INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Solução construtiva sempre é avaliada na etapa de projeto e tem sido cada vez mais empregada em obras de infraestrutura rodoviária e de mobilidade urbana, contribuindo de forma direta para a redução do prazo, de custos, do período de interferência nas operações, de desperdícios e de exposição a riscos de segurança no ambiente da obra
Paulo Oscar Auler Neto: "O maior uso das estruturas pré-fabricadas em obras de infraestrutura estão ligadas ao avanço do BIM, tecnologias de concreto e equipamentos com mais capacidade de elevação de carga"
Na avaliação de Paulo Oscar Auler Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), outros fatores que corroboram para um maior uso das estruturas pré-fabricadas em obras de infraestrutura são o avanço da tecnologia do concreto protendido, os softwares de cálculo estrutural, o BIM (Building Information Modeling), e a disponibilidade de elementos de elevação cada vez com mais capacidade de carga a exemplo dos guindastes e das treliças lançadoras.
“As estruturas estão se tornando mais complexas, delgadas e presentes em diversos tipos de obra. No passado o mais comum eram as vigas de concreto das pontes e viadutos. Atualmente, se notam, além das tradicionais vigas das pontes e viadutos, estruturas de praças de pedágio pré-fabricadas, revestimentos de túneis em seguimentos pré-fabricados, dormentes ferroviários em concreto, estruturas de proteção contra ondas nas áreas costeiras, colunas e pilares diversos em concreto pré-fabricado, estacas de fundação, escadas, canaletas e sistemas de drenagem, entre muitos outros elementos”, detalha Auler Neto.
OAEs 3, 4 e PS1 do Contorno Viário de Florianópolis
Cliente: Arteris – Autopista Litoral Sul
Volume de concreto: 9.650 m³
Tipos de peças: pré Lajes e vigas pré fabricadas
Projeto estrutural: Setenge Serviços Técnicos de Engenharia Ltda
Indústria de Pré-Fabricados: Tranenge Construções
Período de execução: setembro de 2022 a novembro de 2023
Ele acrescenta outra aplicação: na função de fôrma no processo de construção de lajes de grande tamanho, onde são instaladas placas em concreto pré-moldado, eliminando as fôrmas de madeira e o escoramento, e permitindo o trabalho simultâneo tanto na parte superior como na inferior da estrutura em construção. Antes, isso não era possível, pois era preciso que o escoramento fosse removido após o período de cura do concreto. “Por isso, a aplicação da pré-fabricação em concreto é um caminho sem volta e que tende a se expandir cada vez mais, pois possibilita também uma grande redução no prazo de execução da obra, melhoria no padrão de qualidade, aumento da segurança dos operários e redução de custos”, destaca.
Fernando Stucchi: "Para as obras de superfície, como OAEs a procura de soluções industrializadas tem sido uma constante"
Segundo o engenheiro projetista de estruturas Fernando Stucchi, da EGT Engenharia, que é também professor da Universidade de São Paulo (USP), para as obras de superfície, como OAEs, a procura de soluções industrializadas, como na ponte do Guaíba, tem sido uma constante. “Nessa linha estamos com uma proposta de trocar trechos de pontes nas marginais de São Paulo, usando a montagem da superestrutura toda pré-fabricada próximo da ponte em questão. Em um fim de semana suspende-se a estrutura atual, trocando-a pela nova, e colocando-a no local de montagem para posterior demolição”, diz.
Para atender as demandas da obra, foi necessário montar uma pista de fabricação das estruturas no próprio canteiro de obras e a etapa de montagem exigiu a elaboração de um plano de rigging, com o uso de guindastes e conjuntos transportadores