Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 15 - dezembro de 2018

PRÊMIO DO ANO

Soluções com estruturas pré-fabricadas de concreto em evidência

Segundo Cassol, houve liberdade total para resolver a obra. “Mas havia uma pressão externa muito grande para não perder o prazo para entregar o terminal aeroportuário, uma vez que havia uma promessa antiga sobre esse projeto na região", recorda.   
Já a menção honrosa da categoria Infraestrutura foi recebida pela fabricação e montagem das torres eólicas do Complexo Eólico Santo Inácio, em dois estados, no Ceará e no Rio Grande do Norte. A obra é composta por 47 torres elaboradas em concreto pré-fabricado produzido em uma unidade fabril da Cassol Pré-Fabricados a 80 km de distância do local, na cidade de Aracati, no Ceará. A produção total de elementos pré-fabricados de até 17 metros de comprimento contou com a fabricação de 2209 peças denominadas aduelas. Todo o projeto foi elaborado para que a mobilidade do transporte ocorresse dentro das condições existentes nas vias rurais. As peças esbeltas eram armazenadas sob um rígido critério de estocagem que coibia a formação de fissuras e flechas.
Para Antonio Testa Sander, presidente da Cassol Pré-fabricados, que representou a empresa na homenagem ao parque eólico, foi uma surpresa o resultado do prêmio. "Tínhamos uma diversidade grande de obras para inscrever. Especialmente neste momento tão difícil com o país em crise os desafios foram inúmeros, passam por viabilizar comercialmente com soluções que atendam às necessidades por vezes muito específicas. O resultado obtido entre obras igualmente expressivas, nos motiva a buscar novos desafios em 2019".  
O vencedor na categoria Pequenas Obras foi o prédio EMG da Energisa, situado em Cataguases (MG). O edifício multipavimentos, com superestrutura pré-fabricada de concreto armado e protendido, composta de pilares circulares segmentados, vigas e lajes alveolares fornecidas pela Bemarco Estruturas, foi inaugurado em comemoração aos 113 anos da empresa. 
Para Marcelo Bandeira, gerente geral da Bemarco, é muito recompensador receber esse importante prêmio. "Temos um corpo técnico muito comprometido, empenhado e capacitado e ficamos muito emocionados ao saber que recebemos a melhor pontuação entre todas as obras. Isso porque todos nós sabemos o esforço que foi feito, desde a concepção, passando pela fabricação até o processo de montagem, para viabilizar essa obra, que foi concebida em estruturas moldadas in loco e já estava contratada e em andamento, quando entramos no processo".
Segundo o projetista de estruturas Rogério Cierro, o projeto contava com lajes planas nervuradas com espessuras muito baixas. "Nosso desafio foi transformar o que havia sido detalhado no projeto executivo em uma linguagem para o pré-fabricado de concreto, com repetitividade e demais características que o sistema construtivo precisa ter", explana. Apesar de não ser uma tão alta, com cinco pavimentos, possui balanços de três, quatro metros para cada lado, sem apoios intermediários e consolos. "É uma obra extremamente esbelta, toda seccionada, montada pavimento a pavimento. Houve muita engenharia nesse projeto", ressalta. 
Com investimentos da ordem de R$ 40 milhões, o prédio se transformou em um novo marco no Distrito Industrial da cidade, ao adotar uma entrada evidenciada pela empena angulada de grande volume, que abriga o centro de operações da empresa, e um painel artístico iluminado à noite, além de diversos conceitos modernos de sustentabilidade e tecnologia, além do uso de iluminação e ventilação naturais.
O renomado escritório internacional de arquitetura Davis Brody Bond, com sede em Nova York e filial em São Paulo, foi contratado para desenvolver o projeto arquitetônico e os demais projetos dessa edificação, assim como a compatibilização técnica entre eles. “A arquiteta Anna Dietzsch, responsável pelo projeto, precisou estar conosco em diversas reuniões porque o projeto já estava todo compatibilizado”, recorda Bandeira. “A obra possui uma arquitetura superdiferenciada, com muitos balanços, estrutura muito esbelta e pilares redondos. Assim, ela precisou ser milimetricamente projetada, respeitando o projeto arquitetônico. Para isso, tivemos que desenvolver uma forma e um processo de concretagem novos”, acrescenta. 
Anna explica que o projeto tem uma angulação e tem variações em planta e em corte, o que dificultava o trabalho, especialmente, para o pré-moldado de concreto. "Como a obra foi detalhada no projeto executivo com outro sistema construtivo, a Bemarco herdou esse conceito, mas eles venceram de forma exemplar. Conseguimos, dessa maneira, fazer uma parceria de engenharia e arquitetura de maneira harmoniosa", conta.
Segundo Anna, "o sistema adotado garantiu liberdade de solução, possibilitando a adaptação do sistema da Bemarco, aliado a estruturas metálicas e moldadas in loco, evitando o redesenho do projeto em pontos específicos de interesse. Foi assim possível manter o partido arquitetônico em geral. Além disso, adotou-se um encaixe de viga e laje que possibilitou um entreforro livre para a infraestrutura de elétrica e climatização, e o fechamento da fachada inclinada possibilitou rapidez na execução, sem a necessidade de acabamento posterior no painel”.

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