OPINIÃO DA ACADEMIA

Daniel de Lima Araújo
Professor titular da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da UFG – Universidade Federal de Goiás
A academia desempenha papel importante na evolução do mercado de pré-fabricados do Brasil, seja formando profissionais que atuarão nesse mercado, seja impulsionando a inovação tecnológica do setor. Sua missão vai além do ensino, gerando conhecimento que impulsiona o setor a novos patamares de segurança, eficiência e sustentabilidade. Por meio de pesquisas, ensaios e desenvolvimento de novas tecnologias, a universidade fornece a base científica para que o setor inove com segurança e competitividade.
São muitas as contribuições acadêmicas para o desenvolvimento do pré-fabricado de concreto no Brasil, que vão desde a colaboração no desenvolvimento de normas técnicas até a pesquisa de materiais de alto desempenho, como o concreto autoadensável, que, há alguns anos, migrou dos laboratórios para a indústria.
Pessoalmente, um marco importante foi a colaboração na revisão da norma ABNT NBR 14861 de lajes alveolares de 2022, onde o item 7.4, referente à força cortante, foi fundamentado em pesquisas desenvolvidas no Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto - NETPRe da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e em trabalhos que orientei na Universidade Federal de Goiás (UFG).
Outro fato marcante foi a participação no grupo da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE)/Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) que, em 2022, traduziu a norma francesa de Concreto de Ultra-Alto Desempenho (UHPC) para o português, cujo texto atualmente é usado como base pelo comitê da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que elabora a futura norma nacional sobre o material.
A integração entre academia e indústria é fundamental para o desenvolvimento do setor de pré-fabricados, que enfrenta desafios e demandas, enquanto a academia fornece soluções inovadoras e profissionais qualificados.
Essa colaboração é a base para as pesquisas aplicadas ao setor de pré-fabricados. Por exemplo, os estudos sobre a resistência de lajes alveolares protendidas dependem do fornecimento desses elementos pela indústria, e os resultados obtidos foram encaminhados ao setor na forma de aprimoramentos na norma ABNT NBR 14861. Da mesma forma, uma pesquisa em andamento no NETPRe da UFSCar sobre a ligação viga-pilar do tipo V, conforme a norma ABNT NBR 9062, utiliza dispositivos fornecidos por empresas nacionais, e seus resultados poderão nortear a futura revisão desta norma.
Diante de desafios globais como a neutralidade de carbono e a necessidade de maior produtividade, a academia se volta a pesquisas sobre estruturas mais eficientes, a utilização de resíduos como matéria-prima e a otimização de processos construtivos.
Nesse contexto, a Abcic desempenha um papel estratégico, atuando como ponte entre o setor industrial e o conhecimento acadêmico. A parceria com o NETPre é o exemplo mais expressivo desse sucesso. A Abcic é essencial para disseminar o conhecimento, promover eventos importantes como o 4º ENPPP (Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado), realizado em junho de 2025, e permitir que as inovações desenvolvidas na academia sejam conhecidas pela indústria, fortalecendo todo o setor de pré-fabricados.