DE OLHO NO SETOR
A atuação de mulheres no setor têm aumentado na última década, mas ainda há muitas oportunidades em diversos segmentos para alavancar a participação feminina, desde a área de projetos com o sistema construtivo, passando pela operação e liderança nas indústrias, nos fornecedores e construtoras até o trabalho no canteiro de obras
Mulheres estão ocupando um espaço cada vez maior no setor de pré-fabricados de concreto, atuando nas áreas técnicas, produção e canteiro de obras, em cargos de liderança e de importância estratégica, contribuindo fortemente para o desenvolvimento sustentável do setor
A engenharia civil brasileira tem se notabilizado por suas obras icônicas e por seus profissionais, que desenvolvem projetos ideias para o extenso território nacional. Ao longo do tempo, o perfil, majoritariamente masculino, passou a ter a presença cada vez maior de mulheres, que trouxeram contribuições fundamentais para a evolução técnica e o desenvolvimento sustentável do setor. Atualmente, é possível ver homens e mulheres trabalhando juntos para a construção de ambientes inteligentes, sustentáveis, funcionais e acolhedores, seja em escritórios de arquitetura e escritórios de engenharia, em construtoras, nas indústrias do setor e nos canteiros de obras.
Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), mostram que, em 2023, o percentual de mulheres registradas como engenheiras no Brasil foi de 20%, um crescimento de 1% em relação a 2022. Isso significa que, de um total de 1,1 milhão profissionais da área, 200 mil são do sexo feminino. Esses dados incluem profissionais de vários segmentos, como a engenharia civil.
“Essa mudança é importante e significativa, pois quando comecei a atuar em canteiros de obras no Brasil, eram pouquíssimas mulheres nessa área, o que causava até mesmo uma certa estranheza para as pessoas que passavam ao local, pois não era comum ver mulher no meio de uma obra. E, essa realidade também permeava os escritórios de engenharia e as indústrias, principalmente, na área de produção e de engenharia. Em departamentos administrativos, de recursos humanos e marketing era mais comum a atuação feminina”, afirma a engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic.
Com alto percentual de mulheres em funções de liderança, Precon tem buscando promover o aumento da representatividade feminina, projetando-as no mercado de trabalho, através da valorização e formação
A pré-fabricação de concreto caminha junto com a engenharia brasileira, o que significa que há algumas décadas, poucas mulheres atuavam no segmento. Nesse sentido, Íria foi uma das pioneiras, tendo participado antes mesmo do início da criação da Abcic, há mais de 20 anos, como consultora de uma importante indústria paranaense do setor.
“Ao acompanhar o desenvolvimento tecnológico e mercadológico do ecossistema da pré-fabricação de concreto, vejo como as empresas têm buscado o caminho da responsabilidade social, ou seja, atuando em prol da diversidade, a fim de que homens e mulheres trabalhem juntos, pois acredito na questão de complementaridade, afinal cada um tem suas características”, explica Íria.
O avanço da participação feminina no setor é notável. Cada vez mais, é possível encontrar um número maior de mulheres atuando em diversos departamentos, o que desmistifica conceitos ultrapassados que impediam a atuação feminina em áreas de operação. Além disso, Íria lembra que as escolas de engenharia civil estão igualmente com mais universitárias em seus campus, o que estimula a maior participação em escritórios de engenharia ou departamentos técnicos ou de engenharia de construtoras e indústrias.
Na área de pré-fabricado de concreto, as indústrias associadas à Abcic comentam que trabalham para ampliar a participação feminina. Das empresas respondentes à entrevista da Industrializar em Concreto, percebe-se que as mulheres no setor pode chegar a 20% do total de empregados, e que elas atuam em diversas áreas, desde a administrativa, operacional e técnica. Em algumas companhias, esse percentual pode ser maior, de até 50% na área técnica, com igualdade na quantidade de engenheiros e engenheiras.