Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 11 - agosto de 2017

ABCIC EM AÇÃO

Normalização brasileira no setor de pré-fabricado de concreto avança em nível mundial

Entrada em vigor da norma de painéis de parede de concreto pré-moldado e da revisão da norma de estruturas pré-moldadas de concreto trazem ainda mais confiabilidade para as estruturas industrializadas de concreto


Íria Doniak, Júlio Timermann (Ibracon), Jefferson Dias e Suely Bueno, da ABECE, durante o evento


A ABNT NBR 9062:2017 também começou a introduzir conceitos importantes como a consideração de incêndio em lajes alveolares. “Havia uma lacuna no setor porque o assunto não é nada simples e exigiu um estudo aprofundado a respeito, que incluiu pesquisas em normas internacionais, com o PCI, a Eurocode e normas de países europeus que adotam também as suas próprias normas complementarmente, como a espanhola. “Nossa conclusão foi de que cada país tem suas peculiaridades e condição de determinar o nível que se encontra seu desenvolvimento. Um exemplo são os países europeus, que fazem suas análises em relação aos eurocódigos. Então não adianta querer absorver 100% critérios internacionais porque o país ainda não tem condições econômicas para isso. Assim, é uma meta e objetivo futuros. É uma vitória termos avançado em tais requisitos, inclusive entramos com conceito novo de laje confinada, cuja concretagem impede a expansão da laje em situação de incêndio, melhorando sua eficiência”, enfatizou Melo. 
Ainda nesta seção, Marcelo Cuadrado Marin, da Abcic, informou que a norma não tratou da obrigatoriedade da avaliação de conformidade de projeto, seguindo as diretrizes da ABNT NBR 6118, porque não houve um consenso entre os participantes sobre este tema. “Uma recomendação é que o profissional que realizar essa avaliação tenha um nível de conhecimento sobre o sistema construtivo em pré-moldado, uma vez que se o avaliador não tiver a expertise, ele não poderá contribuir tanto como se fosse um profissional com esta experiência”.
Segundo Marin, outro capítulo que passou por muitas alterações foi o de ligações, que entre outras mudanças, incluiu um item sobre fixação de vergalhões com adesivos químicos injetáveis. “Os fabricantes de adesivos químicos já têm recomendação própria. Então, a ideia foi compilar todas as recomendações para trazer mais segurança para o setor”, contou. Algumas das diretrizes definidas são: definição da distância mínima para a borda e em relação a outros chumbadores, definição da distância crítica para a borda e em relação a outros vergalhões chumbados, obrigatoriedade de um projeto com indicações de execução e responsabilidade técnica do executor no local, com a elaboração de documento de inspeção, que relate, por exemplo, qual é a profundidade de cada furo e de cada chumbador que será instalado. “Além das especificações dos chumbadores, foram propostas tabelas de coeficientes redutores das tensões, que minoram a resistência do chumbador conforme a proximidade do chumbador com a borda e entre os chumbadores”.
A questão da montagem de elementos pré-moldados também foi ampliada, passando de dez linhas em dois itens para quatro páginas com seis itens. “Foi ressaltada a importância e a responsabilidade do engenheiro de montagem para que o sistema construtivo seja bem sucedido. Neste texto foram relacionados também as etapas e a sequência de montagem, o plano de rigging, a obrigatoriedade do plano de montagem”, explicou Marin. 


O evento foi prestigiado pela academia e importantes formadores de opinião durante o evento


Em sua apresentação, o diretor técnico da Abcic explicou os seis itens desta seção da norma, sendo o primeiro o planejamento de montagem, que inclui a avaliação do acesso da obra, o trajeto das carretas, a necessidade de estabelecer a sequência de montagem e o estudo prévio das ligações antes de iniciar a obra. “Isso para que o engenheiro de montagem não passe a ter conhecimento sobre o projeto somente no campo, mas que ele estude isso antes”, disse. Os outros itens são: procedimento de montagem, carregamento crítico, contraventamento e apoio, calços para nivelamento e estudo de escoramento. “Há a necessidade de o engenheiro de montagem garantir que os apoios estão integrados e a peça está devidamente apoiada. Para algumas peças, o importante é proceder toda a ligação, principalmente as vigas que recebem lajes de forma simétrica para evitar a torção. Em alguns painéis que são apoiados abaixo do centro de gravidade, se eles não forem contraventados antes do guindaste ser solto, o painel pode cair e causar acidente”.
Ao final dessa apresentação, Íria, que coordenou tecnicamente o seminário e também exerceu o papel de mestre de cerimônias, pontuou que, além destas questões de projeto, o setor encontra-se mais maduro, após a vigência de 13 anos do Selo de Excelência Abcic, programa que atesta qualidade, segurança e meio ambiente das empresas que integram o programa, através das auditorias periódicas do Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ). “Através das boas práticas aplicadas tanto em produção como montagem, foi possível evoluir no que diz respeito ao controle tecnológico do concreto e também as questões relativas ao planejamento e segurança de montagem das estruturas pré-moldadas”, analisa.
Íria ainda reiterou os agradecimentos a todos os profissionais que integraram os grupos de trabalho, em especial, o estudo de temas específicos que foram validadas em reuniões plenárias: a questão de resistência ao fogo teve a importante participação do professor Fernando Stucchi, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e da EGT Engenharia, que conduziu uma avaliação baseada nos Eurocodigos, Normas Europeias Específicas, como a da Espanha, por exemplo, e Normas norte-americanas. “Além de debater o tema com especialistas no âmbito da fib (International Federation of Structural Concrete), Stucchi, que lidera o grupo nacional junto à entidade, promoveu uma validação dos critérios propostos junto ao coordenador da ABNT NBR 15200, o professor Valdir Pignatta e Silva, da Poli/USP”, disse. 
A ABCIC liderou um grupo que trabalhou com fabricantes, avaliando as melhores práticas de produção, montagem e controle de qualidade. Esse grupo contou com a colaboração do professor Paulo Helene, da Poli/USP e da PhD Engenharia, que avaliou de forma amostral em laboratórios instalados em unidades fabris certificadas no Selo de Excelência os procedimentos de Controle Tecnológico e revisou o texto relacionado à amostragem, critérios de  aceitação e desvio padrão do concreto. Para as questões ligadas à estabilidade, foi criado um grupo de trabalho, cuja liderança ficou a cargo do professor Marcelo Ferreira, do NETPre da UFSCar. Já a parte de ligações de pilar com fundação por meio de cálice foi conduzida pelo professor Mounir Khalil El Debs, do Departamento de Engenharia de Estruturas da USP de São Carlos. “Também agradeço ao engenheiro Eduardo Millen, da Zamarion e Millen, que representou a ABECE, por acompanhar sempre as normas relativas ao setor contribuindo substancialmente nos debates”, disse Íria, que mencionou de forma póstuma seu antecessor neste papel, o saudoso engenheiro e professor Zamarion Ferreira Diniz que na revisão anterior tinha exercido um papel fundamental. Por fim, Íria ressaltou a importância de a entidade estar ligada à Comissão 6 da fib e todo o apoio e interface com este organismo muito relevante neste contexto.

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