PONTO DE VISTA
Quais são os objetivos e a missão do CICS (Centro de Inovação em Construção Sustentável)? Poderia destacar alguns trabalhados realizados pela instituição bem como os projetos desenvolvidos pela Cátedra Construindo o Amanhã?
O CICS foi criado há 10 anos e reúne pesquisadores de diferentes áreas e unidades da USP e de fora da universidade, com a indústria. O CICS está construindo um edifício com tecnologias experimentais, que não atendem normas técnicas, mas que acreditamos fazer parte da construção do futuro. As fundações já foram feitas, com um concreto de baixa pegada de carbono, geotermia integrada, e até mesmo uma nova tecnologia experimental de fundações, desenvolvida pela Tuper. Estamos definindo a estrutura de concreto armado, que deverá ser a de menor pegada ambiental. Nossos maiores doadores de recursos e tecnologias são a InterCement e a ArcelorMittal, mas outras empresas como a Leonardi colaboram no projeto, concebido pelo Roberto Aflalo, em um ambiente muito criativo. Espero concluir o edifício em meados do próximo ano.
Com a ArcelorMittal também temos a Cátedra Construindo o Amanhã, com foco no meio ambiente, qualidade, produtividade. Além de contratar um professor anualmente e apoiar o ensino de graduação, é um espaço onde a equipe de inovação da empresa e da USP discute e busca identificar oportunidades de inovação, novas ideias, em um ambiente livre. Ela já gerou ideias que a ArcelorMittal transformou em produto: o aço de alta resistência.
Operamos também a unidade EMBRAPII CICS POLI USP, focada em construção ecoeficiente. Foram contratados 16 projetos com empresas das áreas de concreto, argamassas, novos agregados e fíleres, a partir de resíduos, nanotecnologia, novos aços, construção modular, fibrocimento com cura de CO2, novos cimentos, que endurecem com CO2, etc. Temos uma demanda muito grande.
Mais recentemente, fizemos uma parceria com a ABCP e o SNIC para formar o hubIC, um ambiente cooperativo de inovação especializado em construção de cimentícios, que, hoje, reúne 33 empresas que discutem inovação. Dentro do hubIC, temos uma plataforma de construção digital, que conta com duas impressoras 3D de concreto, uma delas nacional, a startup 4constru. Temos dois consórcios de pesquisa pré-competitivos, cada um com cerca de 10 empresas. Um deles trabalha inteligência artificial aplicada a cimento e concreto e de um novo cimento de baixo carbono.
Finalmente, atendendo uma provocação dos nossos parceiros do CICS fizemos um convite ao mercado e formamos a Aliança da Construção Modular, um grupo de empresas e acadêmicos para discutir formas de promover seu crescimento sustentado. Temos cerca de 44 empresas e estamos finalizando um “Roadmap”, cuja expectativa é que o grupo entregue aos próximos governos. A organização da Aliança conta com a professora Ercilia Hirota (UEL), o professor Beda Barkokebas (PUC Chile), arquiteta Diana Csillag, uma das responsáveis pela estruturação do CICS, e o professor Luis Otavio Cocito de Araujo (UFRJ). Temos outros parceiros do Brasil e exterior. Um dos nossos desafios é repensar o ensino de engenharia e arquitetura para incorporar estes conceitos.