DE OLHO NO SETOR
No âmbito do ABNT/CB-018, estão em processo de revisão as normas brasileiras que tratam dos requisitos dos diversos tipos de cimento Portland e também métodos de ensaios para sua verificação
Inês: "A normalização técnica vem ganhando força no Brasil, especialmente em função dos processos de certificação de produtos, sistemas e até mesmo de profissionais em determinados escopos de trabalho"
Ano passado, o setor de pré-fabricados de concreto recebeu boas notícias na área de normalização, com publicação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de duas importantes normas: a ABNT NBR 9062:2017 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, que revisa a ABNT NBR 9062:2006, e a ABNT NBR 16475: 2017 - Painéis de parede de concreto pré-moldado - Requisitos e procedimentos.
“A normalização técnica vem ganhando força no Brasil, especialmente em função dos processos de certificação de produtos, sistemas e até mesmo de profissionais em determinados escopos de trabalho. Essa é uma tendência natural, já experimentada em países mais desenvolvidos, em que se verifica um crescimento gradativo das exigências dos consumidores com relação à comprovação de características de produtos e de seu desempenho. Via de regra, o atendimento a essas exigências é coberta pela certificação, com base em normas técnicas específicas”, afirma Inês Battagin, superintendente do Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CB-18).
Neste ano, no âmbito deste comitê, a previsão é do desenvolvimento de noventa e um temas, considerando novos projetos e normas em revisão. Segundo Inês, a relação de normas a serem revisadas faz parte do programa de trabalho do Comitê Brasileiro, que é elaborado a partir de solicitações e informações recebidas da sociedade, além do processo interno de atualização de acervo. Com esse trabalho a ABNT tem melhorado seu índice de atualização de normas em vigor, que atualmente é da ordem de 90% - conforme padrões internacionais esse índice corresponde às normas publicadas ou confirmadas no período dos últimos cinco anos. Seguindo essa tendência de atualização e colaborando para melhorar o índice geral da ABNT, em 2017 o ABNT/CB-018 atingiu a marca de 96% de atualização de seu acervo de normas brasileiras em vigor.
Especificamente na área de cimento, estão em processo de revisão as normas brasileiras que tratam dos requisitos dos diversos tipos de cimento Portland e também métodos de ensaios para sua verificação. Para o presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Paulo Camillo Penna, a normalização garante a repetitiva qualidade e adequabilidade de produção e uso de novos materiais e tecnologias. “As atualizações dos textos reguladores são uma necessidade, em face da evolução constante das técnicas e consequentemente das tecnologias, incorporando o que há de mais atual da normativa internacional aplicável ao País, além de regulamentar o que foi pesquisado, introduzindo assim modernidade e avanço. Revisar uma norma de cimento, aprová-la e colocá-la em uso, é uma clara demonstração de setor evoluído, inovador e, acima de tudo, preocupado com premissas de sustentabilidade que hoje orientam o planeta”, explica. “Em resumo: normalização forte, atualizada e praticada traz qualidade, segurança e competitividade, aos segmentos que os perseguem”, complementa.
"A normalização garante a qualidade e adequabilidade de produção e uso de novos materiais e tecnologias"
Paulo Camillo Penna
O processo de revisão das normas de especificação de cimento Portland prevê a publicação de todos os requisitos em um único documento, facilitando com isso a consulta e melhorando o entendimento pelos usuários do produto. A Comissão de Estudo já aprovou alterações de modernização que consideram práticas correntes, como as questões de armazenamento do produto ensacado e as limitações de massa das embalagens, a exemplo do que é praticado em outros países. Já o prazo de validade do produto, usual nas embalagens, passará a ser uma das exigências da norma, chamando a atenção dos usuários para o correto uso e armazenamento do cimento.
Com isso se estabelece a possibilidade de comercialização do cimento Portland em embalagens menores do que os tradicionais sacos de 50 kg, o que certamente trará mais facilidade e garantia para usuários que compram o produto para pequenos reparos, além de atender às crescentes exigências relativas à ergometria. A tolerância de massa das embalagens é já objeto de dispositivos legais, não sendo necessário seu estabelecimento em norma.
“Apresentação de todos os tipos de cimento em uma única norma trará melhorias no entendimento e na comparação dos requisitos. Além disso, as indicações estabelecidas quanto às inscrições nas embalagens, no caso de cimento ensacado, ou no documento de entrega, no caso de cimento a granel, pretendem orientar o consumidor sobre prazo de validade e cuidados no armazenamento do produto”, analisa Inês. “As alterações propostas nas normas de especificação de cimento serão facilmente assimiladas pelos setores envolvidos. Elas resultam de atualizações decorrentes de tecnologias de fabricação já consagradas internacionalmente e dominadas pela indústria brasileira, sem mudanças nos requisitos de desempenho dos produtos, além do estabelecimento em norma de procedimentos correntes e que trarão algumas facilidades aos consumidores na utilização do produto”, acrescenta.
Adicionalmente, Inês pondera que a possibilidade de aquisição do cimento Portland em embalagens menores, com todas as informações do fabricante, privilegiando a segurança e os critérios de ergonomia, trará mais facilidades para os consumidores, especialmente aqueles que adquirem o produto em lojas de materiais de construção.