Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 12 - dezembro de 2017

DE OLHO NO SETOR

Workshop reuniu especialistas do Brasil e do exterior para debater o Código Modelo da fib 

Evento destacou a participação do país e da América Latina para a elaboração do MC 2020 bem como trouxe informações atualizadas a respeito de tecnologias, inovações e processos utilizados em estruturas de concreto no mundo


ABECE e ABCIC recebem integrantes da fib e da América Latina para realização do Workshop MC2020


Na sequência, Harald Müller, falou sobre os avanços do novo Código Modelo para o Concreto Estrutural. “O evento realizado no Brasil é muito importante para a elaboração do MC 2020, pois possibilitará uma visão geral sobre o uso de concreto, que está diretamente relacionado com o crescimento econômico. Precisamos usar o concreto de uma forma sustentável e o MC 2020 vai abordar esse aspecto, principalmente em relação às estruturas já existentes”, disse. “Entendo que nos países em desenvolvimento exista mais campo para a reabilitação de estruturas. Nesse aspecto, é preciso estar atento para o uso de aditivos para a necessária mudança da composição desse novo concreto. O chamado eco concreto deverá possuir uma quantia reduzida de cimento, mas mantendo a mesma resistência e durabilidade. A abordagem deverá ser mais holística e envolver segurança, sustentabilidade, ciclo de vida da construção, entre outros aspectos”. 
Aurélio Muttoni trouxe informações acerca das disposições para força cortante e punção e as necessidades de melhorias no Código Modelo. Ele reconheceu que o trabalho começado ainda se estenderá por algum tempo e deve impactar positivamente a engenharia nacional no futuro: “A fib olha para os problemas que existem no Brasil e procura identificar quais os desafios que deverão ser resolvidos nas próximas gerações do Código”, analisou.  
As duas apresentações seguintes ficaram a cargo de Stucchi, que comentou sobre a participação brasileira para a elaboração do Código Modelo, e de Inês Battagin, superintendente do CB-18 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. “O público que participou é bastante expressivo e altamente qualificado. Para a engenharia nacional foi uma oportunidade impar por termos conseguido, com muito esforço das entidades envolvidas, reunir as pessoas e fortalecer as áreas técnicas das empresas, com apresentações de qualidade que acrescentam conteúdo técnico à nossa atividade. É toda uma nova estrutura de conhecimento aproximando a nossa engenharia do que há de melhor em várias partes do mundo. Novas possibilidades se abrem aos profissionais. Não se trata apenas de participar de um workshop, é uma coisa muito maior.Creio que esse evento ainda trará frutos muito maiores para o setor”, resumiu.  


América Latina
O Workshop contou com a participação de dois profissionais da América do Sul: os professores Antonio Dieste Friedham, da Escola de Engenharia da Universidade de República do Uruguai, e Carlos Videla, da Escola de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Chile, que falaram sobre as perspectivas latino-americanas no segmento do concreto. 
Dieste abriu a discussão, abordando os silos de concreto usados no armazenamento de grãos em países como Argentina, Brasil e Uruguai. Seu argumento relacionou a conservação deficiente de tais estruturas com dificuldades no escoamento da produção agrícola. Citou, por exemplo, rachaduras e outras patologias em paredes de silos provocadas pelo armazenamento de sacos de grãos empilhados.
O especialista uruguaio lembrou que o problema deve ser solucionado com rapidez, pois a demanda mundial por grãos cresce em ritmo acelerado. Defendeu também que, no caso de grandes exportadores de alimentos agrícolas, como Brasil e Argentina, referências normativas contemplando silos trariam grandes benefícios para estruturas existentes e em fase de projeto, ajudando a corrigir o déficit entre capacidade de produção e de estocagem característico dos dois países sul-americanos. Durante a palestra, o professor da faculdade do Uruguai citou fórmulas para o cálculo da pressão exercida por grãos armazenados em silos. As expressões foram desenvolvidas recentemente por profissionais da Imperial College London, universidade inglesa. Lembrou ainda a importância da troca de informações entre diferentes países e da existência de entidades como a fib, que favorecem esse intercâmbio.
Já Carlos Videla avaliou que a experiência sul-americana tem muito a contribuir com o Código Modelo fib, principalmente na questão de sismos. O professor focou no caso do terremoto ocorrido em fevereiro de 2010 no Chile, ocasião em que foram gastos cerca de 30 bilhões de dólares na reconstrução de edifícios. Estima-se que 50% dos prédios interditados após a catástrofe apresentaram classificação inadequada do tipo de solo; já a metade dos casos de edifícios que desenvolveram rachaduras e patologias foi causada por erros nas fases de projeto e construção.
Entretanto, o Chile também é exemplo no emprego de tecnologias eficientes de resistência aos abalos sísmicos. Uma estrutura que não sofreu danos do terremoto de 2010 foi o Titanium Tower, localizada na capital Santiago. O arranha-céu de 52 andares foi construído entre 2006 e 2010, conta com 45 dispositivos de dissipação de energia e foi erguido sobre estrutura mista de concreto armado e aço. "O trabalho das grandes entidades em países latino-americanos permite que os nossos problemas sejam conhecidos por profissionais da Europa e que se passe a buscar soluções em conjunto. Isso é importante, pois em muitos lugares da América latina há pouco incentivo de pesquisa por parte dos governos. Por outro lado, Estados Unidos e Europa são muito receptivos em relação à nossa tecnologia. É assim, por exemplo, com a consideração de sismos em projetos, ponto em que estamos mais avançados que eles, uma vez que temos situações extremas em nosso continente", apontou.  
Para Stucchi, a palestra de Videla sobre os efeitos dos terremotos nas estruturas chilenas é um marco importante para juntar vários países da América Latina em torno de uma participação mais efetiva do continente na fib. “Entendo que o evento atendeu muito bem as nossas expectativas, mas acredito que sua realização é apenas um começo. Temos de levar as nossas propostas para lá, de acordo com a nossa realidade e trazer deles o que nós necessitamos. Uma coisa que ficou clara é que temos de olhar o que eles estão fazendo na Europa e adaptar à nossa realidade. Com toda certeza, foi muito importante a realização do workshop no Brasil. Prova disso é que tivemos a participação de mais de 150 pessoas, apesar da nossa crise interna”, disse. 

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