Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 19 - julho de 2020

DE OLHO NO SETOR

Visão sistêmica será fundamental para o avanço da industrialização

Debate promovido pelo CTE defendeu união entres todos os elos da cadeia da construção ligados ao ramo imobiliário para, dentro de novos modelos de negócios, ampliar o uso de pré-fabricado de concreto nesse segmento de mercado

Debates
O presidente do CTE divulgou um levantamento feito entre os associados, composta basicamente por empresas que atuam no mercado imobiliário, da Rede Construção Digital sobre uso de pré-fabricado de concreto. O resultado é que nada menos que 94% das 709 obras realizadas nos últimos três anos pelas empresas pesquisadas utilizaram pré-fabricado de concreto. Destas obras, 33% eram habitacionais; 25% comerciais; 17% hotéis e o restante distribuídas em outras áreas. Entre os fatores determinantes para o uso de pré-fabricado em edifícios foram citados: redução do prazo de execução das obras; melhoria da qualidade final; aumento da produtividade e redução dos desperdícios, entre outros. Este índice ao ser aberto apontou para o uso efetivo em estruturas ainda baixo, mas considerando o uso de elementos isolados como escadas, estacas, painéis, é possível perceber que paulatinamente há uma tendência de cada vez mais industrializar o processo.

Da esquerda para direita: José Massucato (Intercement), Franco Domênico (MRV), Everaldo Ramalho (BN Engenharia), Roberto de Souza (CTE), Íria Doniak (Abcic), Felipe Cassol (Cassol), Renato Genioli (Sinduscon-SP), Cassiano Canteiro (CEF), Francisco Oggi (Empório Pré-Moldados)

Na primeira apresentação, feita pelo consultor e empresário Francisco Oggi, CEO da Empório Pré-Moldados, foi abordado o Panorama Internacional da Industrialização. O palestrante traçou um cenário histórico da evolução do pré-fabricado na Europa e de como está atualmente o mercado, enfatizando que uma forma de potencializar a industrialização é unir sistemas construtivos diferentes. “Precisamos articular todos os fornecedores da cadeia para estimular e fortalecer a industrialização”, defendeu Oggi, que também detalhou algumas inovações feitas no exterior como os edifícios montados a partir de um núcleo central pré-fabricado já com escadas e a caixa do elevador, que acelera a obra.
Na sequência, o engenheiro Everaldo Ramalho, Diretor Técnico da BN Engenharia detalhou aspectos do Parque Global, um empreendimento que está sendo lançado neste semestre, na zona Sul de São Paulo, e que será composto de cinco torres residenciais, um shopping, hospitais, hotéis e conjuntos de escritórios. “Nas cinco torres residenciais, que serão as primeiras a ser construídas, utilizaremos fachadas pré-fabricadas de concreto em razão da redução de tempo de obra, da qualidade superior permitida por esse tipo de solução, além de gerar menos resíduos e garantir segurança no ambiente de trabalho”, comentou Ramalho. “Nossa briga é para industrializar o máximo possível no canteiro”, concluiu.
Em seguida foi feita uma exposição relatando um case do uso de pré-fabricado num projeto para a Escola Carandá Vivavida, localizada na zona Sul paulistana. Elaborado pelo escritório KV Arquitetos Associados, o projeto prevê a construção de um edifício de quatro pavimentos num total de 10.500 m2 com uso de estruturas pré-fabricada de concreto. “A elaboração do projeto demandou uma série de reuniões e ajustes que envolveu, além do nosso escritório, os gestores da escola e os fornecedores. Nesse processo, o fabricante de pré-fabricado atuou de forma bem parceira, sentando-se junto com a gente para detalhar e ajustar o projeto”, informou Liliana Sá, arquiteta da KV. 
Na palestra principal do evento, A Indústria de Pré-fabricados de Concreto Impulsionando a Industrialização das Obras Imobiliárias, Felipe Cassol, diretor da Cassol Pré-fabricados, trouxe a visão de uma das empresas do setor. Após um breve descritivo da trajetória da empresa, que atua com pré-fabricado de concreto desde 1976, Cassol abordou as dificuldades que uma empresa deste porte tem para atuar no ramo imobiliário. “Normalmente, as construtoras e incorporadoras imobiliárias já possuem seus projetos bem definidos e o pré-fabricador não conseguem atuar conforme seria o ideal, pois para fornecer pré-fabricado o melhor é participar desde a concepção do projeto. Se isso não acontece não conseguimos viabilizar nem técnica e nem financeiramente nossa presença na obra”, afirmou. 
O palestrante destacou a importância de um evento como o promovido pelo CTE e agradeceu por ter participado. Entende que o momento atual da construção e do pré-fabricado de concreto no Brasil é ideal para esse tipo de debate. “Essa é uma oportunidade ímpar, pois tenho a impressão de que todos os elos da cadeia da construção estão propícios a ouvir os argumentos do outro lado e isso pode beneficiar todos que querem ampliar o percentual de industrialização da construção civil brasileira. Temos de pensar uma forma de o pré-fabricado ser mais protagonista nos projetos”, concluiu Cassol. 
Antes do encerramento, o Diretor de Desenvolvimento Técnico da Intercement, Carlos José Massucato traçou um panorama sobre a Nova Visão da Indústria do Cimento sobre a Industrialização da Construção. Após apresentar alguns indicadores da indústria cimenteira e discorrer sobre a visão particular da Intercement sobre o tema, Massucato afirmou que o momento é propício para industrialização. 
Além dos palestrantes e dos organizadores também participaram da mesa redonda que encerrou o evento: Maurício Silveira Martins, da área de Marketing Construção Civil da Gerdau; Franco Domênico, Diretor da MRV; Cassiano Canteiro, diretor da Caixa Econômica Federal; e Renato Genioli, Coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sinduscon-SP. 

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