INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Segundo ele, somado aos diversos desafios estruturais presentes neste projeto, estavam a necessidade de grandes vãos para uso corporativo e comercial, as diversas interações entre projetos complementares, a esbeltez das torres e o uso de ensaios em túnel de ventos, e a concepção de 12 contrafortes de concreto armado para suportar os empuxos de terra nos subsolos das torres.

Com 115 metros de altura, 24 pavimentos e um heliponto projetado em estrutura metálica, a Torre Sucupira (C1), de uso corporativo, teve cerca de 1500m2 de área estruturada no pavimento tipo. Sua estrutura foi projetada com um sistema com pilares-parede (shear wall), pilares retangulares moldados in-loco, pré-vigas e lajes alveolares pré-moldadas protendidas.

França contou que, no sistema de pré-vigas, a parte inferior das peças foi concretada numa primeira etapa fora do local definitivo (no canteiro de pré-moldagem) e posicionada com auxílio de grua na posição final. Já a parte superior das vigas foi posteriormente solidarizada com a capa das lajes pré-moldadas após o posicionamento das mesmas.

“O sistema de pré-vigas e lajes alveolares pré-moldadas protendidas possibilitou vencer vãos de até 10 m para as vigas com alturas de 60 cm, e vãos de 10 m para as lajes alveolares protendidas com espessura total de 27cm. Apesar da altura total de 27 cm nas lajes, o sistema de lajes alveolares pré-moldadas resultou em uma grande redução de peso da estrutura, devido a seus vazios (alvéolos) que possibilitaram um peso equivalente a lajes convencionais de 18 cm”, explicou França, que acrescentou que as soluções pré-moldadas escolhidas possibilitaram a otimização executiva do sistema estrutural como um todo, resultando em um alto grau de industrialização do processo, agilidade na execução, redução de prazos e aumento considerável da qualidade final do produto.

Na avaliação de França, o sistema construtivo também foi especialmente importante para vencer os desafios do projeto estrutural do embasamento fora da projeção das duas torres. “Em consonância com o conceito de industrialização que norteou todo o empreendimento, optamos, nesta área, pelo uso de vigas pré-moldadas distribuídas em uma única direção com vãos de 7,5 m, e lajes alveolares distribuídas na outra direção, também com vãos de 7,5 m. A escolha por este método construtivo, em tipologia unidirecional, permitiu estabilidade, segurança e otimização à estrutura ao mesmo tempo que possibilitou uma melhor distribuição dos sistemas complementares, como o hidrossanitário, minimizando as interferências comumente encontradas em embasamentos e subsolos de grandes empreendimentos”. Parte das estruturas pré-moldadas foram concebidas em conjunto com o engenheiro Francisco Oggi, da Empório do Pré-moldado.

Ricardo França: "As soluções pré-moldadas de concreto possibilitaram a otimização executiva da estrutura"

Trimais Places

O empreendimento Trimais Places que reúne um supermercado, shopping center e uma torre comercial de 14 andares, recebeu o Prêmio na categoria Obras Especiais. Com 120.000 m² de área construída, abrange diversas tecnologias construtivas, como as estruturas pré-moldadas de concreto. O projeto utiliza a tecnologia BIM, desde a concepção do projeto, passando por todas as fases do planejamento, controle de qualidade, monitoramento e guia de instalações e O&M. A obra é do consórcio formado pelas construtoras Passarelli e Método Engenharia. O projeto é do escritório de arquitetura de Jayme Lago.

A estrutura do mercado e do shopping foi construída com pré-fabricados de concreto. Foram empregadas mais de 13 mil peças estruturais e um volume de concreto de 18,7 mil m³, sendo quase 3,9 mil de pilares e vigas, com quase 8,3 mil m³ de concreto, e mais de 9,6 mil lajes, com mais de 10 mil m³, transportadas por carreta da fábrica da Leonardi.