Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 33 - dezembro de 2024

DE OLHO NO SETOR 1

Soluções sustentáveis em pré-fabricado de concreto foram destaque no Concrete Show 2024

A engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, abriu os trabalhos do Seminário e foi a moderadora do evento ao final 



Com a palavra, o contratante
Os argumentos de Freitas na valorização do pré-moldado foram a base da apresentação de Roberto Clara, diretor da Lucio Engenharia, sobre “A construção industrializada e o uso da pré-fabricação em concreto na visão do contratante”.
“Começamos a utilizar sistemas mais industrializados em partes da obra e fomos evoluindo gradativamente. Hoje chegamos em um modelo de obra corporativa com vários itens industrializados, mas pretendemos avançar muito mais. Assim, começamos com o sistema parcial e caminhamos para o total”, afirma Clara, resumindo a trajetória da construtora na aplicação de pré-fabricados, iniciada em 2014, “quando a Lucio nos deu a tarefa de fazer diferente e começou contratando pacotes específicos de estrutura como varandas e foi evoluindo”. A ideia era “não vamos mais construir e sim atuar nos negócios como sócios e empreendedores, contribuindo para o sucesso dos empreendimentos”.
Para cumprir o desafio proposto pelo Conselho da Lucio, a obra passou a ser dividida em grandes pacotes de contratação: contenções, fundações e estrutura em um, ficando fachadas e esquadrias, instalações etc. em outro. Os ganhos apontados por Clara são diversos e ele os divide em dois grupos: tangíveis e intangíveis.
“Os tangíveis, que na relação de custos entre pré-fabricados e estruturas convencionais, podem chegar a 14%, no entanto foge dos custos imponderáveis, como canteiro de obras, riscos de acidentes, número de operários, equipe administrativa e de controle, adiamento de cronograma, entre outros. No caso dos prazos, o projeto inicial envolveu o Dynamic Faria Lima, prédio hoje alugado para o Ibemec. A previsão era de entrega em 150 dias, conseguimos reduzir para 76 dias”, comemora Clara.
Utilizando dados de um estudo realizado pela Falconi, o diretor da Lucio Engenharia quantifica os custos e os riscos com o prazo. “Ao longo de uma década, a Falconi avaliou 500 obras executadas pelos métodos convencionais. Os resultados mostram que 65% do total apresentaram estouro de custo, com a maioria registrando desvios entre 5% e 10%. Com relação aos prazos, os estouros foram computados em 85% das obras, com desvios entre 10% e 20%”, resume Clara.


A indústria de pré-fabricados 
O Seminário foi encerrado com palestra de Felipe Cassol, CEO da Cassol Pré-Fabricados e presidente do Conselho Estratégico da Abcic.  O tema, centrado em “A visão do fornecedor de estruturas pré-fabricadas de concreto na interface com projetistas e construtora”, foi fundamentado em pesquisas do IBRE (FGV) e também na evolução do setor rumo à construção 4.0.
Nesse cenário, a sustentabilidade é preponderante e compreende controle de custos e redução dos desperdícios e dos resíduos, além de possibilitar “liberdade arquitetônica, projetos flexíveis e grandes vãos livres. O pulo do gato está na definição de cinco premissas: peso das peças, núcleo rígido, ligações, transporte horizontal e transporte vertical”, resume Cassol.
Para o palestrante, há várias tecnologias disruptivas para melhorar a produtividade da construção civil e atingir as metas propostas acima, com ganhos indiretos, uma vez que “quanto mais industrializadas as obras, mais economicamente formalizadas. Com isso, aumenta-se ainda a arrecadação de impostos, pois a amarração fiscal reduz significativamente a sonegação fiscal”.
Essas tecnologias – entre as quais estão construção sustentável, modular, off-site, industrializada, pré-fabricada e pré-moldada – também estão relacionadas aos drives de ESG que moldarão o futuro da construção e compreendem a aplicação de métodos sustentáveis e a necessidade de ser socialmente inclusiva e economicamente formalizadas.
A sustentabilidade da construção também permeia os insumos, com menor consumo de cimento, que será mais resistência e categorizado como Net Zero; avanços na tecnologia do concreto, seja em cimentos, agregados, adições, aditivos, UHPC etc.; aparecimento de novos mercados, derivados de painéis leves para fechamentos verticais; e protagonismo das mulheres na montagem, pois obras mais planejadas e off-site demandam menos força da mão de obra.
A sustentabilidade está presente na relação entre estrutura convencional (in loco) e estrutura industrializada off-site levando em conta os três aspectos do ESG, explica Cassol, ao definir o cumprimento da ótica econômica por “solução pré-fabricada, caracterizada por tempos de construção e reparo mais rápidos, antecipando o ciclo financeiro do empreendimento”.
Para ele, o aspecto Social é atendido pela solução industrializada, pois essa “revelou-se muito superior à moldada no local devido à menor exposição aos riscos e transtornos causados na fase de construção para as pessoas envolvidas na construção, além de permitir maior inclusão do público laboral feminino, uma vez que obras off-site demandam de menos força para construir”.
A vertente Ambiental, para Cassol, é suprida pela “conveniência do concreto pré-moldado especialmente do ponto de vista da eficiência dos materiais que podem ser mais facilmente reciclados ou reutilizados, além de significativa diminuição de perdas, da pegada de carbono e do desperdício de materiais.”
No entanto para que todos esses benefícios sejam auferidos, há barreiras à industrialização da construção que necessitam ser superadas. As entendidas por Cassol como prioritárias compreendem a estruturação de programas de educação, saúde, habitação, transportes, social e serviços públicos; a isonomia tributária entre a construção tradicional e a construção industrializada; a redução da insegurança Jurídica, diminuindo a burocracia e agilizando as aprovações legais e as licenças ambientais; a definição de linhas de financiamento e de crédito imobiliário com desencaixe de fluxo financeiro; o incentivo à inovação, via startups e empresas jovens; a difusão do conhecimento técnico, com inclusão de mais disciplinas de construção industrializada em cursos de engenharia e arquitetura. Em sua apresentação, Cassol ainda mostrou uma série de obras utilizando o sistema construtivo. 
O Seminário da Abcic foi encerrado com um debate com os palestrantes, moderado pela engenheira Íria, e contou com o apoio da Cassol Pré-Fabricados, Leonardi Construção Industrializada e Tranenge.

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!