Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 29 - setembro de 2023

ARTIGO HISTÓRICO

Profissionais idealistas impulsionaram o desenvolvimento da pré-fabricação no Brasil

Segundo Alves, “em praticamente todos os eventos do setor, em especial, os promovidos pelo IBRACON, a empresa envia profissionais para adquirir conhecimentos e se atualizar sobre as melhores práticas e aplicações do mercado”.

Precon (60 anos)

A história da empresa repete o padrão já exposto, com pequenas variações. Ela foi o resultado da parceria entre o engenheiro Milton Vianna Dias, que  era acionista da Cimento Cauê, e seu ex-professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), José Zamarion Ferreira Diniz, que acabara de concluir sua pós-graduação na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, sobre a ligação entre o concreto pré-moldado e o moldado no local.

Com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa foi montada em Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, em 1963, numa área de 20 mil m2. Nela foi construída uma pista de protensão de 150 m de comprimento, com cabeceiras de ancoragem nas extremidades. 

Augusto Carlos de Vasconcelos, fundador e responsável técnico da Protendit, e Paulo Lorena, fundador da Sobraf (Sociedade Brasileira de Fundações), únicas empresas com pistas de protensão na época, deram consultoria para construção da pista da Precon, cujos macacos foram adquiridos da firma do engenheiro Rudloff, no Ipiranga, em São Paulo.

Professores José Zamarion e Augusto Vasconcelos, precursores e indutores do desenvolvimento da indústria de pré-fabricados no Brasil, recebem homenagem da ABCIC na presença da sua presidente-executiva, Íria Doniak

Nesta fase inicial, a empresa produzia cochos, mata-burros, galpões leves e vigas para ponte, sendo seus principais clientes pequenos fazendeiros na região. Logo depois, a Precon, visando clientes no setor comercial e industrial, projetou, calculou e produziu estacas protendidas de seção quadrada, com quatro fios de protensão, um em cada canto, e postes de seção variável, que não se mostraram lucrativos, sendo sua produção posteriormente abandonada.

A produção girava em torno de 1000 toneladas por mês, principalmente por conta do descrédito dos construtores brasileiros em relação à construção industrializada. Já se falou aqui do debate entre os profissionais em torno de se incentivar o emprego da pré-fabricação ou de manter a construção convencional.  Como vimos a industrialização da construção era aplicada em poucas obras no Brasil, geralmente as que demandavam uma construção rápida, com cronograma curto. “O início da empresa foi muito difícil, até os clientes perceberem as vantagens de comprar uma obra com qualidade conhecida e custo conhecido”, acrescenta Bruno Simões Dias, diretor da Precon Pré-Fabricados.

O concreto produzido para atender à fabricação das peças neste período era de 25 MPa e a empresa foi privilegiada por sua localização geográfica: ela está situada no maior polo cimenteiro do Brasil.

Segundo Simões Dias, desde seu início a empresa contou com central de concreto e laboratório próprio de controle tecnológico do concreto, realizando ensaios de resistência do concreto, módulo de elasticidade e início e fim da pega.

José Zamarion foi responsável técnico na empresa por muitos anos e participou ativamente das atividades do IBRACON desde sua fundação, tendo sido seu presidente nas gestões de 1993-1995 e 1995-1997.

Foi nos anos de 1970 que Zamarion projetou vigas pré-fabricadas com vãos de 30 m para galpões industriais, para suportar pontes rolantes com capacidade de 200 toneladas. Segundo ele, em entrevista concedida para a revista CONCRETO & Construções n. 53, “pela primeira vez, as estruturas de aço no Brasil em obras dessa finalidade tiveram a concorrência do concreto, o que mostrou as verdadeiras possibilidades do material do ponto de vista econômico e técnico”.

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