ABCIC EM AÇÃO
A economista Ana Maria Castelo, da FGV, apresentou os dados da sondagem do setor durante o Abcic Networking XII, que contou também com a apresentação do engenheiro Roberto Curra, da Curra Engenharia, sobre o método da maturidade no concreto
A coordenadora da FGV iniciou sua apresentação trazendo o contexto dos últimos três anos (2020 a 2022), que englobam os dados da sondagem. Segundo ela, o Brasil e o mundo passaram pela pandemia e sentiram seus efeitos, tanto é que em 2020 houve uma retração econômica global, com 2021 tendo uma recuperação em “V”. Para 2022, há a estimativa de crescimento, porém em menor escala.
“Na construção, o desempenho foi espetacular, com crescimento de cerca de 10%, resultado de um contexto bastante diferenciado, uma vez que setor foi considerado atividade essencial, o que manteve as operações da empresas, e o Brasil chegou a menor taxa de juros da história. Para 2022, a perspectiva é de uma nova taxa de elevação de 6,4%, superando a projeção do início do ano”, explicou.
A economista lembrou que a construção é um setor heterogêneo, mas o grande crescimento tem vindo do mercado formal, ou seja, das obras empreendidas pelas empresas. Com isso, houve um crescimento também na abertura de vagas e contratações. “O segmento ainda é intensivo de mão de obra e o emprego cresceu na casa de dois dígitos, impulsionado pelo mercado imobiliário e pela infraestrutura”, avaliou.
Ela tratou ainda do aumento dos custos de materiais em 2021, devido à quebra das cadeias de suprimentos globais, que acarretaram em falta de insumos e subida de preços. Como resultado, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) dos materiais acumulou aumento de 34,3% em doze meses. “O preço do cimento chegou a dobrar e o aço subiu exponencialmente, o que levou a pressão do custo, influenciando nas estratégias empresariais, no aumento das importações e na formação de estoque”.
A pesquisa da FGV com os associados da ABCIC aconteceu entre os dias 12 de setembro a 18 de outubro, com questões qualitativas e quantitativas, e conclui que o setor alcançou um volume de produção em 2021 mais de 770 mil m³, com consumo de 266,3 mil toneladas de cimento e 133,7 mil toneladas de aço. São 7,7 mil empregados no setor. Em relação ao consumo de cimento e de aço houve um aumento na ordem de 20% e 93%, respectivamente, em 2021 na comparação com 2020. Segundo a economista, a elevação no consumo de aço foi resultado da preocupação com os preços e falta do produto, levando as empresas a manterem seus estoques.
O ranking de setores que mais utilizaram as estruturas pré-fabricadas de concreto, em 2021, foi composto por indústrias, centros de distribuição e logística, varejo, infraestrutura, edifícios comerciais, outros, shopping centers e habitacional. O destaque fica por conta das contratações nas áreas de infraestrutura, que cresceu 13,6% ante 2020 e CDLs, que aumentou 23,1% em comparação com o ano anterior.
A sondagem da FGV apontou ainda que a indústria ampliou a contratação de pessoas em 11,7% em 2021 ante 2020, enquanto a produção cresceu 32%. Esse último dado foi superior ao crescimento da produção de artefatos da concreto, cimento, gesso, fibrocimento e materiais semelhantes (11,7%) e da indústria de materiais de construção (8,1%).