Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 22 - abril de 2021

PONTO DE VISTA

O legado de um gigante da engenharia brasileira

Tributo ao Professor Augusto Carlos Vasconcelos

Repercussão do adeus ao professor Vasconcelos
As principais associações e lideranças do setor da engenharia e da construção prestaram suas homenagens ao ilustre professor e pioneiro em tantas áreas importantes para o desenvolvimento dessas áreas no Brasil. 
“Difícil, muito difícil, o Vasco, como afetivamente nós o chamávamos é imortal. Alegria, energia de vida, prazer em desfrutar e usar toda a inteligência privilegiada que tinha para fazer amigos, mostrar soluções, defender a tecnologia do concreto, simplificar as estruturas complexas. Tinha o dom da simplicidade e uma humildade altiva e luminosa. Sem querer, nós que o conhecemos, nos curvamos muitas vezes a suas ponderações e soluções brilhantes. Com memória sem igual, sempre chamava o interlocutor pelo nome e tinha uma palavra, uma brincadeira, que o inseria no grupo, na equipe. Não tinha como não ficar confortável ao seu lado. Tornava qualquer Mestre um aprendiz e um admirador de suas atitudes, gestos e palavras”, disse o professor Paulo Helene, diretor presidente do Ibracon.
“Com tristeza recebo a notícia do falecimento do grande e indescritível Vasco, como carinhosamente o tratávamos. Um dia nos alegramos com a sua presença. Para sempre nos alegraremos com a sua lembrança. Descanse em paz ao lado de Deus e siga sendo mais uma estrela que olha por todos nós e pela engenharia, em especial estrutural em concreto, sua inesgotável paixão”, declarou o diretor de Comunicação da ABCP, Hugo Rodrigues.
Em comunicado da Abece, a entidade declarou: “nos deixa, sem dúvida, um legado incalculável para a engenharia. Mas, acima de tudo, nos deixa muita saudade e a certeza de que devemos nutrir seu maior sentimento de humildade e da necessidade de compartilhar o conhecimento adquirido. Fique em paz, Vasco! Aqui, ficamos com sua maior e melhor lembrança”.
Por fim, o comunicado enviado pela Abcic ressaltou os feitos do professor Vasconcelos, entre os quais a introdução da protensão na indústria brasileira. “Acima de tudo com sua dedicação, em especial nestes 10 últimos anos, como membro do júri do “Prêmio Obra do Ano em Pré-fabricados de Concreto”, no qual os engenheiros que recebiam o prêmio de suas mãos tinham neste momento a sua maior alegria. Incansável, avaliando sempre cada detalhe, fazendo questão de estar sempre que lhe foi possível presencialmente na cerimônia de entrega em confraternização com todos”.

Poesia no concreto
O famoso professor chinês T. Y. Lin, renomado especialista e autor de livros em concreto protendido, em uma palestra proferida durante uma convenção do American Concrete Institute fez uma adaptação para o pré-moldado do que havia criado para o concreto protendido. 
O mundo inteiro não passa de um palco
Os atores são as técnicas do concreto, entrando e saindo no instante certo.
O pré-moldado entra com suas faculdades numa peça onde os atos são sete idades.
No início é a infância nas fôrmas dos moldadores.
Vai o pré-moldado misturando todo dia e depois sazonando.
Segue-se o estranho estudante com esmero preparado por engenheiro criativo e por contratista forte e pujante.
Com sucesso evolui mas consome muito alimento ativo.
Surge então o enamorado cuja vida raramente é suave.
Apreciado por uns, por outros rejeitado, em cima de andaime simplificado é verdade, mas tem movimentações tolhidas, ligações sísmicas pouco desenvolvidas.
Agora entra em cena o soldado em massa no mundo pré-moldado.
Cabos de protensão enrijecem as aduelas e o epóxi segura todas elas.
Logo vem o sucesso e a euforia e o dinheiro rola para os fabricantes enquanto o pré-moldado contenta a maioria.
Na sexta idade penetra nas estruturas portuárias, marítimas ou lunares enfim.
Sonhos de visionários e de homens em suas torres de marfim.
Último ato: após uso geral entra no esquecimento termina a história do pré-moldado rica de evento, como uma história de processos e de materiais, igual à da madeira,do aço, dos concretos tradicionais, como outra coisa qualquer.
T.Y. Lin *O poema foi publicado originalmente pelo Professor Vasconcelos para a Revista TQS News, em 2010.

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