Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 33 - dezembro de 2024

DE OLHO NO SETOR 2

Modern Construction Show reforça o papel da industrialização para o crescimento sustentável da construção

Entretanto, existem entraves que precisam ser observados, principalmente, a questão do financiamento, pois a maioria dos brasileiros não possuem verba para dar de entrada e os bancos financiamento até 80% do valor do imóvel, o que significa que o comprador precisa ter pelo menos 20%. Com isso, é preciso que eles façam uma poupança para atingir esse valor. “A industrialização vai ser importante, mas qual será a redução do prazo para que os compradores possam fazer a poupança durante a obra”, ponderou França, que reiterou não ser possível mudar a regra de financiar no máximo 80% do valor do imóvel, uma vez que está ligada à segurança do banco em momentos de oscilação de mercado. Na média, os bancos financiam 65% dos imóveis. Para França, o brasileiro olha o financiamento imobiliário de forma errada e a taxa de juros não pode ser o balizamento para adquirir o imóvel.

O Seminário foi finalizado com a palestra do Keynote Speaker, o arquiteto Ben Derbyshire, ex-presidente do RIBA (Royal Institute of British Architects) entre 2017 e 2019. À frente do HTA Design, escritório que projetou a maior torre residencial modular da Europa, ele compartilhou sua experiência com este projeto sustentável e inovador, que utiliza sistemas industrializados com moldado in-loco. Além disso, o especialista destacou seus projetos com práticas sustentáveis e inclusivas, abordando o contexto do Reino Unido para essas edificações.

“Nós temos história utilizando painéis pré-fabricados de concreto em edifícios de elevada altura. Atualmente, o objetivo está em diminuir a aplicação de cimento para reduzir a pegada de carbono. Diversos edifícios no país buscam certificações de sustentabilidade”, relatou Derbyshire, em entrevista para a Revista Industrializar em Concreto. Para ele, o setor tem um grande desafio com a neutralidade de carbono.

Reunião do Comat e Construção 2030

O Modern Construction Show foi palco também, no dia 2 de outubro, da 4ª reunião ordinária da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).


Íria Doniak e Paulo Santos recebem os participantes da 4ª reunião ordinária da COMAT da CBIC no estande da Abcic no Modern 

A comissão vem realizando um projeto essencial para o avanço do setor: o desenvolvimento do guia “Construção 2030”, voltado para a industrialização da construção. “Estamos trabalhando em um guia voltado para a questão da industrialização, padronizada, modularizada com base em plataforma aberta. É um tema complexo, mas com a colaboração de diversos setores estamos construindo um documento que entendemos ser fundamental para o futuro da construção no Brasil”, afirmou Dionyzio Klavdianos, vice-presidente da COMAT/CBIC, que a industrialização é um passo inevitável para o crescimento do setor, já que promove ganhos de escala, maior eficiência, com base em repetição de processos.

Fabio Queda, consultor do projeto Construção 2030, ofereceu uma visão detalhada sobre os avanços e desafios do projeto, iniciado em 2018. “Estamos em um momento em que já adquirimos uma certa maturidade em relação aos conceitos que desenvolvemos. No entanto, essas ideias ainda precisam ser disseminadas de forma mais ampla”, destacou.

Desde sua implementação, o projeto Construção 2030 criou cenários para as grandes transformações que o setor da construção poderia enfrentar no Brasil, e que, mesmo com a interrupção provocada pela pandemia, muitas dessas previsões se consolidaram como tendências. No entanto, o consultor destacou que a industrialização da construção, embora vista como o futuro do setor desde o século XIX, ainda não ocorre na velocidade desejada. “Por que não estamos industrializando mais rápido? Se é tão importante, por que essa transição do modelo artesanal para um modelo mais repetitível, com ganho de escala, não está acontecendo na velocidade necessária?”, questionou. Para ele, o Construção 2030 precisa ampliar seu impacto e acelerar essa transformação nos próximos anos, especialmente a partir de 2025, quando o projeto entrará em uma fase mais prática e dinâmica.

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