DE OLHO NO SETOR
O desenvolvimento de disciplinas sobre o sistema construtivo nas mais importantes universidades de engenharia e arquitetura do país tem sido fundamental para disseminar o conhecimento sobre a forma de projetar e construir com o pré-fabricado, aperfeiçoando a formação dos profissionais brasileiros. A Abcic tem apoiado e promovido praticamente todas as iniciativas
“Alguns alunos chegam com a ideia de que basta saber concreto armado para projetar e executar pré-moldados de concreto. Ao final dos meus cursos, os alunos percebem que a pré-fabricação de fato merece ser estudada em uma disciplina específica tendo em vista a quantidade de conhecimentos novos. Na pós-graduação, muitas das minhas pesquisas são desenvolvidas em parceria com empresas de pré-moldados de concreto. Os alunos gostam de ir às fábricas de pré-moldados e de realizar ensaios em elementos estruturais em nosso laboratório na UFG. Já tivemos um caso de um aluno que se deslocou até o interior de São Paulo, próximo à cidade de Franca, para montar os elementos estruturais, que depois foram transportados até nosso laboratório em Goiânia para serem ensaiados”, conta Araújo.
Em suas aulas, Araújo deixa claro que um bom projeto de estruturas pré-fabricadas começa com o projeto de arquitetura, que deve ser pensado para esse sistema construtivo e trata das especificidades do sistema construtivo, como os principais modelos para o dimensionamento de ligações entre elementos. “O auge é quando ensino sobre as ligações semirrígidas, como elas afetam o projeto das edificações pré-moldadas de múltiplos pavimentos e como esses conceitos foram incorporados em softwares de projeto disponíveis atualmente no mercado. Em várias oportunidades os alunos me relataram já terem tido contato com esses softwares em escritórios de projeto e como eles não entendiam os conceitos que estavam por trás do desenvolvimento desses programas. Então, acredito ser importante ter, pelo menos, uma disciplina específica sobre estruturas pré-moldadas de concreto no currículo dos cursos de graduação em engenharia civil”, explica.
Prof. Alex Alves - Insituto IDD/ Protendit
“A troca de conhecimento e experiências entre a teoria acadêmica e a prática profissional é muito valiosa e contribui significativamente para o aprendizado de todos os envolvidos.”
No seu retorno à UFG, em 2002, Araújo deu início à linha de pesquisas sobre estruturas pré-moldadas na universidade. Ao longo dos últimos quase vinte anos, orientou vários trabalhos de mestrado e doutorado na UFG, além de coorientar alguns trabalhos de doutorado na UFSCar e na EESC/USP, versando, principalmente, sobre lajes alveolares pré-fabricadas, ligações entre elementos pré-fabricados e estruturas mistas aço-concreto. Atualmente, ele coordena um grupo de pesquisa registrado no CNPq sobre ligações para estruturas pré-moldadas de concreto e para estruturas mistas aço-concreto. Nesse grupo de pesquisa, participam pesquisadores de várias universidades brasileiras (USP, UFSCar, UFRN e UFS) que desenvolvem pesquisa nessa área. São realizadas reuniões anuais, nos quais se discutem temas relacionados às ligações entre elementos pré-moldados. Também coordena um projeto de pesquisa financiado pelo CNPq visando estudar, especificamente, ligações para pontes rodoviárias confeccionadas com elementos pré-fabricados. A ideia é difundir o sistema ABC (Accelerated Bridge Construction) para a construção de pontes.
À época do seu retorno, Araújo recorda que praticamente não existiam empresas de pré-moldados na região. “Então, acredito que as disciplinas oferecidas na UFG sobre pré-moldados de concreto podem, de alguma forma, ter contribuído com o desenvolvimento desse setor”, pontuou. Atualmente, seus alunos da graduação e da pós-graduação trabalham e são responsáveis por setores importantes em indústrias de pré-moldados de concreto no estado de Goiás. “O setor conta, agora, com algumas empresas de grande porte, e muitos de seus engenheiros são ex-alunos nossos”.
Região Sul
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) implementou um novo projeto pedagógico no curso de graduação em Engenharia Civil, que passou a contemplar novas disciplinas e temas de estudos, entre elas, duas disciplinas não obrigatórias na área de industrialização da construção para abordar os aspectos de projeto, de produção e montagem. O BIM e o tema de sustentabilidade também passaram a fazer parte da grade curricular, dentre outros.