Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 33 - dezembro de 2024

ACONTECE NO MUNDO

Sustentabilidade e resiliência do concreto são fundamentais para o futuro da engenharia

Felipe e Murilo Cassol, Íria Doniak (presidente eleita da fib na gestão 2025-2026), o atual presidente Stephen Foster (Austrália), Giuseppe Mancini (presidente Honorário da fib), David Fernández-Ordóñez (secretário geral da fib), e Marcelo Melo (YMG), celebram o sucesso do evento em Christchurch


Neste segundo semestre de 2024, importantes eventos no contexto internacional também colocaram em evidência a industrialização como forma inteligente de uso do concreto juntamente com outros sistemas e tecnologias. Confira relato de Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, sobre o fib Simpósio e o fib International Conference on Sustainability, promovidos pela International Federation for Structural Concrete (fib)
Entre os dias 11 e 13 de setembro, no Campus da Universidade do Minho, em Guimarães (Portugal), aconteceu o “fib International Conference on Sustainability”, evento que ocorre a cada quatro anos, com o objetivo de integrar engenheiros, pesquisadores, acadêmicos, indústria e investidores para compartilharem suas experiências e discutirem inovações relacionadas à engenharia do concreto  estrutural e sua contribuição para atender as necessidades ligadas às metas para este material que seguramente continuará sendo protagonista na construção civil mundial sendo cada vez mais usado de forma  mais inteligente.

Em ambos os eventos nos chamou a atenção a importante presença e interação  dos jovens , fundamental para a continuidade dos trabalhos nas próximas gerações. 


O avanço tecnológico, em especial da indústria química que envolve não somente os aditivos utilizados nas dosagens do material, pode ser citado, mas também outros aspectos como adições e os sistemas de cura. A nanotecnologia e os geopolímeros já são realidade no contexto global. Associada ao avanço tecnológico de novos materiais, tanto a indústria cimenteira quanto as siderúrgicas, pensando em termos de concreto armado ou protendido e outros materiais como as fibras, têm apresentado novas soluções, evoluindo substancialmente não somente as condições do material em si no contexto da descarbonização, mas também em relação a desmaterialização. Dois conceitos presentes e importantes quando tratamos de um dos três pilares da sustentabilidade, o ambiental. 
A descarbonização está relacionada com a indústria, principalmente dos produtos de base como, por exemplo, os cimentos quando reduzem o percentual de clínquer em sua composição. Por outro lado, a desmaterialização vem associada a possibilidades de uso de distintas tecnologias e sistemas construtivos nos quais o material concreto pode ser adotado, desde a soluções ainda adotadas em canteiro de obras em seus distintos graus de racionalização até a efetiva industrialização. Em todos os contextos, outras tecnologias ainda podem ser lançadas, como a impressão 3D, aplicável ao concreto e também a modelagem durante a fase de projeto.
Não se pode falar em sustentabilidade, sem no entanto trazer ao cenários a formalidade, ou seja, a conformidade técnica e a conformidade fiscal. Estes aspectos têm correlação com uma premissa básica para o tema: a responsabilidade. É fundamental e básico, eu diria, evoluirmos com consciência, bom senso e atentos a todos os impactos que as decisões em todas as suas interfaces podem carretar ao processo de projetar e construir. 
Não atingiremos as metas focando apenas em um dos pilares da sustentabilidade, tampouco se nossas decisões, quer como projetistas, empresas de tecnologia, fabricantes, construtores, administradores e cidadãos, não estiverem relacionadas ao desempenho. 
Por esta razão, as discussões relacionadas ao Código Modelo da fib Model Code 2020, ou simplesmente MC 2020, trazem o tema sustentabilidade de forma transversal relacionado tanto ao desempenho como a visão holística, envolvendo os três pilares: ambiental, econômico (viabilidade técnica e financeira) e o social, ao longo de todo o ciclo de vida de um empreendimento que pode ser uma edifício ou infraestrutura. 
O documento enfatiza que as decisões em relação as novas estruturas, mas também as estruturas existentes, requerem avaliação, manutenção e intervenção quando necessário. Além da resistência do concreto, que é um parâmetro evidentemente fundamental, a durabilidade passa ser ainda mais relevante e trazida de forma presente e detalhada, para este palco decisório. 
Em termos de conceito, ao longo de toda a vida útil, há muito o que se evoluir também em relação à circularidade, que vai desde a adoção de agregados reciclados no concreto ao reuso dos elementos pré-fabricadas de concreto ou a mudança do uso de uma edificação.
Em se tratando do ciclo de vida, inventários, “road maps”, ou seja, ferramentas que trarão dados e informações a respeito das Declarações Ambientais de Produto (DAPs) ou em inglês EPDS (Enviromental Products Declarations), existem muitas iniciativas de diferentes organizações sendo tomadas, algumas relevantes e que trarão importantes contribuições, mas também muito “Greenwashing”, fazendo com que algumas soluções pareçam mais sustentáveis do que realmente são. Podemos estabelecer uma correlação com as “fake news”. 
Isso significa que, em todas as situações, teremos sempre muitas informações e o que irá nos diferenciar como profissionais será nossa capacidade de avaliar e tomar as decisões corretas, inclusive no uso das ferramentas e dados. Por isso, a nossa capacitação se torna cada vez mais importante. Para que possamos vigiar e sermos assertivos, precisamos estudar, conhecer os conceitos e nos aprofundar neste tema.

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