Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 12 - dezembro de 2017

DE OLHO NO SETOR

Workshop reuniu especialistas do Brasil e do exterior para debater o Código Modelo da fib 

Evento destacou a participação do país e da América Latina para a elaboração do MC 2020 bem como trouxe informações atualizadas a respeito de tecnologias, inovações e processos utilizados em estruturas de concreto no mundo


Sismos, ciclo de vida e sustentabilidade
Continuando a abordagem de sismos, o professor Giuseppe Mancini, da Escola Politécnica de Turim, lembrou o principal objetivo do Código Modelo 2020, oferecer uma norma clara, que possa ser usada em estruturas existentes e novas. “Ao contemplar o risco sísmico, os projetos devem levar em conta três variáveis: grau de perigo, definido pela força do terremoto e características do solo; vulnerabilidade, análise do comportamento da estrutura em situação de abalo sísmico e exposição, que classifica perdas em potencial de acordo com o tipo de edifício e quantidade de pessoas que o frequentam”.
Na visão de Mancini, algo já abordado no Código Modelo 2010 e que deve perdurar na versão de 2020 é a classificação de edifícios levando em consideração os estados limites das estruturas. São quatro categorias: Operacional, Uso Imediato, Segurança à Vida e Próximo de Colapso. “Novos estudos experimentais sobre estabilidade global das estruturas devem ser incorporados e usados no aperfeiçoamento da classificação dos estados limites e em outros pontos do texto normativo”.
Algo muito importante para a formulação do novo Código Modelo é observar como as construções de concreto se comportam ao longo do tempo. Foi esse o ponto de vista defendido pelo professor György Balázs, presidente honorário da fib e especialista em controle de fissuração. “A preservação de estruturas existentes deve sempre contemplar a identificação de rachaduras e o monitoramento de tais imperfeições, porque é possível que evoluam até se tornarem patologias sérias”, explicou. Mesmo quando pequenas, alertou Balázs, as fissuras permitem infiltração d’água, entre outros problemas, comprometendo a segurança de edifícios.  
No Código Modelo 2010, o controle de fissuração já era um assunto abundante; entretanto, Balázs revela que as expressões desta norma subestimavam levemente a largura das fissuras. Já o Eurocode 2 superestimava os mesmos valores. “Um dos objetivos do CM 2020 é, portanto, aprimorar as expressões referentes ao controle das rachaduras. Outras questões, como tipos de tensão e espaçamento de fissuras, também foram avaliadas”, detalhou Balázs. Outro ponto que está sendo aprofundado é referente ao comportamento de fissuras em concreto reforçado com fibras, material de maior vida útil, mas que não está livre do problema de fissuras.
Uma questão que estará presente no Código Modelo 2020 é a sustentabilidade. O responsável por trazer a discussão sobre esse ponto durante o Workshop foi o engenheiro Akio Kasuga, diretor de tecnologia da Sumitomo Mitsui Construction. “Apesar do desenvolvimento tecnológico, que permite a elaboração de edifícios desafiadores, projetistas de estruturas devem priorizar projetos simples, tendo em vista a funcionalidade de um eficiente fluxo de forças desempenhado pela estrutura”, destacou.
 Kasuga acredita que sustentabilidade em engenharia estrutural significa levar em conta aspectos sociais como, por exemplo, o desenvolvimento de estruturas com fácil acesso para manutenção; aspectos econômicos, que são traduzidos na racionalização do processo construtivo e também aspectos ambientais, priorizando projetos de edifícios pouco agressivos ao meio ambiente. Kasuga concluiu com a ideia de que simplificar projetos não implica em design monótono, mas deve servir como estímulo à inovação de conceitos arquitetônicos e estruturais.
 Coube ao professor Paulo Helene, da Universidade de São Paulo, comentar aspectos relacionados as estruturas existentes no Brasil. Helene recordou que muitos prédios da capital paulista foram erguidos numa época em que vigoravam poucas normas. “Cabe aos engenheiros da atualidade, portanto, incorporar novos cuidados às velhas estruturas em trabalhos como os de retrofit”, disse. O professor levou ao público detalhes de um trabalho deste tipo executado por ele; na ocasião, aspectos de resistência ao fogo foram aplicados em uma estrutura construída no final dos anos 50
Para a realização do projeto de retrofit foram usadas indicações da NBR 6118:2003 Projeto de estruturas de concreto - Procedimento, mas o sistema de estruturas original foi mantido. Helene destacou positivamente a abordagem desta norma, que reserva espaço considerável para propriedade e comportamento dos materiais. Outros capítulos da norma brasileira são dedicados a durabilidade da estrutura de concreto e estudos de estado limite. Tal abordagem, segundo o professor da USP, pode contribuir muito para a formulação do novo Código Modelo 2020 fib, assim como as experiências estrangeiras devem ser levadas em conta nas normas nacionais. A realização do Workshop Modelo fib (MC 2020) contou com o apoio das seguintes entidades: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas; ABPE - Associação Brasileira de Pontes e Estruturas; ALCONPAT BR-Associação Brasileira de Patologia das Construções; ANIPPAC - Asociación Nacional de Industriales del Presfuerzo y la Prefabricacion A.C – México; ABNT/CB-018 Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados; IBRACON - Instituto Brasileiro do Concreto; LAT-RILEM – Rede Latino-Americana de Pesquisa em Cimento; NETPRE - Núcleo de Estudos e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto; UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos e POLI/USP - Escola Politécnica da USP.   

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