Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 36 - dezembro de 2025

CENÁRIO ECONÔMICO

Investimentos em infraestrutura aumentam, mas ainda estão longe da meta

Ana Maria Castelo
Coordenadora de projetos do IBRE/FGV

 

Como tem feito anualmente a InterB.Consultoria, divulgou sua "Carta de Infraestrutura" com as novas estimativas para os investimentos realizados em 2024 e as projeções preliminares para 2025. O documento já se tornou uma referência importante por trazer não apenas os números realizados e previstos, mas também estimar as necessidades do país. Ou seja, por diferença temos nosso “déficit”.
O documento tem boas e más notícias! Pode-se começar celebrando as boas: o aumento dos investimentos em infraestrutura no país, com participação decisiva do setor privado.
 De acordo com a Carta, em 2024 os investimentos totalizaram R$ 266,8 bilhões, alcançando a marca recorde em uma década, 2,27% do PIB. O setor privado foi responsável pela maior parte, com 70,5% do total. Mas os investimentos públicos, que atingiram R$ 78,6 bilhões, ou 0,67% do PIB, também cresceram devido ao aumento dos gastos dos governos subnacionais. 
Para 2025, projeta-se uma alta de 3,8% ou R$ 277,9 bilhões em investimentos, o que se estima alcançará 2,19% do PIB. Os investimentos em saneamento, respondendo às mudanças do marco legal, têm crescido de forma expressiva e já representam 16,6% do total previsto, praticamente se equiparando às estimativas para o transporte rodoviário, realizadas com predominância de investimentos públicos. Vale lembrar que essas estimativas vêm ao encontro das expectativas positivas das empresas da indústria de pré-fabricados de concreto captadas na sondagem setorial realizada pelo FGV IBRE/ABCIC no ano passado.
No entanto… vamos às más notícias!
Embora, esse crescimento dos últimos anos seja, indiscutivelmente, fundamental para permitir que o país possa crescer de forma sustentada, o volume de investimentos previstos ainda não é suficiente para repor a depreciação do estoque existente, que por isso tem se deteriorado.  De acordo com o estudo, desde o início da década de 1990, o estoque de capital em infraestrutura está caindo, tendo oscilado entre 35% e 40% do PIB a partir de meados dos anos 2000.
O estudo estima que, para modernizar a infraestrutura no país, o estoque-alvo seria de 63,7% do PIB. E, para alcançar essa meta, seriam necessários investimentos anuais de 4,65% do PIB ao longo de 20 anos! Ou seja, nosso déficit atual chega a 2,46% do PIB.
O estudo não apresenta estimativas para 2026, mas a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) tem feito projeções bastante positivas, estimando um aumento real de 4% no volume total. Ainda ficaremos longe da meta.
O documento finaliza com algumas propostas para se elevar o volume atual de patamar, que passam por tornar o investimento em infraestrutura uma política de Estado; melhorar a governança e planejamento dos projetos; ampliar investimentos públicos de forma responsável; garantir segurança jurídica para atrair investimentos privados e fortalecer as agências reguladoras e o papel do BNDES como estruturador de projetos. 
Deve-se acrescentar outro ponto essencial para tornar essa jornada possível: melhorar os níveis atuais de produtividade do setor da construção, como um todo, e, em particular, da infraestrutura. Conseguir dar conta dos aumentos de investimento previstos para os próximos anos, ainda que insuficientes, já é difícil devido à falta de mão de obra qualificada. Portanto, o requisito número um para avançar na pauta de aumento dos investimentos em infraestrutura é a modernização, com formação de mão de obra qualificada. 

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