INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Consolidado no país, o sistema construtivo está ampliando sua participação tanto em grandes obras como em projetos de menor porte, mas com conceito arquitetônico diferenciado, principalmente em empreendimentos residenciais e comerciais
Outros desafios apresentados no desenvolvimento do projeto estrutural foram: adequar as dimensões dos elementos estruturais ao layout arquitetônico, permitindo o maior número de vagas de estacionamento possíveis; limitação de altura entre pavimentos, devido à inclinação das rampas, restringindo a altura das vigas para atender ao pé-direito mínimo; e parte dos edifícios com grande variação no nível das fundações e pavimentos, refletindo em uma grande variação no comprimento dos pilares. “Tal fato também impôs dificuldade na análise estrutural, no que se refere à distribuição dos esforços entre os elementos pré-fabricados e as fundações”, avalia Philippi, que acrescenta ainda dois outros fatores: edifícios alinhados às divisas e/ou a outros edifícios, impondo a utilização de emendas metálicas na base, para ligação com os blocos de fundação; imposição por parte do cliente para que as ligações metálicas fossem todas embutidas e posteriormente grauteadas.
Rigor na produção dos elementos propicia o perfeito encaixe na montagem das peças e alinhamento perfeito dos painéis
No caso da MRV Engenharia, Costa destaca dois grandes desafios no projeto, em decorrência de seu tamanho: o desenvolvimento de um sistema segurança para os trabalhadores envolvidos na construção e a questão logística, porque as obras se iniciaram juntamente com a execução do loteamento. “Há um grande estudo de logística para executar os empreendimentos sem a infraestrutura necessária, como viário, saneamento, energia.
Canteiros de obra mais limpos e com baixa geração de resíduos, além de baixo impacto no entorno densamente povoado, são vantagens de uso dos pré-moldados
Tudo foi pensado e planejado para atender as obras juntamente com a execução da infraestrutura”, salienta.
A logística também foi um grande desafio para a Marna, uma vez que a distância entre a fábrica e o canteiro, situado à zona Noroeste de São Paulo, é de 400 quilômetros. “Houve um grande planejamento para o transporte das estruturas pré-fabricadas de concreto. Chegamos a ter quatro obras em montagem simultaneamente, o que demandou 16 cargas de carreta por dia”, evidencia.
Obras de pequeno porte, mas com destaque para arquitetura
Além das obras de grande porte na área de edificações residenciais, o pré-fabricado de concreto também vem se destacando neste segmento, porém com projetos especiais. Vencedor da Menção Honrosa do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, em 2017, a Casa das Pérgolas Deslizantes é um exemplo desses novos horizontes da construção industrializada de concreto.
De acordo com o arquiteto urbanista Fernando Forte, sócio do escritório FGMF, a Casa das Pérgolas Deslizantes surgiu após muito estudo, a fim de atender duas ideias distintas. “O cliente havia visto um de nossos projetos, a casa Tic-Tac, composta por diversas partes móveis, permitindo que o seu usuário pudesse reconfigurar coberturas, sombreamentos e os próprios cômodos, além da relação interno versus externo. O cliente gostou bastante do conceito. No entanto, sua mulher preferia uma casa mais convencional e estática. Essa dualidade nos levou a Casa das Pérgolas, que alia a interação do usuário com a casa e investiga uma série de questões de percepção espacial e ocupação do terreno”.
A construção da casa foi feita com painéis autoportantes em concreto, usualmente utilizados em galpões da indústria brasileira. A empresa responsável pelo fornecimento, transporte e montagem de paredes duplas em concreto armado foi a Sudeste Pré-Fabricados. “A parede dupla é composta de duas placas de concreto unidas por treliças, formando um núcleo vazio, que pode ser preenchido com concreto ou material termoacústico, dependendo do seu uso. As duas faces da parede são extremamente lisas”, conta Divanir Casagrande, diretor da empresa, que enfatiza que essas estruturas são produzidas em uma fábrica totalmente automatizada.
Segundo ele, as paredes duplas, apesar de ser uma tecnologia que existe na Europa há mais de 30 anos, se renovam sempre com a introdução de novas tecnologias, envolvendo, por exemplo, robôs, tanto para a produção direta, como para partes que agregam conforto térmico, injeção de poliuretano expandido, núcleo em eps, lã de vidro, entre outros, ou ainda para produção de paredes com acabamento arquitetônico, como superfície polida, relevos, texturas e cores.