Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 19 - julho de 2020

DE OLHO NO SETOR

Visão sistêmica será fundamental para o avanço da industrialização

Debate promovido pelo CTE defendeu união entres todos os elos da cadeia da construção ligados ao ramo imobiliário para, dentro de novos modelos de negócios, ampliar o uso de pré-fabricado de concreto nesse segmento de mercado

Debate: Renato Genioli (Sinduscon-SP), Franco Domênico (MRV), Maurício Silveira Martins (Gerdau), Íria Doniak (Abcic), Cassiano Canteiro (CEF) e Roberto de Souza (CTE)

“Minha leitura das razões deste hiato entre pré-fabricadores e o setor imobiliário, em especial em edifícios residenciais, se deve ao fato de estarmos no Brasil sujeitos a políticas que não exigiam este desenvolvimento, como exemplo poderíamos citar o próprio sistema de financiamento, mas estamos numa fase em que os modelos de negócios estão mudando e de uma forma muito rápida. Nesse contexto, a indústria tem muito a aportar e entender qual é  a necessidade deste cliente em especial”, acrescentou Íria. A seu ver, quando havia num cenário de financiamento de juros altos e de 36 meses, o construtor não tinha mesmo interesse em industrializar e agilizar a entrega do seu empreendimento, pois o modelo de financiamento não combinava com a industrialização. “Então temos várias interfaces e questões que precisam ser consideradas”, avaliou. 
Sobre o momento, o presidente do CTE acrescentou que, além do fator lembrado por Íria, há também as boas perspectivas que se prenunciam para a economia e o setor imobiliário. “Estamos atualmente saindo de um cenário de crise econômica do país. Tanto no mercado imobiliário, quanto entre os fabricantes de pré-fabricados de concreto há um cenário que aponta para uma retomada do crescimento. E num cenário desse tipo há sempre a necessidade de industrialização. Então, é hora de mudança de paradigma de todos os envolvidos na cadeia da construção, com boas possibilidades de avanço”, observou. 

Modernização constante
No evento, Íria citou as várias iniciativas adotadas pela Abcic que demonstram os avanços já realizados em diversos contextos que, de certa forma, confirma a evolução da indústria. Entre outros pontos, relembrou que em relação a normalização, o setor já conta, desde 1985, com a ABNT NBR 9062 – Projeto e Produção de Estruturas Pré-moldadas de Concreto, que nasceu de um processo considerado inovador por todos os envolvidos no setor, norma que está atualizada tendo a sua última versão sido publicada em juntamente com a norma de painéis pré-moldados de concreto em 2017. 
Outras normas de produto são as de estacas e lajes alveolares, esta última ora em revisão. O avanço e a contínua atualização das normas têm alinhado cada vez mais aspectos fundamentais como as ligações e a estabilidade global com a verticalização das obras. Associado às normas técnicas, o setor atuou junto à revisão da recém lançada NR-18. “Segurança é fundamental desde a integridade estrutural tratada nas normas técnicas à segurança do trabalho e por isto também no ano passado lançamos o manual de Montagem, uma ferramenta fundamental para os canteiros de obras”, disse Íria, que citou ainda o selo de excelência e outras ações que podem ser acompanhadas pelo site da entidade.
Outra frente de modernização empreendida pela Abcic são a das Missões Técnicas, que foram iniciadas em 2008 e com as quais a entidade monitora com os fabricantes as tendências internacionais, visitando obras em diversos países do mundo e assim tomar contato com as mais inovadoras soluções no setor. “Estamos já na oitava missão e na do ano passado fomos para o Japão onde vistamos edifícios construídos com pré-fabricados e obras de infraestrutura”, informou Íria, enfatizando que lá a construção tem de seguir normas voltadas para que a obras resistam a terremotos, e a construção pré-fabricada tem tecnologia para isto. 
Um dos aspectos da Missão Técnica ao Japão que chamou bastante atenção dos empresários foi, segundo a presidente da ABCIC, conhecer mais sobre o UHPC – Ultra-High Performance Concrete. Para ela, o interesse por esse tipo de concreto se deve ao fato de que atualmente, segundo monitoramento feito pela FGV a pedido da ABCIC, 60% dos fabricantes de pré-fabricados associados da entidade já trabalham com concreto autoadensável e algumas já atuam pensando no uso do UHPC. “Para nós, o UHPC, que é a principal tendência para o futuro no que diz respeito a tecnologia de concreto, é vital, pois ele auxilia na redução do peso das estruturas, o que impactará de forma positiva na logística a medida em que se troca quantidade de concreto por desempenho podendo reduzir significativamente o peso dos elementos. ”, lembrou Íria. 
Por fim, Íria falou sobre a questão tributária que é diferente para os sistemas industrializados. Nesse campo, a associação atua por meio de um Grupo de Trabalho sobre Construção Industrializada, que é coordenado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). “Esperamos que agora, junto com a Reforma Tributária colocada em pauta pelo governo federal, consigamos solucionar a questão”, completou.

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