PROJETANDO COM PRÉ-FABRICADO
Após o sucesso obtido nas Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro, na Copa de 2014 e também nos Jogos Pan-Americano de 2007, o sistema construtivo está consolidado como alternativa eficiente na construção e reforma de estádios e arenas multiusos, e mostra sua adaptabilidade para atender novos projetos inovadores e cronogramas ousados
Para atender o projeto, a Precon contou com uma equipe de mais de seis engenheiros, cinco desenhistas e quatro analistas para execução da edificação do estádio, do estacionamento e da esplanada. Eles trabalharam desde a concepção ao detalhamento do projeto.
Um dos principais desafios esteve relacionado ao grande número de elementos: 21 mil tipos de peças diferentes, 3,5 mil cargas, 2,7 mil peças de arquibancada com sete tipologias diferentes; e 400 vigas de arquibancada com seis tipologias diferentes, o que exigiu um alinhamento entre as diversas disciplinas e um planejamento assertivo e detalhado.
Abdala e Silva explicam que a estrutura pré-fabricada de concreto foi projetada para atender de forma completa o projeto arquitetônico, desenvolvido pelo escritório de arquitetura, Farkasvölgyi Arquitetura, respeitando as características e particularidades da obra.
Segundo Bernardo Farkasvölgyi, diretor da FARKASVÖLGYI Arquitetura, para a obra da Arena MRV houve um diálogo entre a arquitetura e a indústria de pré-fabricado de concreto para as adequações e adaptações dos dois lados. "Parte da estrutura do projeto é composta de elementos já existentes no catálogo da Precon, que foram inseridos no nosso modelo de construção e utilizados no projeto final. Já para outros elementos, como as arquibancadas e sua estruturação, foram desenvolvidos novos modelos devido à especificidade do projeto e suas comunicações com a estrutura metálica", contou.
O formato da obra, com diversos trechos em curva, levou a individualização de peças, diminuindo a repetitividade dos elementos e exigindo maior atenção tanto no projeto como na fabricação na indústria. “Para atender aos projetos arquitetônico e estrutural, a geometria as peças exigiu um desenvolvimento de moldes, dispositivos de içamento, transporte e montagem especiais e processos de fabricação diferenciados”, contam Abdala e Silva.
Desse modo, a indústria realizou um estudo para a execução das estruturas em pré-fabricado de concreto, a fim de otimizar o uso dos recursos de fabricação, transporte e montagem, de forma simultânea. As etapas de execução foram definidas em conjunto com as demais disciplinas da obra. O planejamento foi elaborado para evitar estoque de peças e garantir a continuidade da montagem.
Todas as peças foram identificadas com marcações e um QR Code, que permitem contar a história de cada elemento e registrar todas suas informações, o que garante um controle de qualidade, acompanhamento de cada etapa, e contribui para o sequenciamento correto e exatidão da montagem, com precisão milimétrica de todos os elementos e rastreabilidade assegurada.
A movimentação de pessoas será intensa na Arena MRV, seja em dias de jogos do Atlético Mineiro ou em eventos especiais. Por isso, a vibração foi uma preocupação na concepção do projeto. Assim, foram realizados ensaios de túnel do vento para estudar o comportamento das estruturas, garantindo seu desempenho, estabilidade, qualidade e segurança.
Pela quantidade de peças a serem movimentadas, a logística exigiu planejamento intenso e acompanhamento assertivo, totalizando 3500 cargas de peças para o canteiro de obras. O processo de montagem também foi complexo e foi feito em conjunto com a estrutura metálica. A estrutura pré-fabricada de concreto foi composta com elementos de grandes dimensões e peso, como as vigas de arquibancada com peso de até 35 toneladas, comprimento de até 21 metros e balanço de 7 metros, montadas atravessando a seção de Pilar em H. Para isso, foram utilizadas gruas e guindastes de grande capacidade e foi necessário ter no espaço até oito equipes trabalhando de forma simultânea.
O projeto também primou pela sustentabilidade. O canteiro de obras tem o conceito de ser limpo, por usar sistemas industrializados. Isso diminui a produção de resíduos e o desperdício de materiais, reduzindo o tempo de obra e, consequentemente, gastos com água, energia e descarte de resíduos. Houve ainda menor geração de resíduos advindos do processo de fabricação, logística e montagem da indústria de pré-fabricados de concreto. A Precon também utilizou a areia de refinamento da Vale como agregado miúdo na composição dos traços em grande parte das peças produzidas.