônicas e de inovações tecnológicas ampliou ainda mais o escopo das estruturas pré-fabricadas de concreto, o que culminou em uma vasta aplicabilidade comprovada em obras de vários segmentos, em especial os shoppings e os centros comerciais. Mais recentemente, o país teve novas demandas que poderiam ser atendidas somente com o uso da industrialização, já consolidada e preparada para dar as devidas respostas. Assim, o setor inovou, ousou, e principalmente investiu para atender as demandas relacionadas à habitação e infraestrutura – pontes, viadutos, passarelas, portos, aeroportos, energia renovável -, nas áreas de esportes e grandes eventos, como estádios e arenas, e nos setores de mineração e do agronegócio.
Atualmente, segundo a Sondagem da Indústria de Pré-fabricados de Concreto, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), encomendada pela Abcic, ano passado, os segmentos que mais adotaram a solução de engenharia foi a indústria, seguida pelos shoppings centers, infraestrutura, varejo, centros de distribuição e logística, edifícios e área habitacional.
Ensaios em Concreto Auto adensável são realizados na indústria
Para alcançar esse protagonismo, a indústria de estruturas pré-fabricadas de concreto no Brasil tem investido tanto na adoção de tecnologias compatíveis com as tendências internacionais, quanto na ampliação da capacidade produtiva de suas instalações, bem como nos programas de qualidade, produtividade, segurança e meio ambiente. O Anuário ABCIC de 2016 mostra que, em decorrência do cenário de retração nos últimos dois anos, a maioria das empresas (51,1%) apontou redução dos investimentos em relação a 2015, com apenas 15,6% prevendo aumento. Em 2015, os investimentos realizados se destinaram principalmente à aquisição de equipamentos para produção (45%), seguidos pela infraestrutura de equipamentos (35%).
O levantamento apontou ainda que as empresas reportaram um aumento das dificuldades para a realização de investimentos em 2015 e 2016: para a maioria dos pesquisados, a política econômica e a carência de demanda foram destaques com maiores entraves. O estudo indicou ainda que questões de ordem financeira também passaram a ter mais importância para o empresário do segmento. Porém, as empresas mostraram-se otimistas em relação a este ano. A diferença entre a proporção dos que acham que a produção vai crescer (aumentar ou aumentar muito) e a dos que preveem queda (vai se reduzir ou se reduzir muito) cresceu, alcançando 43,2% em 2016.
Outro aspecto relevante diz respeito ao desenvolvimento tecnológico da indústria, monitorado por indicadores pela Abcic, por meio da Sondagem da FGV, como por exemplo, o percentual de empresas que produzem o concreto auto adensável, cujo índice se manteve estável no último levantamento, com 66,7%. Outro dado importante também que monitora essa evolução está ligado às tecnologias empregadas. Em 2016, segundo o levantamento, o concreto protendido correspondeu a 57,4% da produção, enquanto que o concreto armado ficou com 43,6%.