INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Os investimentos realizados pelo setor de estruturas pré-fabricados de concreto têm resultado em uma indústria alinhada com as tendências internacionais em termos de inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável, que beneficia o mercado da const
Incorporadora em Joinville produz industrialmente os elementos pré-moldados para aplicação em suas obras habitacionais
A questão da sustentabilidade ambiental também pode representar um diferencial competitivo da indústria de pré-fabricados de concreto. Um exemplo é na adoção do sistema para construção de edifícios residenciais ou de obras de habitação de interesse social, onde, segundo uma das empresas de Belo Horizonte, é possível fazer um apartamento em média 10% maior pelo mesmo preço, com paredes removíveis, piso laminado, elevador, ampla área de lazer, guarita 24h, entre outros. Isso porque há uma economia de seis toneladas na compra de material por apartamento, o que reflete em benefício para o cliente.
Paralelamente ao desenvolvimento tecnológico utilizado diretamente no processo fabril e à preocupação com os aspectos ambientais, há exemplos do desenvolvimento de programas de apoio e educação dos profissionais que atuam no segmento, com o objetivo de desenvolver e aperfeiçoar seus trabalhos, fornecendo capacitação técnica, independente do departamento de atuação. Além dos treinamentos, há o acompanhamento junto aos colaboradores, a fim de acatar sugestões de melhoria da ergonomia dos equipamentos bem como dispositivos de proteção contra acidentes.
Painéis são instrumentados e monitorados durante ensaios realizados na indústria em Joinville
Além disso, outra tendência que é vista no setor de pré-fabricados de concreto é a participação feminina crescente em todos os setores que compõe a indústria, seja em cargos de diretoria, gerência, coordenação, operação e execução. Essa presença também ocorre no mercado da construção. De acordo com os últimos dados disponíveis pela Relação Anual de Informações Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (RAIS/IBGE), em 2015, o sexo feminino representava 9,74% da força de trabalho formal do segmento.
O aumento dessa presença se deve, por exemplo, à qualidade de execução da mão de obra feminina, ao zelo com os equipamentos e nível de atenção aos detalhes em atividades de acabamento. "As mulheres são cuidadosas e meticulosas, possuem grande capacidade de refinamento na execução das tarefas, além de concentração e limpeza. Elas são procuradas sobretudo para atividades que requerem profissionais atentos a todos os detalhes", explica a doutora Ina Irene Liblik Quintaes, gerente de Medicina Ocupacional do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP). Outros fatores que contribuem para esse crescimento são o aumento da demanda na área, a oportunidade de melhorar a renda e a qualidade de execução do trabalho.
Na construção industrializada de concreto existem inúmeros exemplos nesse sentido. Welzeli Lana de Souza é líder de produção de uma indústria do setor, em Belo Horizonte. Atualmente, ela lidera trinta e três funcionários, sendo treze mulheres, e afirma que a qualidade dos painéis fabricados está nas mãos de mulheres. "Elas são mais cuidadosas. Em nosso trabalho diário é a nossa delicadeza que faz a diferença", disse. A inclusão social de mães de família na fábrica trouxe maior aproximação com toda a comunidade, além de vantagens competitivas como: ganhos de produtividade, redução de erros e menor custo, principalmente, em decorrência dessa característica citada por Welzeli e por Ina.
Modelos de negócio
Outra tendência importante para o uso da industrialização em concreto relacionada a inovação, em especial no que diz respeito ao atendimento do segmento habitacional, está relacionada com a reformatação do modelo de negócios. "Temos observado que a quebra de paradigmas e a reavaliação tem ocorrido tanto internamente como 'extramuros'", relata Íria, que explica que recentemente o Planejamento Estratégico da Abcic apontou que mais empresas construtoras ou incorporadoras que trabalham com sistemas convencionais pensam em ter suas unidades de produção e que as fábricas avaliam a possibilidade de construir no modelo "turn key". "E já é possível evidenciar no âmbito associativo ambos os cases".