DE OLHO NO SETOR
Evento foi realizado na sequência do XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, oferecendo a oportunidade de congregar experiências e conhecimentos, realizar networking e por celebrar a engenharia de projetos no Brasil e no mundo
Em sua apresentação, trouxe ainda outros cases, com soluções inovadoras, que adicionam experiências para o projeto de pontoes em arcos, como por exemplo, construção com arco e faixa de stress e construção com meio arco, que são difíceis de serem construídos, no qual foi aplicado o escoramento provisório e as forças axiais são distribuídas através do arco (55%) e da viga (45%).
Kasuga também comentou sobre a ideia do engenheiro francês Michel Virlogeux, que diz que o projeto deve pensar no “fluxo de forças”, afirmando que o fluxo de forças e construtibilidade são essenciais para estruturas sustentadas por cabos, que o ponto de sustentação dos cabos deve estar localizado próximo às almas, o mais próximo possível, e que a rigidez transversal é essencial para uma seção transversal ampla. O exemplo foi uma obra de ponte no Japão, cujo desafio era garantir leveza e rigidez transversal para uma ponte extradorsal de 33 metros de largura, em um único plano, que aplicou estrutura pré-fabricada de concreto sem suporte na construção do vão lateral.
Outros exemplos trazidos por ele englobavam os conceitos de Mathivat e Virlogeux, como projetos de estruturas autoancoradas, que não são fáceis de serem construídas, de pontes de vão único sobre vales e de conversões estruturais. “Nossas experiências podem aumentar a competitividade das pontes de concreto com vãos de 50 e 60 metros, sendo um exemplo o uso de “butterfly web", no qual fui adicionado às experiências para alcançar a fase final, com aplicação de concreto reforçado com fibra.
Em sua apresentação, Kasuga falou sobre inovação, novos processos e a intuição, trazendo alguns conceitos publicados em livros, como por exemplo, que a inovação é ativada quando a mente está em repouso, com base nas memórias que estão no cérebro. Tanto a IA quanto os humanos não podem criar coisas do zero. Mas, a IA não tem habilidade de conectar coisas para criar novos valores. Entretanto, pode ser uma ferramenta útil para aprimorar a criatividade humana.
Sobre o futuro do projeto conceitual, o engenheiro japonês comentou sobre o uso de tecnologias digitais para contribuir com os detalhes do projeto, cálculos, análises e verificações. “Mas, o que muda o projeto conceitual continua a ser o cérebro humano, que hoje precisa pensar em neutralidade de carbono e biodiversidade. Nesse sentido, o pré-fabricado de concreto pode contribuir tanto do ponto de vista ambiental como na questão da escassez de mão de obra”, concluiu.
“Conceptual Design” na era das ferramentas digitais
Aurelio Muttoni: “Minha experiência pessoal demonstra que a parte criativa costuma ser a mais gratificante e a que tem maior impacto na qualidade final da estrutura.”
As ferramentas digitais estão em todos os lugares e a Inteligência Artificial vai mudar as vidas das pessoas. “Não necessariamente para o melhor, se pensarmos sobre o ponto de vista ético e democrático de todos aqueles envolvidos na liderança desse processo”, ponderou o engenheiro Aurelio Muttoni, professor Emérito da Escola Federal Politécnica da Universidade de Lausanne, em sua palestra no International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025. “Acredito que esse tipo de evento é uma boa oportunidade para se ter um fundamento do que devemos fazer em relação a isso”, acrescentou.
Para sua dissertação de mestrado, Muttoni precisou fazer um projeto de uma ponte de forma manual, pois não era permitido o uso de computador. Foram seis semanas de muito trabalho, sendo duas semanas dedicadas ao projeto conceitual. Ele criou três soluções e todos os cálculos foram manuais, com uso apenas de uma régua de cálculo e calculadora. “Foi um trabalho detalhado, mas foi um pouco complicado remontar 100 anos de cálculos estruturais à mão.”, enfatizou.