Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 27 - dezembro de 2022

PONTO DE VISTA

O futuro da construção está na produção fabril

O  engenheiro civil Vanderley M. John é considerado um dos maiores especialistas nas áreas de sustentabilidade e de inovação no setor da construção. Professor Titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), atua como coordenador da unidade EMBRAPII Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS), do INCT CEMtec Tecnologias Cimentícias Eco-eficientes Avançadas, e do hubIC (hub de Inovação na Construção).

Para ele, a construção despertou para a inovação e o setor tem avançado com a oferta de produtos de baixo carbono em cimento, concreto e aço e a criação de startups que tratam de construção modular e reciclagem. “Estou encantado, feliz e bastante otimista. Temos a chance de construir um novo Brasil, baseado em competência e não em extrativismo. O setor moderno do agronegócio mostra que podemos fazê-lo”.

Em entrevista para a Industrializar em Concreto, John que é mestre e doutor em Engenharia e diretor do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), avalia ainda que sem mudança de tecnologia não existe qualquer possibilidade de reduzir os impactos ambientais.

A seguir, estão os principais pontos abordados por ele:

Como avalia o avanço da tecnologia e inovação na construção civil no país?

Vivemos um momento único, pois a construção despertou para inovação. São startups, anjos, venture capital, hackatons, corporate venture com R$ 100 milhões para investir, financiamento público FAPESP, EMBRAPII.  A maior parte das nossas startups e inovações ainda está concentrada em modelos de negócio e Apps.

Mas os problemas crônicos da construção – baixa produtividade, longo prazo de entrega, elevado impacto ambiental, particularmente mudanças climáticas - exigem inovações de base tecnológica: “deep tech”, que exigem equipe com conhecimento tecnológico especializado, apoiado por laboratórios, cadeia de suprimentos, fábricas diferentes, adequação de normas técnicas e códigos de obras, formação de equipe de projeto e até dos usuários. O processo de desenvolvimento é mais longo e mais caro. A introdução no mercado pode exigir centenas de milhões de dólares em fábricas, canais de distribuição e treinamento. Mas, mesmo aqui, estamos avançando. Empresas tradicionais começam a ofertar produtos de baixo carbono em cimento, concreto e aço; startups surgem em torno de temas como construção modular, reciclagem, construção em madeira, fundamentalmente trazendo soluções do exterior. Dentro do hubIC, nosso ambiente cooperativo de inovação na área de cimentícios, que a USP criou com a ABCP, temos três grupos de empresas se consorciando para desenvolver tecnologias de baixo carbono, alta produtividade de forma pré-competitiva. Temos empresas que competem no mercado colaborando; e fornecedores colaborando com clientes. Estou encantado, feliz e bastante otimista. Temos a chance de construir um novo Brasil, baseado em competência e não em extrativismo. O setor moderno do agronegócio mostra que podemos fazê-lo.

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!