Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 10 - abril de 2017

DE OLHO NO SETOR

Workshop Cantechis: industrialização contribui para melhorar a sustentabilidade e a segurança nos canteiros de obras

Evento foi promovido na sede do Sinduscon-SP e contou com a apresentação das quatro universidades brasileiras, que atenderam chamada pública do Ministério da Ciência e Tecnologia para iniciar o projeto em 2011, que contou com o apoio decisivo da Abcic e da Cbic

Mesa de abertura: Carlos Eduardo Sartor (FINEP), Francisco Ferreira Cardoso (USP), Francisco A. de Vasconcellos Neto (Sinduscon/SP), Sheyla Mara Baptista Serra (UFSCar) e Jorge Batlouni Neto (Sinduscon/SP)


Os desafios enfrentados nos canteiros de obras em empreendimentos de habitação de interesse social no que tange à sustentabilidade ambiental, às condições de trabalho e à segurança podem ser minimizados com a industrialização. Essa foi uma das principais conclusões do Workshop Cantechis, realizado na sede do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), no dia 22 de fevereiro, que contou com a presença da ABCIC, representada por meio da participação no debate final da engenheira Íria Doniak, presidente executiva da entidade.  
O Cantechis foi criado para desenvolver um estudo e propor soluções em cinco aspectos importantes no canteiro de obras em habitações de interesse social, por meio da participação de quatro universidades e coordenação da professora Sheyla Mara Baptista Serra, da UFSCar, que apresentou a palestra Instalações Provisórias de Canteiro de Obras com Soluções Tecnológicas Sustentáveis, com professor Racine Tadeu Araujo Prado, da USP. (vide box na pág. 36). 
“Não vejo como nosso setor possa reagir às demandas hoje presentes, que não seja por meio do uso intensivo da tecnologia e da industrialização”, comentou Francisco A. de Vasconcellos Neto, vice-presidente do Sinduscon-SP. “Quando pensamos no grande volume da produção e na complexidade de nossa atividade, a promoção de uma industrialização mais radical, baseada em dados, em análises de causas e naquilo que melhor se adapta ao consumidor brasileiro e, também, em cada região do país, representaria uma grande mudança”, acrescentou.
Vasconcellos Neto participou do debate após a realização de três painéis: o Diagnóstico das Principais Necessidades Tecnológicas em Canteiros de Obras, ministrado pela professora Dayana Bastos Costa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Emissão de Material Particulado nas Vizinhanças de Canteiros, proferida pelo professor Francisco Ferreira Cardoso, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), e Tecnologias de Execução para Melhoria das Condições de Trabalho e Redução de Resíduos, apresentadas pelos professores Carlos Torres Formoso, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e José Carlos Paliari, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ele disse que a qualidade dos trabalhos apresentados mostra que o setor da construção está caminhando na direção correta, que há condições de o Brasil ampliar a sustentabilidade nos canteiros de obras. 
Jorge Batlouni Neto, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, ressaltou a importância da discussão sobre o meio ambiente e a segurança na área da construção. “Todo esse arcabouço que será gerado pela rede vai resultar em muitas informações para que as construtoras possam compreender os desafios e as soluções”.
Para a Íria, seria importante que houvesse a continuidade dessa rede. “É de fundamental importância que esse projeto siga em frente, a partir de algumas conclusões obtidas neste evento, como por exemplo, a questão da inovação sempre agregar novas tecnologias para melhorar a qualidade, segurança, sustentabilidade e produtividade no canteiro de obras”. 
Batlouni Neto enfatizou a questão da industrialização ao falar sobre a necessidade de baixar a emissão de material particulado e ruído pelas obras. “A solução de industrializar as fachadas das edificações seria uma mudança na tecnologia de execução e pode ser muito bem-vinda”, disse.
O professor Francisco Ferreira Cardoso, da USP, endossou a opinião de Batlouni Neto ao avaliar que a industrialização contribui para a diminuição da emissão de material particulado (MP) em dois aspectos, tanto na fábrica como no canteiro de obras. “A produção do pré-fabricado de concreto ocorre na fábrica. Então, se houver atividades, no momento da operação, é possível mais facilmente associar os equipamentos com máquinas de sucção, filtros e armazenamento que evitem que o MP contamine o ambiente de trabalho e cause prejuízos ao trabalhador”, explicou. 
Já no canteiro de obras, Cardoso afirmou que na forma tradicional de construção, mexe-se com areia, com o cimento e com a cal, e há ainda atividades de serragem e perfuração, o que gera, naturalmente, material particulado. “Assim, ao trocá-la pelo pré-moldado de concreto, evidentemente, diminui-se a produção de MP no local, reduzindo também o impacto no entorno da obra e para o trabalho”, analisou o professor que, em sua apresentação mostrou os impactos da emissão de MP para que possam ser implementadas medidas para conter essas emissões.

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