Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 26 - setembro de 2022

ARTIGO TÉCNICO

Ligações em estruturas de concreto pré-moldado: pesquisas e transferências ao setor produtivo

RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar os principais resultados de pesquisas diretamente relacionadas às ligações de estruturas de concreto pré-moldado, desenvolvidas sob a coordenação do autor, e as transferências dos resultados ao setor produtivo. Nessas pesquisas são tratados dois tipos de ligações: ligação pilar x fundação por meio de cálice e ligação viga-pilar. No caso da ligação por cálice de fundação são apresentados modelos e recomendações para projetos para cálice e pilar com interfaces lisas e rugosas e com interfaces com chaves de cisalhamento. O caso de ligação viga x pilar, para estrutura de edifício de múltiplos pavimentos, inclui o estudo de almofada de argamassa modificada e consideração do comportamento semirrígido.
Palavras-chave: concreto pré-moldado, ligações, wwpesquisas, recomendações para o projeto, transferência para o setor produtivo.

1. INTRODUÇÃO

Em geral, as ligações são as partes mais importantes no projeto das estruturas de concreto pré-moldado. Elas são de fundamental importância, tanto no que se refere à sua produção como para o comportamento da estrutura montada. Portanto, as pesquisas sobre ligações são fundamentais para o desenvolvimento do concreto pré--moldado, justificando a atenção de pesquisadores envolvidos com o assunto. As pesquisas relacionadas com concreto pré-moldado sob a coordenação do autor iniciaram, de forma sistemática, na década de 90, no Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Grande parte das pesquisas desenvolvidas eram direcionadas às ligações, que ganharam impulso com projeto temático de pesquisa financiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, desenvolvido entre 2005 e 2010.A transferência dos resultados para o setor produtivo foi sempre uma meta. Neste sentido, merece destacar os três eventos intitulados “Encontro Nacional Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado”, realizados em 2005, 2009 e 2013, na Escola de Engenharia de São Carlos da USP.

2. LIGAÇÃO PILAR X FUNDAÇÃO POR MEIO DE CÁLICE
2.1 Considerações iniciais
Uma das formas mais comuns de fazer a ligação de pilares pré-moldados com a fundação é mediante cálice, conforme pode ser visto em El Debs (2017). Normalmente, os cálices de fundação eram projetados no Brasil com as indicações e modelo apresentados em Leonhardt e Monnig (1978), considerando duas situações parainterfaces do pilar pré-moldado e  as paredes internas do cálice: lisas ou rugosas. Entretanto, as interfaces denominadas rugosas eram na realidade interfaces com chaves de cisalhamento. Essas indicações eram adotadas nas versões antigas da atual NBR 9062:2017 Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado (ABNT, 2017). 

Embora a ligação pilar x fundação por meio de cálice seja bastante difundida nas estruturas de concreto pré-moldado, havia dúvidas sobre o seu comportamento e quanto ao conservadorismodas indicações do modelo existente. Além disso, havia uma escassez de resultados experimentais. Em função do exposto, foi proposto um estudo sobre o assunto, em meados de 1999, envolvendo parte experimental e parte numérica, que posteriormente, gerou outros estudos.

A superfície interna do cálice e a superfície da base do pilar no trecho de embutimento tem um importante papel no comportamento estrutural do cálice. Em função disto, faz-se aqui uma divisão em: a) cálices de interfaces lisas e rugosas e b) cálices de interfaces com chaves de cisalhamento.

2.2 Ligação com interfaces lisas e rugosas
Com base no modelo apresentado em Leonhardt e Monnig (1978), em outras indicações da literatura e nas pesquisas realizadas, o modelo mostrado na Figura 1 foi proposto para representar a transferência dos esforços para o caso de grandes excentricidades.
Com base nos resultados experimentais e numéricos, são propostos os valores de enb=h/4 e y=y´=lemb/10. Assim, obtém-se a expressão 1 da resultante Hsfd, em função do coeficiente de atrito.

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