DE OLHO NO SETOR
Evento foi realizado na sequência do XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, oferecendo a oportunidade de congregar experiências e conhecimentos, realizar networking e por celebrar a engenharia de projetos no Brasil e no mundo
Os engenheiros Leonardo Todisco e Borja Regulez, da Universidade Politécnica de Madrid, ministraram a palestra juntamente com Corres. Regulez comentou a análise do nível de proteção da protensão sob a perspectiva da sustentabilidade, a partir da construção do viaduto Molvizar, na Espanha, feito com aduelas e grautes. “Fizemos um estudo para compreender a eficiência e a ductilidade e quais seriam os impactos nas questões ambientais e de durabilidade”, explanou. Alguns resultados alcançados: colocar menos material protendido pode elevar a ductilidade; ao diminuir a protensão, aumentando o limite útil, pode-se ter diferentes níveis de esbeltez.
“Quais os indicadores que são importantes e quais são os que mais afetam a tomada de decisão no que tange à sustentabilidade? Isso precisa ser visto, ou seja, colocar pesos nos indicadores para se ter uma quantificação precisa de acordo com cada contexto. Os gráficos ajudam a decidir quais as soluções são mais viáveis e adequadas para cada projeto”, ponderou Regulez.
Já Todisco mostrou dois exemplos que envolvem diferentes materiais, que oferecem vantagens competitivas em relação às soluções convencionais. A primeira foi o uso de High-Performance Fiber-Reinforced Concrete (HPFRC) com pós-tensão para construção de pontes rodoviárias, que se mostrou viável, em comparação a duas obras construídas, as pontes de Molvizar e Engaño, com redução de 30% das emissões de CO2, queda de 67% da armadura passiva, menos 53% de consumo de cimento e menos 14% no custo do material. “Vale a pena mencionar que sempre deve ser considerada a vida útil da obra. Mas, como as pontes têm vida útil longa, devido ao desempenho, os ganhos são ainda maiores”, disse. A outra solução foi de alvenaria estrutural com pós-tensão.
“Precisamos desenvolver muitas ferramentas e ter novas ideias para minimizar o impacto das nossas construções. Precisamos ser criativos, ter muito conhecimento, boa pesquisa e transferir os resultados dessas pesquisas para nosso dia a dia, o que é uma tarefa bem difícil. Mas, precisamos estar cientes de que o que sabemos é muito pouco, assim, devemos trabalhar muito e aprender cada vez mais com a história de nossa engenharia”, finalizou Corres.
A natureza do “Conceptual Design”
Akio Kasuga: “O que muda o projeto conceitual continua a ser o cérebro humano, que hoje precisa pensar em neutralidade de carbono e biodiversidade.”
Em 1908, o matemático, físico e filósofo da ciência francês Jules Henri Poincaré publicou o livro Ciência e Método, que mostra que a inovação é insight e seleção, sendo um processo de criar as combinações mais úteis, eliminando combinações inúteis. “Os elementos de diferentes áreas, as informações de campos diferentes são importantes para criar a inovação”, explicou o engenheiro japonês Akio Kasuga, membro executivo da Sumitomo Mitsui Construction, durante o International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025.
No caso do projeto estrutural, vários itens precisam ser considerados e, como dizia o engenheiro francês Jacques Mathivat, “o projeto deveria pensar em como construir”. Nesse contexto, Kasuga apresentou projetos de pontes em arco, em 1930 e 1956. Para ele, cada projeto trouxe uma forma inteligente de construir, adicionando uma nova experiência à forma tradicional.
Na construção em balanço de pontes, o momento fletor é importante. Por isso, ele questionou se existe um método para cabos de sustentação durante a construção em balanço que possa trazer o momento fletor o mais próximo possível daquele durante o rebaixamento. E a resposta trazida foi que se deve tensionar os cabos de sustentação da mesma forma que quando o rebaixamento é concluído para reduzir o momento fletor no arco.