INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Ainda aquecida e com projeções otimistas para o futuro, construção de Centros de Distribuição e Logística confirma o papel decisivo das estruturas pré-fabricadas de concreto ao assegurar rapidez, menor custo e qualidade final nas obras
As estruturas pré-fabricadas de concreto são ideais para construção de centros de distribuição e logística por permitir grandes vãos
Para Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic, que recentemente ministrou uma palestra no evento Construtech, promovido pela PINI, direcionado especificamente a este mercado e que trazia uma abordagem sobre como contratar esse tipo de obra, não podemos nos esquecer que a origem do produto que hoje atende a este mercado é o tradicional “galpão”. “Trata-se de um tipo de obra extremamente modular, que permite um elevado grau de repetitividade de peças, mas que, ao longo do tempo, vem sendo tratada de forma diferenciada também pelos arquitetos, com destaque para as fachadas. Em paralelo, ao longo dos anos, não somente pelo desenvolvimento tecnológico do setor, mas também pela melhoria de gestão das empresas no que tange a aspectos de qualidade, segurança e cuidados ambientais, que possibilitaram o crescimento estruturado, houve um incrementando no uso do concreto protendido. Isso possibilitou a introdução de vãos maiores, de fundamental importância para o aproveitamento dos espaços nos CDLs, medido em m³/m² (área útil de estocagem/área construída)”, diz Íria.
A presidente-executiva da Abcic lembra ainda que esse conceito é chamado por especialistas da área de cubagem que leva em conta não só os vãos, considerando necessidades de manobras de tipos diferentes de empilhadeiras, como também a altura que, segundo dados setoriais, já foi de 8 metros, hoje está em 12 metros e há projetos que chegam até a 18 metros. “Evidentemente que aumentando a altura, a engenharia de estruturas e tecnologia de concreto serão mais solicitadas, posto que passa a existir um forte impacto das cargas sobre o piso”, diz Íria.
Salientando que o tema piso não abrange o escopo da Abcic, Íria lembra que as tecnologias aplicadas para sua execução também evoluíram significativamente, contribuindo de forma expressiva para o incremente de qualidade experimentado no segmento. “A locação destes espaços por investidores, usualmente do ramo Build-to-Suit em condomínios logísticos, se dá por volume de ocupação, posto serem locados por área, mas operados por volume e não é incomum observar, em anúncios de venda desses empreendimentos, o destaque para a capacidade de resistência do piso em toneladas/m²”, comenta Íria.
Com relação à contratação da obra, ela observa ainda que é de fundamental importância que os prazos estejam claramente definidos após uma visita detalhada ao local da obra. Nessa ocasião se deve, previamente, estudar a melhor logística de montagem, as formas de acesso ao local da obra, além de fazer uma avaliação detalhada de possíveis interrupções durante os trabalhos, como a existência de ume rede elétrica ou de construções em execução nas vizinhas que, além de requerer cuidados em relação à segurança como em todo tipo de obra, poderiam limitar a ação dos equipamentos de montagem.
A dirigente também chama atenção para que o cliente observe os requisitos técnicos que devem estar claramente definidos entre as partes como atendimento integral da NBR-9062 – Projeto e Execução de Estruturas Pré-moldadas de Concreto, em sua versão atual. No entender de Íria, seria ainda desejável (não obrigatório) que a empresa contratada para executar a estrutura pré-moldada possuísse o Selo de Excelência Abcic (ver matéria na página 30).
Não sendo possível a contratação de uma empresa certificada, Íria recomenda que o cliente visite a planta de produção antes da contratação e se assegure do atendimento a prazos e, especialmente, de requisitos técnicos advindos principalmente de um controle de qualidade bem estruturado, das instalações organizadas e com bom nível de manutenção de seus equipamentos e, sobretudo, dos cuidados em relação à segurança do trabalho. “Se a integridade dos funcionários não é prioridade na empresa, qualidade seria? Há que se ter muito cuidado em saber se, num comparativo de custos para análise de viabilidade, as bases da contratação estão de fato equiparadas”, afirma.
Por fim, Íria recorda de uma entrevista concedida pelo arquiteto Marcel Monacelli, especializado no mercado imobiliário, e editada, em 2012, pela revista Buildings Industrial (www.buildings.com.br). Num trecho da entrevista, Monacelli diz: “referente à construção que adota usualmente três processos estrutura pré-moldada, mista (cobertura metálica) e pisos industriais, os usuários questionam como a obra foi feita, pois a utilização contempla uma atividade mais bruta. A construção precisa ser robusta, ter elegância estética e principalmente deve atender a demanda de ocupação”.
De acordo com Íria, o termo “robusta”, mencionado pelo arquiteto, significa, para a área do concreto estrutural, dois aspectos fundamentais: resistência e durabilidade. “São fatores que dependem não somente de projeto, mas também de rigoroso controle de qualidade durante a execução, especialmente por que prazos cada mais ousados levam a necessidade de montagem de peças com concreto em baixas idades que devem atender, de forma criteriosa, os requisitos e especificação da NBR 9062”, completa Íria. “Atendidas as especificações, podemos esperar uma velocidade que garante a viabilidade do empreendimento, aliada à segurança estrutural, que é fundamental durante o uso destes galpões, sem mencionar o baixo custo de manutenção”, diz Íria.
Algumas das obras citadas ao longo da reportagem são oriundas do banco de dados da Abcic, que vem sendo paulatinamente formado pelas próprias empresas associadas. “Boa parte desse “cases” fizeram parte, de forma organizada, do Prêmio Obra do Ano, importante ação para projeção das realizações das empresas, além de ser uma amostra e uma forma de divulgação das possibilidades em todo o país das empresas associadas”, conclui Íria.