INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

De acordo com Marcelo Cuadrado Marin, diretor de Engenharia da Leonardi, o principal desafio desse projeto foi transformar as estruturas de contraventamento originalmente concebidas no sistema convencional in loco em soluções industrializadas de concreto pré-fabricado. “As estruturas de contraventamento contribuem para a estabilidade global da estrutura e usualmente ficam localizadas junto as caixas de escadas e elevadores. A solução empregada foi obtida pela associação de elementos em formato de “H” que proporcionaram rigidez a estrutura e são mais leves quando comparados a elementos maciços”, contou.

O principal desafio do Trimais Places foi transformar as estruturas de contraventamento originalmente concebidas no sistema convencional in loco em soluções industrializadas de concreto pré-fabricado

A estrutura utilizada para a obra apresentou também desafios, como os balanços nas regiões das esteiras rolantes, escadas com patamares suspensos por tirantes, altura reduzida do sistema de pavimento, composto por viga, laje alveolar e capa.

Marcelo Cuadrado Marin: "O emprego de concreto de alta performance com fck de até 90 MPa também foi muito benéfica, pela redução de taxas de armadura, de seções transversais"

Ao pré-fabricar as estruturas de contraventamento foi possível a completa industrialização de todos os componentes, proporcionando todos os benefícios da industrialização em concreto. Segundo Marin, o emprego de concreto de alta performance com fck de até 90 MPa também foi muito benéfica, pela redução de taxas de armadura, de seções transversais, contribuindo para diminuição dos volumes produzidos e transportados.  

Marin ressaltou que a adoção de um sistema construtivo industrializado é determinante na viabilidade econômica de um empreendimento comercial, pelo retorno mais rápido do investimento, proporcionado pela antecipação do início de operação do negócio, com previsibilidade de prazos e custos, em um canteiro de obra mais enxuto e seguro. “O planejamento e a  execução do empreendimento como um todo também são beneficiados, via compatibilização dos projetos com as demais disciplinas sem imprevistos no canteiro, emprego intensivo do conceito BIM e atuação em mais de uma frente de montagem”.

A montagem do empreendimento foi executada em 314 dias, com início em outubro de 2018. Foram 1330 cargas com um pico de 18 cargas/dia. Inicialmente, a proposta era fornecer as peças em um projeto já estabelecido; os núcleos rígidos seriam montados in loco e o resto seria pré-fabricado. Mas, ao consultar o cronograma, colocou-se em xeque o prazo para execução e, como solução, a Leonardi propôs industrializar todos os núcleos rígidos, o que resultou em uma obra mais limpa, segura e rápida.

A aplicabilidade do sistema construtivo está condicionada a muitos fatores, mas um dos mais relevantes na visão de Marin é a concepção da obra precisa levar em conta a industrialização, com todos os benefícios e particularidades do sistema. Nesse sentido, é importante considerar alguns aspectos, como por exemplo, o emprego do concreto protendido com pré-tração, concretos de maior resistência, maiores vãos de viga, laje e cobertura. 

“Os recursos dos parques industriais instalados para produção dos elementos também devem ser otimizados, pelo uso racional das formas disponíveis e/ou pela utilização de pontes rolantes/pórticos rolantes, assim como o planejamento de transporte e a montagem precisa estar de acordo com os recursos disponíveis em canteiro”, ponderou o diretor da Leonardi. A seu ver, é muito comum obras projetadas no sistema convencional serem transformadas para o sistema construtivo em concreto pré-moldado. “No entanto, o melhor resultado seria obtido com a concepção arquitetônica levando em conta a industrialização desde o início”, complementou.